sábado, outubro 28, 2006

Convite

Convidam-se todos os defensores da liberalização total do aborto a pedido a apresentar um país - um só que seja...! - onde a despenalização tenha acabado com o aborto clandestino. Vá lá, só peço um, nada que se possa considerar em excesso...
Se, ao invés, não só não apresentarem nenhum como prosseguirem com os habituais insultos nas caixinhas de comentários... está tudo dito e respondido. Mas nesse caso, não me parece que subsista legitimidade para continuarem a invocar em vão o argumento do aborto clandestino em seu favor.

9 Comentários:

Anonymous Anónimo escreveu...

Curiosa observação, e algo contraditória, para quem defende a vida, considere que as mortes de mulheres por aborto clandestino não sejam crime.
O principal argumento e razão para se defender a legalização do aborto é precisamente para que este seja feito em condições de saúde pública, em segurança.
Está claro que na vossa argumentação que para vocês existem cidadãos de segunda, e cidadãos de primeira. Portanto, de acordo com o que tem sido escrito aqui, a mulher que engravida passa a ser um cidadão de 2ª, e quem é importante é o embrião, que nem personalidade jurídica tem. Quanto sexismo embutido na vossa argumentação. A maternidade não é a função da mulher. É se assim o decidir.

Outra coisa, não concordar convosco não é insultar-vos. Um pouco mais de tento no modo como respondem e escrevem posts aqui. Há quem cá venha para ser esclarecido. Se cada vez que é deixado uma opinião contrária à vossa é imediatamente insultado, não me parece que isso seja então uma maneira para percebermos os argumentos a favor e contra o aborto. Se nem as vossas ideias sabem esclarecer, defender ou retorquir por outras palavras, lamento, mas não cumprem a vossa função de chamar mais apoiantes para o vosso lado.

10/28/2006 04:26:00 da manhã  
Blogger Mendo Ramires escreveu...

Caríssima Laura:
Navegue tranquilamente pelo nosso blogue e esclareça-se com serenidade.
Bem-haja pela visita.
Boas leituras.

10/28/2006 04:32:00 da manhã  
Anonymous Anónimo escreveu...

O Sócrates acha que sim e já o disse várias vezes:

http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Politica/Interior.aspx?content_id=5212
"O primeiro-ministro diz que o fim dos abortos clandestinos irá reduzir o número de interrupções da gravidez."

http://jn.sapo.pt/2006/10/14/ultimas/S_crates_em_campanha_pelo_sim_.html
"O líder socialista e primeiro-ministro, José Sócrates, defendeu hoje o "sim" no referendo sobre a despenalização do aborto para acabar com (...) o aborto clandestino."

Temos um primeiro-ministro muito mal informado...

10/28/2006 10:08:00 da manhã  
Anonymous Anónimo escreveu...

Convidam-se todos os defensores da criminalização total do aborto a apresentar um país - um só que seja...! - onde a criminalização tenha acabado com o flagelo do aborto. Vá lá, só peço um, nada que se possa considerar em excesso...
Se, ao invés, não só não apresentarem nenhum como prosseguirem com os habituais argumentos desbocados e circulares... está tudo dito e respondido. Mas nesse caso, não me parece que subsista legitimidade para continuarem a afirmar que a vossa intenção não é mandar gente inocente para os tribunais, mas sim impedir que continuem a fazer-se abortos.

10/28/2006 11:58:00 da manhã  
Anonymous Anónimo escreveu...

Cara Laura,
As mortes de mulheres por aborto acontecem mesmo quando este não éclandestino. Sabia?
A suposta solução dos problemas dum ser humano não pode passar pela morte doutro ser humano. Esse é o erro que está na base de todas as guerras e de toda a violência. A mulher em dificuldade precisa de ajuda positiva para a sua situação. A morte do seu filho será um trauma físico e psicológico que em nada resolve os seus problemas de pobreza, desemprego, falta de informação. Para além disso, a proibição protege a mulher que muitas vezes é fortemente pressionada a abortar contra vontade pelo pai da criança e outros familiares, a quem pode responder que recusa fazer algo proibido por lei. Nos estudos que existem referentes aos países onde o aborto é legal, mais de metade das mulheres que abortaram afirmam que o fizeram obrigadas.

MAS TEM QUE SE ACABAR COM O ABORTO CLANDESTINO É verdade. Temos mesmo é que acabar com o aborto, que ninguém pense que precisa dele, mas a despenalização não ajuda em nada à sua abolição. Os números provam que em praticamente todos os países, após a despenalização, não só aumentou muito o aborto legal como não diminuiu o aborto clandestino, pois a lei não combate as suas causas (quem quer esconder a sua gravidez não a quer revelar no hospital, por exemplo). E às 10 semanas e meia regressa tudo à clandestinidade.

A diminuição do aborto passa por medidas reais e positivas de combate às suas causas, e não há melhor forma de ajudar o governo a demitir-se destas prioridades do que despenalizar o aborto.

O que importa é ajudar a ver as situações pelo lado positivo e da solidariedade, e não deixar que muitas mulheres se vejam desesperadamente sós em momentos extremamente difíceis das suas vidas. É preciso que elas saibam que há sempre uma saída que não passa pela morte de ninguém, e que há muitas instituições e pessoas de braços abertos para as ajudarem.

Uma mãe apanhada a roubar pão para um filho com fome não vai presa, precisa é de ajuda, e lá por isso ninguém diz que o roubo deve ser legalizado e feito com a ajuda da polícia. É importante que as pessoas saibam que matar um ser humano, dentro ou fora do ventre materno, é um crime, e por isso é, como todos os crimes, punível por lei. As penas têm um objectivo pedagógico (colaboração com instituições de solidariedade social, por exemplo), sendo a possibilidade de prisão, tal como no caso do crime de condução sem carta, considerado um último recurso.

O mais importante é ver quantas vidas uma lei salva.

Não há nenhuma mulher na cadeia há mais de 30 anos e são pouquíssimos os julgamentos (nos últimos 8 anos houve 4 ou 5, infelizmente usados pelos defensores do aborto para exporem essas mulheres ao trauma de TV). Há várias propostas de deputados de diferentes partidos e de associações pró-vida para que os processos sejam feitos de forma a proteger ainda mais a mulher sem dar cobertura aos médicos e parteiras que ganham a vida com a morte dos bebés e o sofrimento das mães.


Em suma, esta nova lei não é para proteger as mulheres da cadeia onde não estão nem virão a estar, mas para proteger os interesses económicos das clínicas privadas abortistas que estão prestes a abrir as portas em Portugal com grande apoio do Ministro da Saúde.


Fica a pergunta: porquê?!!!


Fica o meu contributo de esclarecimento

10/28/2006 02:28:00 da tarde  
Blogger �ltimo reduto escreveu...

"Outra coisa, não concordar convosco não é insultar-vos"

Tem razão, Laura. Nem eu alguma vez disse o contrário. Mas concordará que andam por aqui uns "clientes habituais" que já fazem com que para mim seja raro abrir as caixas de comentários. Peço desculpa, mas recuso-me a descer a esse nível. Não vai com o meu feitio.
A Laura, obviamente, espero que continue a aparecer por aqui e estou certo que será muito bem recebida.

"a mulher que engravida passa a ser um cidadão de 2ª, e quem é importante é o embrião"

Laura, não creio que possa inferir do que eu escrevi (neste e noutros postais) qualquer sexismo, muito pelo contrário - e note que só posso justificar o que eu escrevo. Exigi, isso sim, a responsabilização dos pais e da paternidade e de modo algum posso aceitar a liberalização do aborto, a pedido unilateral da mulher. Isto não é sexismo.
Como é evidente, creio que me fará a justiça de considerar que não vejo a mulher grávida como cidadã de segunda, bem pelo contrário. Ela é merecedora do apoio dos que lhe são próximos, parceiro, amigos e familiares, e se estes falham por qualquer razão, o Estado deve assumir a responsabilidade de incentivar, de dar sinais: ora, os sinais positivos não se dão fechando maternidades e legalizando o aborto.
Note ainda um último ponto: concedo que a maternidade possa não ser considerada por muitas mulheres uma "função" que lhes compete na vida. Tudo bem. Mas se é essa a convicção de uma determinada mulher, então o que essa mulher tem de fazer é assegurar-se de que tal não acontece. Depois de gerado o filho, a solução não será com toda a certeza eliminá-lo.
Cumprimentos.

10/28/2006 04:32:00 da tarde  
Blogger Pedro Almeida escreveu...

Espanha, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Austria, Luxemburgo...chega ?

10/28/2006 04:58:00 da tarde  
Anonymous Anónimo escreveu...

Pedro Almeida,

É mentira... Em Espanha aumentaram exponencialmente o número de abortos clandestinos, porque a lei espanhola É IGUAL À NOSSA ACTUAL LEI, cuja modificação estará em causa no referendo. Aumentaram porque não há nenhuma lei que faça com que uma mãe admita perante todos que quer matar o seu filho. Ao invés, há leis que permitem com que pais, namorados, companheiros etc OBRIGUEM CLANDESTINAMENTE mães a abortarem.

Confirme os números OFICIAIS.

Catarina

10/29/2006 02:08:00 da manhã  
Anonymous Anónimo escreveu...

Pedro,

Na sua esteira, devo dizer que para nós, a mãe não passa a ser um cidadão de segunda. Muito pelo contrário, a mãe é o início da nossa preocupação. É sobretudo pelas mães deste país que o que desejam é apoio para ter os seus filhos que promovemos uma cultura de vida.

E se, cara Laura, quer falar de personalidade jurídica do embrião eu proponho-me a escrever um post sobre este tema, dado que é a minha área de trabalho. O embrião não necessita de personalidade jurídica, porque esta é uma ficção legal para garantir às pessoas (que existem e são o que são, independentemente do estatuto que o Estado lhes confira - os judeus também não tinham personalidade jurídica no III Reich...) que possam ver tuteladas determinadas situações no comércio jurídico.

Por favor, ajuizemos a realidade com o cérebro e não repetindo os discuros políticos dos últimos anos...


Catarina
catarinamalmeida@hotmail.com

10/29/2006 02:14:00 da manhã  

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