Paradoxos
A comunicação social francesa dos últimos dias tem dedicado grande atenção a um caso chocante de triplo infanticídio. Uma mulher de 38 anos e o respectivo marido foram presos em França depois de terem sido encontrados no congelador da sua residência na Coreia os cadáveres de duas crianças recém-nascidas. Feitas as primeiras diligências de investigação verificou-se que efectivamente os bébés eram filhos do casal, desfazendo a defesa deles que alegavam terem os corpos sido colocados nesse local durante a sua ausência em França.
Na sequência disso e dos interrogatórios efectuados a mulher veio a confessar que eram realmente seus filhos, e que os tinha estrangulado após o nascimento, em 2001 e 2003, tendo-os arrecadado no referido congelador. Acrescentou ainda que já anteriormente, em 1999, em França, tinha sido mãe de outra criança a que também tinha tirado a vida, neste caso tendo queimado o corpo. De acordo com as suas declarações terá feito tudo sozinha, sem que o marido tenha qualquer conhecimento dos factos, desde a gravidez ao parto e aos subsequentes infanticídios, o que parece difícil de acreditar.
A imprensa a que tive acesso exprime abundantemente o horror do caso, invulgarmente macabro e sinistro. Dá-se como certo que a detida vai apanhar prisão perpétua, lastima-se a falta da pena de morte, e especula-se sobre o que acontecerá ao marido, também detido mas por enquanto apenas indiciado por cumplicidade.
Eu compreendo o horror e a indignação perante factos que indubitavelmente ferem qualquer sensibilidade normal.
Mas não me é possível deixar de pensar: fosse ela mais célere e despachada... fosse ela mais decidida... para que os deixou nascer, para que esperou emboscada, assassinando-os depois? Podia ter tratado disso um pouco antes. Tivesse ela trucidado os mesmos três bébés uns tempos antes do instante mágico do nascimento, e atirado os restos desfeitos para o cano ou para o lixo, e as vozes que hoje se erguem indignadas contra ela estariam a levantar-se em coro contra a injustiça da perseguição a uma mulher que legitimamente exerceu os seus direitos sobre o seu corpo. Teria só compreensão e apoio onde agora encontra feroz condenação. Tendo em conta o que se ouve frequentemente por aí, o que se pode concluir do caso é que ela atrasou-se. Pode esse retardamento na execução justificar tamanha diferença de tratamento?
Na sequência disso e dos interrogatórios efectuados a mulher veio a confessar que eram realmente seus filhos, e que os tinha estrangulado após o nascimento, em 2001 e 2003, tendo-os arrecadado no referido congelador. Acrescentou ainda que já anteriormente, em 1999, em França, tinha sido mãe de outra criança a que também tinha tirado a vida, neste caso tendo queimado o corpo. De acordo com as suas declarações terá feito tudo sozinha, sem que o marido tenha qualquer conhecimento dos factos, desde a gravidez ao parto e aos subsequentes infanticídios, o que parece difícil de acreditar.
A imprensa a que tive acesso exprime abundantemente o horror do caso, invulgarmente macabro e sinistro. Dá-se como certo que a detida vai apanhar prisão perpétua, lastima-se a falta da pena de morte, e especula-se sobre o que acontecerá ao marido, também detido mas por enquanto apenas indiciado por cumplicidade.
Eu compreendo o horror e a indignação perante factos que indubitavelmente ferem qualquer sensibilidade normal.
Mas não me é possível deixar de pensar: fosse ela mais célere e despachada... fosse ela mais decidida... para que os deixou nascer, para que esperou emboscada, assassinando-os depois? Podia ter tratado disso um pouco antes. Tivesse ela trucidado os mesmos três bébés uns tempos antes do instante mágico do nascimento, e atirado os restos desfeitos para o cano ou para o lixo, e as vozes que hoje se erguem indignadas contra ela estariam a levantar-se em coro contra a injustiça da perseguição a uma mulher que legitimamente exerceu os seus direitos sobre o seu corpo. Teria só compreensão e apoio onde agora encontra feroz condenação. Tendo em conta o que se ouve frequentemente por aí, o que se pode concluir do caso é que ela atrasou-se. Pode esse retardamento na execução justificar tamanha diferença de tratamento?
2 Comentários:
Concordo plenamente! Sugiro que se alargue o prazo de "aborto" até algumas semanas após o nascimento, porque, na verdade, há mulheres que não têm consciência do que as espera ao terem um filho, e assim podiam "cancelar" a nova aquisição. Não faltará muito para vermos esta proposta... julgo eu!
Era uma ironia, mas já constatei que nos EUA aprova-se uma situação desse género. Encontrei em A Aldeia - http://aborto.aaldeia.net/infanticidionosusa.htm ! Onde é que vamos parar?
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