sábado, julho 05, 2008

A ORDEM DOS MÉDICOS E O ABORTO

A fazer fé num texto do Jornal de Notícias, parece que a Ordem dos Médicos vai mexer no seu Código Deontológico.

Para mim, é incompreensível a alteração proposta.

Então, só agora é que os senhores médicos dão conta de que não há consenso quanto ao início da vida? E, já que assim o descobriram, acham que é altura para vir declarar que o aborto deixa de constituir «falha deontológica grave»?

Depois da lei assassina, era previsível que algo iria mudar. O que eu não contava era que fosse de forma tão pouco airosa.

Sempre afirmei que se a lei fosse promulgada, o Código Deontológico não se aguentaria. Responderam-me as bravatas de alguns, médicos e não médicos, que nem pensar em ceder. A esses, eu só lembrava que mártires há poucos.

O resultado é o que aí está.

Se for verdadeira a notícia veiculada, se ela for válida, friso bem, e se a proposta for aprovada, a classe médica cai, neste combate, sem qualquer honra. Uma coisa seria o esbulho, pela força, de um preceito que muito a dignificava; outra, distinta e imensamente mais triste, é renunciar a ele.

O drama reduz-se a esta certeza: derrubada uma barreira, é só uma questão de tempo até ver as restantes por terra.

O homem não pode interferir no curso normal da natureza, quando ela se mostra ordenada à criação de bens valiosos. Se infringe esta regra, começa a pisar um terreno em declive!

Joaquim Maria Cymbron