A GRANDE ILUSÃO
A despenalização do aborto voltou à ordem do dia.
É a mais deprimente manobra de diversão promovida pelo PS para afastar as atenções dos verdadeiros problemas do País. Dos riscos que corremos com este Governo e em que não querem que pensemos. Minimamente.
Este Governo, se o pretendesse e estivesse convencido das suas razões e tivesse a coragem que apregoa, já o poderia ter resolvido há muito tempo. Mas isso não lhe convém. Não é resolver o problema que lhe interessa. É pôr a arder uma enorme fogueira que faça esquecer outros fogos bem mais perigosos que nos ameaçam. Sócrates sabe que a problemática do aborto, desde que bem gerida, tem um potencial de atracção e diversão, quase igual à do futebol. Há tanta paixão e irracionalidade na discussão da problemática do aborto como na discussão dos casos de arbitragem de um Benfica-Sporting.
Não é resolver um problema que Sócrates deseja.
E é o desencadear dessas paixões que já vemos por aí a pulsar que ele pretende. E que a fogueira arda por muito tempo. Porque enquanto arde esta fogueira pode até arder o País sem ninguém se aperceber, mas não arderá o Governo.
E, além do mais, é uma discussão em que ninguém cede.
Uns por razões religiosas. Outros por razões éticas. Outros por razões biológicas. Outros por razões médicas. E outros ainda animados de um salutar pragmatismo.
Porque, se virmos bem, estamos todos de acordo. Todos concordamos que a vida é um valor superior. E que todos temos a obrigação de a proteger.
Todos concordamos que não há descontinuidade no processo de transmissão da vida. Todos concordamos que um aborto é sempre um mal. Mesmo quando é o mal menor. Todos concordamos que há situações limite em que qualquer mulher deve poder abortar sem ser importunada.
Todos sabemos que, com ou sem penalização, muitos abortos continuarão a ser feitos. Uns com mais segurança. Outros com menos . Mas nenhum deixará de ser feito.
É dentro das cabeças as pessoas que terá de se dar a grande transformação.
Todos sabemos que em última instância a decisão será sempre da mulher.
Todos sabemos (embora muitos finjam ignorá-lo) que a problemática do aborto é muito anterior ao momento de uma mera gravidez indesejada.
Aquilo de que nos estamos a esquecer é que a discussão, nas suas múltiplas vertentes teóricas, não passa de uma manobra de diversão, promovida por quem se está perfeitamente nas tintas para o resultado do referendo.
É por isso que a intenção de Sócrates é que a discussão se eternize.
Já alguém pensou como é esquisito que o PS (Governo) dê tanto valor à problemática da despenalização do aborto que a queira referendar, e se esteja completamente nas tintas para saber o que pensamos de todas as outras questões que nos atormentam?
Já alguém se perguntou porque está, por exemplo, o Governo a destruir paulatinamente um bem essencial como o Serviço Nacional de Saúde e nunca perguntou a ninguém se era esse o nosso desejo? É este o seu critério referendário!
José M. dos Santos, Correio da Manhã, 03-11-2006
[Demokrata]
É a mais deprimente manobra de diversão promovida pelo PS para afastar as atenções dos verdadeiros problemas do País. Dos riscos que corremos com este Governo e em que não querem que pensemos. Minimamente.
Este Governo, se o pretendesse e estivesse convencido das suas razões e tivesse a coragem que apregoa, já o poderia ter resolvido há muito tempo. Mas isso não lhe convém. Não é resolver o problema que lhe interessa. É pôr a arder uma enorme fogueira que faça esquecer outros fogos bem mais perigosos que nos ameaçam. Sócrates sabe que a problemática do aborto, desde que bem gerida, tem um potencial de atracção e diversão, quase igual à do futebol. Há tanta paixão e irracionalidade na discussão da problemática do aborto como na discussão dos casos de arbitragem de um Benfica-Sporting.
Não é resolver um problema que Sócrates deseja.
E é o desencadear dessas paixões que já vemos por aí a pulsar que ele pretende. E que a fogueira arda por muito tempo. Porque enquanto arde esta fogueira pode até arder o País sem ninguém se aperceber, mas não arderá o Governo.
E, além do mais, é uma discussão em que ninguém cede.
Uns por razões religiosas. Outros por razões éticas. Outros por razões biológicas. Outros por razões médicas. E outros ainda animados de um salutar pragmatismo.
Porque, se virmos bem, estamos todos de acordo. Todos concordamos que a vida é um valor superior. E que todos temos a obrigação de a proteger.
Todos concordamos que não há descontinuidade no processo de transmissão da vida. Todos concordamos que um aborto é sempre um mal. Mesmo quando é o mal menor. Todos concordamos que há situações limite em que qualquer mulher deve poder abortar sem ser importunada.
Todos sabemos que, com ou sem penalização, muitos abortos continuarão a ser feitos. Uns com mais segurança. Outros com menos . Mas nenhum deixará de ser feito.
É dentro das cabeças as pessoas que terá de se dar a grande transformação.
Todos sabemos que em última instância a decisão será sempre da mulher.
Todos sabemos (embora muitos finjam ignorá-lo) que a problemática do aborto é muito anterior ao momento de uma mera gravidez indesejada.
Aquilo de que nos estamos a esquecer é que a discussão, nas suas múltiplas vertentes teóricas, não passa de uma manobra de diversão, promovida por quem se está perfeitamente nas tintas para o resultado do referendo.
É por isso que a intenção de Sócrates é que a discussão se eternize.
Já alguém pensou como é esquisito que o PS (Governo) dê tanto valor à problemática da despenalização do aborto que a queira referendar, e se esteja completamente nas tintas para saber o que pensamos de todas as outras questões que nos atormentam?
Já alguém se perguntou porque está, por exemplo, o Governo a destruir paulatinamente um bem essencial como o Serviço Nacional de Saúde e nunca perguntou a ninguém se era esse o nosso desejo? É este o seu critério referendário!
José M. dos Santos, Correio da Manhã, 03-11-2006
[Demokrata]
1 Comentários:
Apesar de ser pelo sim, não porque sou pela morte, mas porque os meus dias em que pensava que a utopia poderia ser já amanha já passaram, concordo com este texto. Algo que já poderia ter sido decidido arrasta-se desta maneira apenas devido a manobras de diversão refugiadas no politicamente correcto.
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