Os fetos pedem piedade: deixe-me viver
O que dantes fora uma loucura inexplicável ora se concerne em lógica aceitável pela luz da razão. Oferta divina que nos convida a uma posição moral e intelectual mais elevada. Acredito que o primeiro passo para aceitar esse convite seja analisar os argumentos científicos contra o aborto buscando descobrir o verdadeiro significado do zigoto ou da célula-ovo sob a égide iluminada das Ciências da Vida. Berço que carrega bilhões de anos de evolução que atestam nossa herança.
Retiramos do opúsculo intitulado "A vida contra o aborto" da Associação Médico Espírita do Brasil – AME: "É o feto inteiramente dependente do organismo materno?
Os defensores do aborto ressaltam a autonomia da mulher, defendendo um pseudodireito de escolher quanto à interrupção da gestação. Para estes o feto não teria personalidade e estaria em total dependência do organismo materno.
Esses argumentos são contestados pela pesquisa científica. Claude Sureau, professor emérito da universidade paris V, questiona esse pseudodireito soberano, que se pretende conferir à mãe, de decidir sobre a vida do filho em gestação, atribuindo a ela toda "competência" e "autonomia" sem levar em consideração um outro direito primordial, inerente a todo ser humano, o da "indisponibilidade" da vida.
Estudos científicos demonstram que há uma individualidade embriofetal muito nítida, tanto imunológica quanto psicológica, que pode ser acompanhada, desde muito cedo, por meio da ultra-sonografia. Na realidade, há até mesmo um conflito de interesses materno-fetais, o que prova a personalidade distinta do feto. Por ser um corpo estranho no organismo materno, ele tem de lutar para manter-se vivo, para não ser rejeitado.
Estudos recentes realizado pela equipe do prof. Andrew L. Mellor, do Medical College, Geórgia, EUA, publicado na conceituada revista Nature (27/08/98), mostrou que há um mecanismo bioquímico de defesa do feto que procura driblar o da mãe. Ele produzira uma enzima, a IDO, que procuraria neutralizar a ação do triptofano, aminoácido responsável pela produção de células de defesa tipo T do organismo materno.
Esta pesquisa coloca em xeque, portanto, o argumento de que a mulher grávida tem o direito de decidir se o embrião deve viver ou morrer, porque este não seria um ser à parte, não teria personalidade própria. Tanto a possui que ele é detentor de um patrimônio genético exclusivo. E, desde o período inicial da gestação, extravasa a sua inteligência através da capacidade de autogerir-se mentalmente; de adaptar-se e adequar-se a situações novas; de selecionar condições e aproveitar experiência, empregando aprendizado e memória. Tem, portanto, inteligência, própria. E podendo afirmar, com base na pesquisa, que é tão distinto da mãe que necessita produzir substâncias apropriadas para poder manter-se vivo, dentro do útero, fugindo do perigo de ser eliminado pelo sistema imunológico da hospedeira. E o mais interessante é que o organismo materno aceita a defesa do hóspede, concordando, tacitamente, com a gestação.
Esta luta do embrião para sobreviver dá-lhe o status de pessoa e demonstra que ele apenas se hospeda no organismo materno. A propalada autonomia da mãe, o seu direito de decidir, não se sustenta, portanto.
Mas há ainda muito mais certezas, quanto à verdadeira natureza do embrião, quando estudamos os novos aportes e derradeiras descobertas da ciência no campo da memória e do psiquismo fetal.
O que nos leva a seguinte pergunta:
O feto possui uma psique própria?"
Sob a luz da razão, responderemos a essa questão, em nosso próximo encontro.
Fátima Frota Pedagoga
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