quinta-feira, janeiro 18, 2007

O negócio dos abortos

Uma clínica de abortos é um negócio como outro qualquer. Um estabelecimento de saúde legalmente autorizado a ter lucros e a angariar clientes. Como qualquer sector económico, este tem o seu mercado perfeitamente definido: as mulheres grávidas. Se a clínica quer ser verdadeiramente moderna, se pretende triunfar num mundo empresarial cada vez mais competitivo, não pode estar à espera de que as grávidas queiram abortar — tem que convencê-las a abortar. Qualquer amador do marketing explica isto. Qualquer liberal moderno sabe que isto não é uma blasfémia. É preciso criar a necessidade e oferecer vantagens. Um cartão de pontos, por exemplo, que dê descontos em comércios vários ou condições vantajosas em abortos futuros. «Já pensou nas horríveis dores do parto? Nos riscos da cesariana? Se engravidou, aborte no nosso estabelecimento de saúde autorizado e habilite-se a fantásticos prémios.»
Dir-me-ão os cépticos que o aborto já está legalizado numa montanha de países e ainda não se viram frases comerciais deste calibre. Pois não. Mas tais desgraçados nunca tiveram — como nós vamos ter — 20 mil milhões de euros para esfolar em seis anos em formação profissional e qualificação de quadros. Eu imagino o que será o marketing abortivo aplicado pelos gestores das clínicas depois de qrenizados pelos programas do governo socialista. Em vez de irem as portuguesas a Badajoz, passam a vir as europeias todas a Oiã. Desconfio que ainda vão fazer disto um novo desígnio nacional. O cume do projecto será para aí uma ExpoAborto'2012, com a comissária Odete Santos a explicar às massas as vantagens da actividade.

4 Comentários:

Anonymous Anónimo escreveu...

Expõe o teu ponto de vista quer do Sim quer do Não.
Movimento Cívico Por Mirandela, o espaço de cidadania por excelência. Envia a tua opinião para : pormirandela@hotmail.com

1/18/2007 09:55:00 da tarde  
Anonymous Anónimo escreveu...

Não sei se vão publicar o meu comentário, se este é um espaço de debate ou de não.
Mas ainda assim não resisto a perguntar:
As clinicas são um negócio legal, o aborto clandestino é o quê?
Ele existe ou não? Quem ganha mais com o não os criminosos que infelizmente tem de que recorrer a alguém para fazer um aborto ou os criminosos que os fazem clandestinamente sem condições e que colocam em risco a vida das pessoas ganhando com isso?
Não será hipócrita defender o não retirar do código penal uma norma que facilita as ofensas físicas praticadas contra as mulheres? Quando se reconhece a sua existência e a facilidade de atravessar a fronteira para o realizar?
Eu sou contra o aborto, quando estive na situação de ponderar decidi em conjunto com a minha companheira pelo não, mas apelo ao voto na despenalização, eu não sou hipócrita a minha decisão pessoal foi não mas admito que um casal opte por realizar um aborto por situação extrema grave e que não seja condenado por isso. A decisão nunca é fácil mas deve ser pessoal.
Eu Voto sim para que a decisão seja pessoal. E não de uma hipócrita sociedade que confessada se absolve dos pecados se sobre si cair castigo. Sempre fui contra a ideia de pena retaliação. Sempre entendi, fruto da minha cristã educação, que devo dar a outra face e não na outra face. A decisão não é por si só fácil por isso depois de tomada não deve ser penalizada.
Eu voto contra o aborto , E Voto Sim à sua despenalização

1/19/2007 01:17:00 da tarde  
Anonymous Anónimo escreveu...

O (corajoso) amigo Manuel Tavares merece-me todo o respeito em especial a seguir a uma confissão destas. Mas, como disse, com o devido respeito não lhe parece que a hipocrisia desta sociedade será mil vezes maior "ofercendo" o aborto como opção única àqueles ou aquelas que (e são a maioria) na verdade por elas nunca abortariam? No fundo está a dar como adquirido que o Estado não se pode comprometer na ajuda às mães em dificuldade mas... não foi este mesmo Estado que decidiu oferecer o rendimento mínimo garantido? Ora, então há-de ser por aí que pode vir uma verdadeira solução, pelo apoio social em resposta a um problema eminentemente social.

O Manuel refere como "hipocrisia" algo que às tantas é um sinal, isso sim, dos nossos brandos costumes e,se calhar, até de certa visceral tolerância nossa (manter uma lei e não a aplicando com a severidade esperada ou... sabendo que não adianta grande coisa se basta passar a fronteira). Acha mesmo que, só porque há 30 anos não prendemos as mulheres que fazem o que a lei define como mau, em abstracto como um crime, isso nos obriga a redefinir como "bom" ou "assim-assim" o que toda a gente admite como "mau" - o aborto? Há outras saídas para certos paradoxos - e podemos mesmo viver com eles: pense só em algumas outras coisas que as nossas leis também dizem:
"o serviço nacional de saúde deve ser tendencialmente gratuito e universal" - será? E as taxas moderadoras? E a redução das comparticipações nos meicamentos?
"o ensino superior público deve ser tendencialmente gratuito e universal" - as coisas encaminham-se precisamente em sentido contrário...

Parece-me que o "ideal" de tornar certas questões essenciais da estruturação de uma sociedade, campos de "decisão pessoal" leva apenas à dissolução social e à arbitrariedade mais completa, terminando enfim no regime da opressão dos mais fracos pelos mais fortes - é a lei da selva. E é precisamente a situação do aborto, com os mais fortes (a mãe e o pai) a reclamar o poder total sobre o "elo mais fraco", a decisão de Vida ou de Morte (sem qualquer necessidade de justificação) sobre o desgraçado do seu filhinho. Este poder que se reclama é mais absoluto que o de qualquer senhor feudal da idade média que tinha de se explicar ao Rei. Não, a mãe deverá poder entregar o seu filho ao "braço secular" (como no tempo da inquisição) da República que, a expensas dos contribuintes - logo com a sua aprovação tácita - lho matará.

Pense, Manuel, se algures no meio desse "direito" vosso que felizmente não usaram para o mal, mas pretendem que outros o possam fazer (como se isso fosse sinal de alguma tolerância), não andará também esquecido de todos, pisado por todos o Direito do silencioso filho a viver o seu futuro? O futuro de que nem o pai nem a mãe prescindem... há-de poder ser-lhe negado a ele, por uma malga de lentilhas quantas vezes? Não nos iludamos a nós próprios, sobretudo. Quem ignora que o aborto a pedido será tragicamente abusado por milhares de "boas intenções" de que está o inferno cheio. Porque o bebé não é o sexo pretendido (já pode ser detrminado às 8 semanas...), porque o companheiro pressionou, porque o patrão franziu o sobrolho à perante a "feliz nova", porque as férias já estavam marcadas, porque ainda não me sinto preparada ou nem sequer sei se gosto dele...

Lamento que vote não contra mas a favor da escalada do aborto se o "sim" ganhar. Ao dizer "sim" ao aborto livre e pretender estar contra o aborto... só se engana a si próprio. Por favor, Manuel, seja hoje tão corajoso como dessa vez que optou por dar uma oportunidade ao seu filho! Quem sabe se um dia não terá aí o seu único amigo, o seu único apoio? Seja corajoso e encare a verdade que é esta - nesta questão não há o relativismo que nos querem fazer crer: você tomou realmente a OPÇÃO ABSOLUTAMENTE CERTA, não uma de duas opções relativamente certas.

E eu falo-lhe assim porque, perante o mesmo dilema, também tomei a mesma atitude pela simples razão de que a "alternativa" era um crime pela Lei, pela minha consciência e pelos costumes que recebemos dos nossos antepassados e são, afinal, a melhor herança que poderiamos ter ainda recebido.

António

1/20/2007 03:23:00 da manhã  
Anonymous Anónimo escreveu...

Que argumento da treta!!! Mais um para o encher os nossos cerebros de m****.

Pontos por aborto???

Por causa deste tipo de argumentos de ambas as partes é que acho uma vergonha este referendo...

Mais uma vez os politicos portugueses mostram não ter coragem para governar o pais...

acho que deviam fazer um referendo para a taxa de IRS e IVA... isso é que eu gostava de ver lol

Marcelo, Coimbra

1/23/2007 11:21:00 da tarde  

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