Ao que isto chegou
Pelo seu valor como documento de uma época, transcrevo o editorial de Isabel Stilwell no jornal DESTAK.
Aborto na vida real a preço de telenovela
Algumas revistas cor-de-rosa, mas que deviam ser pretas, tal a maldade que as cobre, passam, por vezes, todos os limites. Fazem-no, certamente, porque do lado de cá há quem se disponha a comprá-las, o que não isenta os leitores da sua quota parte da responsabilidade, mas também não justifica a falta de ética dos profissionais. Esta semana, uma delas bate todos os recordes, ao anunciar em manchete: «Ela pôs fim à gravidez, no Porto - Carolina abortou». Mais chocante ainda o carimbo: «A TV 7 Dias estava lá». Agora passámos a transmitir abortos ao vivo, e em directo!
Há vítimas mais inocentes do que Carolina Salgado, que tem sistematicamente alimentado a Imprensa com as suas histórias sórdidas, entrevistas em que não se coibe de devassar a intimidade dos seus próprios filhos, maridos e ex-maridos, mas mesmo assim julgo que qualquer pessoa com bom senso se pergunta como é que é possível expor alguém desta maneira. O facto de ser mentira. já que Carolina desmentiu a notícia ao CM, tornará tudo mais grave, mas não altera o essencial da questão: a exposição da vida íntima de alguém, e a banalização de uma decisão tão séria como a de abortar.
Como é possível falar desta forma de um aborto? Os argumentos apresentados por «fontes próximas», e não pela própria, note-se, são perigosos, podendo levar a crer que valem, explicam ou justificam seja o que for: «queria estar 100 por cento disponível para se dedicar aquele homem», «fez o aborto para agarrar o F., porque tinha medo de que ele a trocasse por outra, se ela estivesse empatada com a gravidez e, posteriormente, com uma criancinha».
Empatada? Criancinha? Abortar com medo de perder um homem? Se qualquer destes motivos faz sentido para alguém, é porque o sofrimento real já foi transformado num momento de entretenimento, e a vida humana passou a ter o valor de uma telenovela.
Aborto na vida real a preço de telenovela
Algumas revistas cor-de-rosa, mas que deviam ser pretas, tal a maldade que as cobre, passam, por vezes, todos os limites. Fazem-no, certamente, porque do lado de cá há quem se disponha a comprá-las, o que não isenta os leitores da sua quota parte da responsabilidade, mas também não justifica a falta de ética dos profissionais. Esta semana, uma delas bate todos os recordes, ao anunciar em manchete: «Ela pôs fim à gravidez, no Porto - Carolina abortou». Mais chocante ainda o carimbo: «A TV 7 Dias estava lá». Agora passámos a transmitir abortos ao vivo, e em directo!
Há vítimas mais inocentes do que Carolina Salgado, que tem sistematicamente alimentado a Imprensa com as suas histórias sórdidas, entrevistas em que não se coibe de devassar a intimidade dos seus próprios filhos, maridos e ex-maridos, mas mesmo assim julgo que qualquer pessoa com bom senso se pergunta como é que é possível expor alguém desta maneira. O facto de ser mentira. já que Carolina desmentiu a notícia ao CM, tornará tudo mais grave, mas não altera o essencial da questão: a exposição da vida íntima de alguém, e a banalização de uma decisão tão séria como a de abortar.
Como é possível falar desta forma de um aborto? Os argumentos apresentados por «fontes próximas», e não pela própria, note-se, são perigosos, podendo levar a crer que valem, explicam ou justificam seja o que for: «queria estar 100 por cento disponível para se dedicar aquele homem», «fez o aborto para agarrar o F., porque tinha medo de que ele a trocasse por outra, se ela estivesse empatada com a gravidez e, posteriormente, com uma criancinha».
Empatada? Criancinha? Abortar com medo de perder um homem? Se qualquer destes motivos faz sentido para alguém, é porque o sofrimento real já foi transformado num momento de entretenimento, e a vida humana passou a ter o valor de uma telenovela.
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