Cortar Com o Pensamento 'Politicamente Correcto'
Entrevista do Padre Nuno Serras Pereira ao semanário "O Independente" a 10 de Fevereiro de 2006, conduzida pelo jornalista José Eduardo Fialho Gouveia:
- Teresa e Helena, duas mulheres, iniciaram na semana passada uma batalha judicial para conseguir casar. O casamento entre pessoas do mesmo sexo deve ser permitido?
Não é possível haver casamento entre pessoas do mesmo sexo. O matrimónio exige capacidade reprodutiva.
- Porquê?
Pode não haver capacidade reprodutiva por motivos de infertilidade. Mas quando o marido e a mulher se juntam através dos seus órgãos reprodutivos formam um só organismo. Por isso se fala de comunhão e de unidade.
- O casamento não deve, acima de tudo, ser uma questão de amor?
Resta saber o que é amor. Quando duas pessoas do mesmo sexo têm contactos genitais estão a instrumentalizar os seus corpos como se fossem sub-humanos. Na unidade dos actos de tipo reprodutivo forma-se um só organismo.
- É impossível que haja amor entre dois homens ou entre duas mulheres?
Pode haver entre um pai e um filho, entre uma mãe e uma filha, entre amigos e entre amigas.
- E amor em termos sexuais?
Penso que não é possível. A homossexualidade é uma doença. A Associação Norte-Americana de Psiquiatria, em 1973, pela mão de Robert Spitzer, fez retirar a homossexualidade da lista de enfermidades. Todavia, alguns anos depois, repensou a sua posição e verificou que uma terapia adequada era capaz de corrigir a inclinação sexual dos homossexuais.
- Julgo que nenhum médico – a menos que seja extremamente conservador ou influenciado pela mentalidade católica – considera a homossexualidade uma doença. É do conhecimento público que essa visão está ultrapassada...
Não está. Nos Estados Unidos há muitos médicos – que nada têm a ver com a Igreja Católica e que são de diversas facções políticas – a afirmá-lo. Defendem que é uma doença de origem psicológica, um sintoma de uma neurose relacionada com um complexo de inferioridade. Resolvida a neurose, a atracção por pessoas do mesmo sexo desaparece. A prática de relações homossexuais reforça essa enfermidade, enquanto a abstinência tende a favorecer a cura.
- Quando pensamos numa doença imaginamos algo prejudicial. A homossexualidade é nefasta em quê?
Em termos psicológicos, há uma fixação narcisista. Não se procura o outro enquanto outro; cada um procura-se a si mesmo no outro. Os homossexuais não são capazes de atingir a verdadeira união e comunhão. Por outro lado, a nível físico sabemos – através de estudos realizados nos Estados Unidos – que a esperança média de vida dos homossexuais activos é de 45 anos, sem contar com aqueles que morrem de Sida. E apenas dois por cento chegam aos 70. A taxa de incidência de doenças sexualmente transmissíveis é também muito mais alta e os níveis de criminalidade entre a população homossexual, em termos percentuais, são superiores. Finalmente, os dados mostram igualmente que a pedofilia é mais frequente entre os homossexuais.
- Tem noção de que um sexólogo apelidaria essas declarações de ridículas?
Depende do sexólogo. Se fosse sério poderia comprovar o que eu digo.
- Todos os sexólogos que não partilham da sua opinião não são sérios?
Podem estar mal informados ou partilhar de uma ideologia que os faz olhar apenas para uma parcela da realidade e excluir determinados factores.
- Não admite que possa ser a sua ideologia que o leva a distorcer a realidade?
Estou a falar de factos.
- Rejeita, portanto, que seja possível haver amor homossexual...
Nem sequer há homossexuais. Há pessoas que padecem de inclinações homossexuais. Algo que lhes provoca grande sofrimento.
- Os homossexuais não dizem que sofrem por ser homossexuais...
Não é isso que a minha experiência me ensina.
- Devem lutar contra a sua inclinação sexual e viver toda uma vida em negação?
O problema está em agir de acordo com essa inclinação sexual. É preciso levá-los a descobrir a verdadeira identidade. Há muitos testemunhos de homossexuais recuperados.
- Se a homossexualidade é uma doença, qual é a causa?
Os especialistas explicam que é uma psicose.*
- Os especialistas não dizem que a homossexualidade é uma doença...
Alguns não o dizem. Quando Robert Spitzer – que era presença assídua na imprensa e na televisão – verificou que estava enganado e recuou na sua posição a comunicação social cortou-lhe o pio.
- A comunicação social norte-americana está então dominada por um poderosíssimo 'lobby gay'?
O 'lobby gay' tem grande influência na comunicação social. E infiltrou-se também na política e na Igreja.
- Considera-se homofóbico?
De modo algum. Não tenho horror ao meu sexo. O homofóbico é aquele incapaz de lidar com pessoas do mesmo sexo. Não é o meu caso. Não concordo é que se destrua a instituição casamento, que é a célula-base da sociedade. É no casamento que são gerados os filhos. Por isso o Estado protege e promove a família.
- Isso significa que o Estado não deve proteger um casal heterossexual que não pode ter filhos?
Isso não é uma família, é um casamento. A família só existe a partir do momento em que há filhos.
- Um homem e uma mulher casados não são, só por si, uma família?
Não. Têm a família da parte do marido e da mulher, mas não constituíram família.
- Se fosse criada uma instituição paralela ao casamento, com outro nome, continuaria a ser contrário à união entre duas pessoas do mesmo sexo?
A lei pode tolerar a homossexualidade – digo tolerar porque ela em si não é um bem, não é um comportamento positivo – se isso evitar males maiores. Daí a criar um estatuto jurídico para relações meramente privadas não vejo qualquer sentido.
- Deixe-me apresentar-lhe então a seguinte situação. Duas mulheres vivem juntas durante 30 anos. Por que razão, em caso de morte de uma delas, não pode a outra ter os mesmos direitos de uma viúva heterossexual?
Os direitos implicam deveres correspondentes. Igualdade não é tratar da mesma forma circunstâncias diferentes.
- Rejeita que um homossexual possa ter os mesmos direitos de um heterossexual?
Todos devem ter direitos iguais a nível da Constituição. Mas um homem e uma mulher que se casam são uma realidade diferente de dois homens ou de duas mulheres que se juntam. Tratá-los da mesma forma é uma injustiça.
- São realidades diferentes porquê?
Porque um homossexual não é capaz de constituir família.
- Há muitos casais heterossexuais que também não...
Mas isso não depende das suas atitudes comportamentais. Alguém que é estéril não tem culpa da sua esterilidade, mas é capaz de praticar os actos do tipo reprodutivo.
- E um homossexual tem culpa de ser homossexual?
Pode não ter. Mas pode ter culpa se reforçar a sua homossexualidade praticando actos homossexuais.
- É lógico que não concorda com a adopção por casais homossexuais...
Não há casais homossexuais. Nunca lhes chamaria casais. Por outro lado, em termos de formação, é bom que as crianças tenham o pai como referência masculina e a mãe como referência feminina.
- E as crianças que crescem só com um pai ou só com uma mãe?
Isso apenas acontece devido a uma qualquer infelicidade. Não é a situação ideal.
- É melhor para uma criança viver numa instituição até à idade adulta do que com dois pais ou duas mães que lhe dão amor e carinho?
Depende da instituição. Se for uma instituição como a Casa Pia era aqui há uns anos é capaz de ser bem pior. Se for uma instituição equilibrada é muito melhor do que crescer com dois pseudo-pais ou com duas pseudo-mães.
- Há cerca de três meses, foi condenado por difamação devido a um texto que escreveu, intitulado "Os Abortófilos". Entre outras coisas, apelidou a Associação para o Planeamento da Família (APF) de "organização 'serial killer'" e defendeu que esta promove o homicídio. Volta a afirmar o mesmo, ou admite que talvez tenha ido demasiado longe?
Confirmo o que escrevi. É tudo verdadeiro e correcto. Um 'serial killer' é alguém que matou várias pessoas. Essa organização pertence à International Planned Parenthood Federation, que promove o aborto no mundo inteiro. Só nos Estados Unidos matou milhões de pessoas ainda não nascidas.
- Uma mulher que faça um aborto deve ser presa?
O objectivo não é prender mulheres. A lei tem uma função dissuasora. Deve ser avaliado cada caso para aquilatar da culpabilidade. Muitas vezes os juízes chegam à conclusão de que não há razão para punir com pena de prisão.
- Se, tal como diz, fazer um aborto é matar uma criança, uma mulher que o faça deve ser presa?
Um Estado democrático tem a obrigação de defender e de tutelar a dignidade de todos, independentemente da fase da sua existência. Um ser humano na fase da concepção tem tanto valor como três meses ou nove meses depois. Um Estado que não defenda a dignidade de todos é um Estado totalitário e tirano. Pode usar os mecanismos formais da democracia, mas está a colaborar activamente na matança de inocentes.
- Uma mulher que faça um aborto deve ser presa?
Depende das circunstâncias.
- Em que circunstâncias deve ser presa?
Compete ao juiz analisar.
- Também defende que o aborto é pior do que a pedofilia. É mais grave interromper uma gravidez antes dos três meses do que abusar e violar uma criança com pouco tempo de vida?
Os dois crimes são abomináveis.
- Mas escreveu que um era mais grave do que o outro.
Sim. Matar uma criança é mais grave do que abusar dela.
- É mais grave interromper uma gravidez antes dos três meses do que abusar e violar uma criança com poucos meses ou poucos anos de vida?
É sempre mais grave matar um ser humano inocente do que abusar dele.
- Nesta semana, a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, informou que as escolas secundárias vão poder fornecer preservativos aos alunos, desde que com o consentimento dos pais. Como comenta?
Promover a utilização do preservativo é de uma enorme irresponsabilidade. Os únicos exemplos de sucesso no combate à Sida reconhecidos pela Organização Mundial de Saúde são o Uganda e as Filipinas. Em ambos os países promoveu-se primeiro a abstinência, depois a fidelidade e só em último caso o preservativo. A partir do momento em que, nas Filipinas, se abandonou esta estratégia e se apostou na promoção do preservativo o número de pessoas infectadas aumentou. Em boas condições, o preservativo tem uma taxa de eficácia entre os 85 e os 90 por cento. É como jogar à roleta-russa. Eu não apanho um avião daqui para Paris se me disserem que só chegam lá 80 por cento dos aviões. Por outro lado, essa taxa de eficácia é calculada ao longo de um ano. À medida que o tempo passa, que se vai repetindo a roleta, a probabilidade desce para valores muito inferiores, na ordem dos 15 por cento ao fim de dez anos. É errado falar de sexo seguro. Por outro lado, o Estado não tem o direito de interferir na sexualidade das crianças nem de educá-las a esse nível. Esse é um direito inalienável dos pais.
- Estamos a falar de consentimento dos pais...
Mas vai haver aulas de Educação Sexual obrigatórias e gabinetes de atendimento cuja mentalidade é dominada pela APF. Nós sabemos o que vão fazer às crianças.
- O quê?
Vão pervertê-las.
- Como?
Qualquer relação sexual que não seja dirigida à procriação é uma perversão.
- Homens e mulheres devem abster-se de ter relações sexuais caso não queiram ter um filho?
A relação entre um homem e uma mulher é uma relação de unidade e de amor. Se uma pessoa se dá a outra na totalidade do seu ser admite que está a oferecer a capacidade de ser pai ou a capacidade de ser mãe. Pode surgir um filho ou não, mas nada se faz para manipular e falsificar essa linguagem do amor.
- Qual é o problema de ter relações sexuais, tomando as devidas precauções, para que não haja uma gravidez indesejada?
Se tomar precauções significa recorrer aos períodos inférteis da mulher, não há qualquer problema.
- Que é um método falível, ou não?
Não. A Organização Mundial de Saúde atribui-lhe 99,8 por cento de eficácia.
- E qual é o drama de utilizar o preservativo ou a pílula?
Falsifica-se a relação. Deixa de haver uma entrega total.
- Há cerca de um ano, publicou um anúncio no "Público" explicando que se recusava a dar a comunhão a quem utilizasse métodos contraceptivos. Qual é o sentido disto?
Não disse que me recusava. Disse que em virtude do que está no Código de Direito Canónico estou impedido de dar a sagrada comunhão a quem não respeite os Mandamentos, a quem promove a morte de seres humanos inocentes, seja através de pílulas abortivas, de métodos cirúrgicos...
- Fala, inclusive, da reprodução medicamente assistida...
Sim. Por cada criança que nasce dez foram mortas pelo caminho. Actualmente, em Portugal, temos congelados 40 mil seres humanos na sua fase embrionária.
- Um embrião que não vinga é uma criança que morre?
É. Todos nascemos a partir de embriões. A informação genética está lá toda.
- Quem tenta ter filhos através da reprodução medicamente assistida ou quem utiliza métodos contraceptivos não pode comungar?
Refiro-me a métodos que podem ter um efeito abortivo, como o dispositivo intra-uterino ou a pílula do dia seguinte. Um católico que não respeita o mandamento "Não matarás" não pode ir à comunhão.
- A mulher que usa o dispositivo intra-uterino é uma homicida?
Um homicida é aquele que mata voluntariamente um ser humano inocente. Se quem usa esses métodos [dispositivo intra-uterino, pílula do dia seguinte] tem consciência – normalmente isso não acontece porque as pessoas são enganadas – de que a sua utilização pode matar um ser vivo na sua fase embrionária está a cometer um homicídio.
- Então a mulher que toma a pílula do dia seguinte deve ir parar à cadeia?
Isso é complicado do ponto de vista penal, porque nunca se pode ter a certeza de que houve um aborto. Mas há algo que me parece claro: o Estado ultrapassa as suas competências ao permitir a venda da pílula do dia seguinte e ao financiá-la através do Serviço Nacional de Saúde.
- Quando publicou esse anúncio, muitos sacerdotes condenaram a sua posição e afirmaram que tinha feito uma interpretação abusiva do Código de Direito Canónico. Como comenta?
Temos de compreender a ignorância dos outros.
- Concordaria com o fim do celibato para os padres?
Não.
- Porquê?
O celibato é uma riqueza enorme. Jesus Cristo casou com a Humanidade e participar deste celibato de Jesus Cristo, deste servir a Deus com o coração uno e indivisível, é muito enriquecedor.
- Amar alguém e concretizar esse amor interfere em quê na relação com Deus?
Não interfere.
- Então por que razão os padres têm de estar obrigados ao celibato?
Hipoteticamente, é possível um Papa revogar essa disciplina. Ela pode ser mudada, não é um dogma. Mas tem razões teológicas de fundo e está alicerçada na tradição da Igreja desde o início.
- É fácil contrariar o desejo sexual?
Deus dá-nos essa capacidade.
- Como só entrou para o seminário aos 25 anos, suponho que já tenha feito amor com alguém. Nunca sente desejo de voltar atrás?
O combate pela castidade é um combate até ao fim da vida. Mas a satisfação interior que resulta de não ceder à tentação compensa qualquer outra coisa. Servir a Igreja representa uma alegria enorme.
*Ver, aqui.
- Teresa e Helena, duas mulheres, iniciaram na semana passada uma batalha judicial para conseguir casar. O casamento entre pessoas do mesmo sexo deve ser permitido?
Não é possível haver casamento entre pessoas do mesmo sexo. O matrimónio exige capacidade reprodutiva.
- Porquê?
Pode não haver capacidade reprodutiva por motivos de infertilidade. Mas quando o marido e a mulher se juntam através dos seus órgãos reprodutivos formam um só organismo. Por isso se fala de comunhão e de unidade.
- O casamento não deve, acima de tudo, ser uma questão de amor?
Resta saber o que é amor. Quando duas pessoas do mesmo sexo têm contactos genitais estão a instrumentalizar os seus corpos como se fossem sub-humanos. Na unidade dos actos de tipo reprodutivo forma-se um só organismo.
- É impossível que haja amor entre dois homens ou entre duas mulheres?
Pode haver entre um pai e um filho, entre uma mãe e uma filha, entre amigos e entre amigas.
- E amor em termos sexuais?
Penso que não é possível. A homossexualidade é uma doença. A Associação Norte-Americana de Psiquiatria, em 1973, pela mão de Robert Spitzer, fez retirar a homossexualidade da lista de enfermidades. Todavia, alguns anos depois, repensou a sua posição e verificou que uma terapia adequada era capaz de corrigir a inclinação sexual dos homossexuais.
- Julgo que nenhum médico – a menos que seja extremamente conservador ou influenciado pela mentalidade católica – considera a homossexualidade uma doença. É do conhecimento público que essa visão está ultrapassada...
Não está. Nos Estados Unidos há muitos médicos – que nada têm a ver com a Igreja Católica e que são de diversas facções políticas – a afirmá-lo. Defendem que é uma doença de origem psicológica, um sintoma de uma neurose relacionada com um complexo de inferioridade. Resolvida a neurose, a atracção por pessoas do mesmo sexo desaparece. A prática de relações homossexuais reforça essa enfermidade, enquanto a abstinência tende a favorecer a cura.
- Quando pensamos numa doença imaginamos algo prejudicial. A homossexualidade é nefasta em quê?
Em termos psicológicos, há uma fixação narcisista. Não se procura o outro enquanto outro; cada um procura-se a si mesmo no outro. Os homossexuais não são capazes de atingir a verdadeira união e comunhão. Por outro lado, a nível físico sabemos – através de estudos realizados nos Estados Unidos – que a esperança média de vida dos homossexuais activos é de 45 anos, sem contar com aqueles que morrem de Sida. E apenas dois por cento chegam aos 70. A taxa de incidência de doenças sexualmente transmissíveis é também muito mais alta e os níveis de criminalidade entre a população homossexual, em termos percentuais, são superiores. Finalmente, os dados mostram igualmente que a pedofilia é mais frequente entre os homossexuais.
- Tem noção de que um sexólogo apelidaria essas declarações de ridículas?
Depende do sexólogo. Se fosse sério poderia comprovar o que eu digo.
- Todos os sexólogos que não partilham da sua opinião não são sérios?
Podem estar mal informados ou partilhar de uma ideologia que os faz olhar apenas para uma parcela da realidade e excluir determinados factores.
- Não admite que possa ser a sua ideologia que o leva a distorcer a realidade?
Estou a falar de factos.
- Rejeita, portanto, que seja possível haver amor homossexual...
Nem sequer há homossexuais. Há pessoas que padecem de inclinações homossexuais. Algo que lhes provoca grande sofrimento.
- Os homossexuais não dizem que sofrem por ser homossexuais...
Não é isso que a minha experiência me ensina.
- Devem lutar contra a sua inclinação sexual e viver toda uma vida em negação?
O problema está em agir de acordo com essa inclinação sexual. É preciso levá-los a descobrir a verdadeira identidade. Há muitos testemunhos de homossexuais recuperados.
- Se a homossexualidade é uma doença, qual é a causa?
Os especialistas explicam que é uma psicose.*
- Os especialistas não dizem que a homossexualidade é uma doença...
Alguns não o dizem. Quando Robert Spitzer – que era presença assídua na imprensa e na televisão – verificou que estava enganado e recuou na sua posição a comunicação social cortou-lhe o pio.
- A comunicação social norte-americana está então dominada por um poderosíssimo 'lobby gay'?
O 'lobby gay' tem grande influência na comunicação social. E infiltrou-se também na política e na Igreja.
- Considera-se homofóbico?
De modo algum. Não tenho horror ao meu sexo. O homofóbico é aquele incapaz de lidar com pessoas do mesmo sexo. Não é o meu caso. Não concordo é que se destrua a instituição casamento, que é a célula-base da sociedade. É no casamento que são gerados os filhos. Por isso o Estado protege e promove a família.
- Isso significa que o Estado não deve proteger um casal heterossexual que não pode ter filhos?
Isso não é uma família, é um casamento. A família só existe a partir do momento em que há filhos.
- Um homem e uma mulher casados não são, só por si, uma família?
Não. Têm a família da parte do marido e da mulher, mas não constituíram família.
- Se fosse criada uma instituição paralela ao casamento, com outro nome, continuaria a ser contrário à união entre duas pessoas do mesmo sexo?
A lei pode tolerar a homossexualidade – digo tolerar porque ela em si não é um bem, não é um comportamento positivo – se isso evitar males maiores. Daí a criar um estatuto jurídico para relações meramente privadas não vejo qualquer sentido.
- Deixe-me apresentar-lhe então a seguinte situação. Duas mulheres vivem juntas durante 30 anos. Por que razão, em caso de morte de uma delas, não pode a outra ter os mesmos direitos de uma viúva heterossexual?
Os direitos implicam deveres correspondentes. Igualdade não é tratar da mesma forma circunstâncias diferentes.
- Rejeita que um homossexual possa ter os mesmos direitos de um heterossexual?
Todos devem ter direitos iguais a nível da Constituição. Mas um homem e uma mulher que se casam são uma realidade diferente de dois homens ou de duas mulheres que se juntam. Tratá-los da mesma forma é uma injustiça.
- São realidades diferentes porquê?
Porque um homossexual não é capaz de constituir família.
- Há muitos casais heterossexuais que também não...
Mas isso não depende das suas atitudes comportamentais. Alguém que é estéril não tem culpa da sua esterilidade, mas é capaz de praticar os actos do tipo reprodutivo.
- E um homossexual tem culpa de ser homossexual?
Pode não ter. Mas pode ter culpa se reforçar a sua homossexualidade praticando actos homossexuais.
- É lógico que não concorda com a adopção por casais homossexuais...
Não há casais homossexuais. Nunca lhes chamaria casais. Por outro lado, em termos de formação, é bom que as crianças tenham o pai como referência masculina e a mãe como referência feminina.
- E as crianças que crescem só com um pai ou só com uma mãe?
Isso apenas acontece devido a uma qualquer infelicidade. Não é a situação ideal.
- É melhor para uma criança viver numa instituição até à idade adulta do que com dois pais ou duas mães que lhe dão amor e carinho?
Depende da instituição. Se for uma instituição como a Casa Pia era aqui há uns anos é capaz de ser bem pior. Se for uma instituição equilibrada é muito melhor do que crescer com dois pseudo-pais ou com duas pseudo-mães.
- Há cerca de três meses, foi condenado por difamação devido a um texto que escreveu, intitulado "Os Abortófilos". Entre outras coisas, apelidou a Associação para o Planeamento da Família (APF) de "organização 'serial killer'" e defendeu que esta promove o homicídio. Volta a afirmar o mesmo, ou admite que talvez tenha ido demasiado longe?
Confirmo o que escrevi. É tudo verdadeiro e correcto. Um 'serial killer' é alguém que matou várias pessoas. Essa organização pertence à International Planned Parenthood Federation, que promove o aborto no mundo inteiro. Só nos Estados Unidos matou milhões de pessoas ainda não nascidas.
- Uma mulher que faça um aborto deve ser presa?
O objectivo não é prender mulheres. A lei tem uma função dissuasora. Deve ser avaliado cada caso para aquilatar da culpabilidade. Muitas vezes os juízes chegam à conclusão de que não há razão para punir com pena de prisão.
- Se, tal como diz, fazer um aborto é matar uma criança, uma mulher que o faça deve ser presa?
Um Estado democrático tem a obrigação de defender e de tutelar a dignidade de todos, independentemente da fase da sua existência. Um ser humano na fase da concepção tem tanto valor como três meses ou nove meses depois. Um Estado que não defenda a dignidade de todos é um Estado totalitário e tirano. Pode usar os mecanismos formais da democracia, mas está a colaborar activamente na matança de inocentes.
- Uma mulher que faça um aborto deve ser presa?
Depende das circunstâncias.
- Em que circunstâncias deve ser presa?
Compete ao juiz analisar.
- Também defende que o aborto é pior do que a pedofilia. É mais grave interromper uma gravidez antes dos três meses do que abusar e violar uma criança com pouco tempo de vida?
Os dois crimes são abomináveis.
- Mas escreveu que um era mais grave do que o outro.
Sim. Matar uma criança é mais grave do que abusar dela.
- É mais grave interromper uma gravidez antes dos três meses do que abusar e violar uma criança com poucos meses ou poucos anos de vida?
É sempre mais grave matar um ser humano inocente do que abusar dele.
- Nesta semana, a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, informou que as escolas secundárias vão poder fornecer preservativos aos alunos, desde que com o consentimento dos pais. Como comenta?
Promover a utilização do preservativo é de uma enorme irresponsabilidade. Os únicos exemplos de sucesso no combate à Sida reconhecidos pela Organização Mundial de Saúde são o Uganda e as Filipinas. Em ambos os países promoveu-se primeiro a abstinência, depois a fidelidade e só em último caso o preservativo. A partir do momento em que, nas Filipinas, se abandonou esta estratégia e se apostou na promoção do preservativo o número de pessoas infectadas aumentou. Em boas condições, o preservativo tem uma taxa de eficácia entre os 85 e os 90 por cento. É como jogar à roleta-russa. Eu não apanho um avião daqui para Paris se me disserem que só chegam lá 80 por cento dos aviões. Por outro lado, essa taxa de eficácia é calculada ao longo de um ano. À medida que o tempo passa, que se vai repetindo a roleta, a probabilidade desce para valores muito inferiores, na ordem dos 15 por cento ao fim de dez anos. É errado falar de sexo seguro. Por outro lado, o Estado não tem o direito de interferir na sexualidade das crianças nem de educá-las a esse nível. Esse é um direito inalienável dos pais.
- Estamos a falar de consentimento dos pais...
Mas vai haver aulas de Educação Sexual obrigatórias e gabinetes de atendimento cuja mentalidade é dominada pela APF. Nós sabemos o que vão fazer às crianças.
- O quê?
Vão pervertê-las.
- Como?
Qualquer relação sexual que não seja dirigida à procriação é uma perversão.
- Homens e mulheres devem abster-se de ter relações sexuais caso não queiram ter um filho?
A relação entre um homem e uma mulher é uma relação de unidade e de amor. Se uma pessoa se dá a outra na totalidade do seu ser admite que está a oferecer a capacidade de ser pai ou a capacidade de ser mãe. Pode surgir um filho ou não, mas nada se faz para manipular e falsificar essa linguagem do amor.
- Qual é o problema de ter relações sexuais, tomando as devidas precauções, para que não haja uma gravidez indesejada?
Se tomar precauções significa recorrer aos períodos inférteis da mulher, não há qualquer problema.
- Que é um método falível, ou não?
Não. A Organização Mundial de Saúde atribui-lhe 99,8 por cento de eficácia.
- E qual é o drama de utilizar o preservativo ou a pílula?
Falsifica-se a relação. Deixa de haver uma entrega total.
- Há cerca de um ano, publicou um anúncio no "Público" explicando que se recusava a dar a comunhão a quem utilizasse métodos contraceptivos. Qual é o sentido disto?
Não disse que me recusava. Disse que em virtude do que está no Código de Direito Canónico estou impedido de dar a sagrada comunhão a quem não respeite os Mandamentos, a quem promove a morte de seres humanos inocentes, seja através de pílulas abortivas, de métodos cirúrgicos...
- Fala, inclusive, da reprodução medicamente assistida...
Sim. Por cada criança que nasce dez foram mortas pelo caminho. Actualmente, em Portugal, temos congelados 40 mil seres humanos na sua fase embrionária.
- Um embrião que não vinga é uma criança que morre?
É. Todos nascemos a partir de embriões. A informação genética está lá toda.
- Quem tenta ter filhos através da reprodução medicamente assistida ou quem utiliza métodos contraceptivos não pode comungar?
Refiro-me a métodos que podem ter um efeito abortivo, como o dispositivo intra-uterino ou a pílula do dia seguinte. Um católico que não respeita o mandamento "Não matarás" não pode ir à comunhão.
- A mulher que usa o dispositivo intra-uterino é uma homicida?
Um homicida é aquele que mata voluntariamente um ser humano inocente. Se quem usa esses métodos [dispositivo intra-uterino, pílula do dia seguinte] tem consciência – normalmente isso não acontece porque as pessoas são enganadas – de que a sua utilização pode matar um ser vivo na sua fase embrionária está a cometer um homicídio.
- Então a mulher que toma a pílula do dia seguinte deve ir parar à cadeia?
Isso é complicado do ponto de vista penal, porque nunca se pode ter a certeza de que houve um aborto. Mas há algo que me parece claro: o Estado ultrapassa as suas competências ao permitir a venda da pílula do dia seguinte e ao financiá-la através do Serviço Nacional de Saúde.
- Quando publicou esse anúncio, muitos sacerdotes condenaram a sua posição e afirmaram que tinha feito uma interpretação abusiva do Código de Direito Canónico. Como comenta?
Temos de compreender a ignorância dos outros.
- Concordaria com o fim do celibato para os padres?
Não.
- Porquê?
O celibato é uma riqueza enorme. Jesus Cristo casou com a Humanidade e participar deste celibato de Jesus Cristo, deste servir a Deus com o coração uno e indivisível, é muito enriquecedor.
- Amar alguém e concretizar esse amor interfere em quê na relação com Deus?
Não interfere.
- Então por que razão os padres têm de estar obrigados ao celibato?
Hipoteticamente, é possível um Papa revogar essa disciplina. Ela pode ser mudada, não é um dogma. Mas tem razões teológicas de fundo e está alicerçada na tradição da Igreja desde o início.
- É fácil contrariar o desejo sexual?
Deus dá-nos essa capacidade.
- Como só entrou para o seminário aos 25 anos, suponho que já tenha feito amor com alguém. Nunca sente desejo de voltar atrás?
O combate pela castidade é um combate até ao fim da vida. Mas a satisfação interior que resulta de não ceder à tentação compensa qualquer outra coisa. Servir a Igreja representa uma alegria enorme.
*Ver, aqui.
5 Comentários:
Está o DemoKrata de parabéns por inserir este texto.
Eu distingo entre padres e padrecas (com todo o respeito pelo sacramento da ordem, pois quem não o respeita são aqueles a quem chamo padrecas).
Este texto, que o Demokrata, em hora feliz, resolveu inserir, demonstra que Cristo continua a ter sacerdotes vivos e dispostos a espalharem a sã doutrina.
Grande graça, para nosso conforto imediato e confirmando, quanto à Igreja, as palavras do seu Divino Fundador: «(...) e as portas do inferno nada poderão contra ela.» (Mt. 16,18).
Os instrumentos morais e legais, sendo que ambos estão ligados por imperativos sociais, podem proteger a diferença, mas, quando tal acontece, são injustificadas as razões que promovem as reinvindicações de abolição dessa mesma diferença. Há os que apelam à existência do facto para o tornarem aceite pela maioria da sociedade, como fizeram com o aborto e o continuarão a fazer sempre que se encontrarem em minoria, porém, os seus argumentos são demasiado falaciosos para que lhes seja dada qualquer credibilidade. Eu, por mim, vou investigar a legalização do sexo em grupo, da poligamia na nossa sociedade e da hipótese de troca, em caso de defeito no produto.
Sinto que regressei ao século X, pelo menos.
me senti na época da inquisção lendo essa entrevista... é uma pena uma instituição tão grande ainda ter pessoas que comungam com tais preceitos.
Diz o Padreca perturbado que
"O matrimónio exige capacidade reprodutiva."
Logo, segundo o pedreca, deve ser exigido a todos os casais um atestado de fertilidade sob pena de Nulidade do casamento, devendo mesmo ser taxativamente proibido o casamento a casais inférteis e a pessoas com mais de 50 anos.
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