A ORDEM DOS MÉDICOS E O ABORTO
A fazer fé num texto do Jornal de Notícias, parece que a Ordem dos Médicos vai mexer no seu Código Deontológico.
Para mim, é incompreensível a alteração proposta.
Então, só agora é que os senhores médicos dão conta de que não há consenso quanto ao início da vida? E, já que assim o descobriram, acham que é altura para vir declarar que o aborto deixa de constituir «falha deontológica grave»?
Depois da lei assassina, era previsível que algo iria mudar. O que eu não contava era que fosse de forma tão pouco airosa.
Sempre afirmei que se a lei fosse promulgada, o Código Deontológico não se aguentaria. Responderam-me as bravatas de alguns, médicos e não médicos, que nem pensar em ceder. A esses, eu só lembrava que mártires há poucos.
O resultado é o que aí está.
Se for verdadeira a notícia veiculada, se ela for válida, friso bem, e se a proposta for aprovada, a classe médica cai, neste combate, sem qualquer honra. Uma coisa seria o esbulho, pela força, de um preceito que muito a dignificava; outra, distinta e imensamente mais triste, é renunciar a ele.
O drama reduz-se a esta certeza: derrubada uma barreira, é só uma questão de tempo até ver as restantes por terra.
O homem não pode interferir no curso normal da natureza, quando ela se mostra ordenada à criação de bens valiosos. Se infringe esta regra, começa a pisar um terreno em declive!
Joaquim Maria Cymbron
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