Quem enganou quem?
(por António Gentil Martins)
O recente referendo sobre o aborto fez-me recordar um velho filme intitulado ‘Com a verdade me enganas’. Vem isto a propósito das afirmações da dra. Edite Estrela (uma das ‘estrelas mediáticas’ do Movimento pelo ‘sim’... ), nos comentários que se seguiram ao conhecimento dos resultados do referendo e que, aliás, tinha sido usado na campanha que o precedeu.
Já um conhecido político inglês, (Benjamin Disraeli 1804-1881), afirmara que as estatísticas podem representar a maior das mentiras. E a realidade é que, uma meia-verdade consegue por vezes ser ainda mais enganadora, nefasta e perversa, do que uma completa mentira.
Afirmou a dra. Edite Estrela, ao querer contestar a minha afirmação (baseada nos números oficiais do Eurostat), que a liberalização do aborto levou sempre ao aumento do seu número... que tal não era verdade!
E deu como exemplo a Dinamarca (já que em relação aos números de Espanha não se quis pronunciar, certamente por saber que não lhe eram favoráveis e por larga margem…, já que, acreditamos, tenha estudado o assunto, antes de se meter a fazer campanha pelo ‘sim’).
Para ver quem, esperemos que inadvertidamente, enganou quem, basta citar que Edite Estrela se referiu ao número de abortos praticados após a lei de aborto a pedido (1973) ser implementada, ‘esquecendo’ que, embora com algumas regras, havia uma lei anterior que já o permitia, e essa, datada de 1959!
Ora, foi após essa lei, que “o aborto aumentou drasticamente”, passando de 3918 em 1960 para 24.868 em 1973 (ou seja, aumentou 635%!). E também parecerá evidente que a proporção de nascimentos/abortos terá sempre que atingir um limite superior, dificilmente ultrapassável. Isto sem falar já, que a introdução da chamada pílula do dia seguinte fará com que muitos dos abortos, praticados sem recurso aos hospitais, fiquem por declarar: e assim o número destes parecerá diminuir! E nem sequer vale a pena referir, de tão óbvio, que até um melhor planeamento familiar e uma melhor contracepção, deveriam, só por si, ter tido o mesmo efeito!
De facto, em 2005 o número de abortos registados foi de 15.103 (‘apenas’ 385% mais do que em 1960!). Mas, se a proporção abortos/nascimentos era de 4,9% em 1960 e em 1973 de 27,9%, não podem restar dúvidas sobre ‘os reais efeitos’ da facilitação do aborto.
Em 2005 a percentagem foi registada como sendo de 19%. Porém, esta aparente diminuição não esclarece que a natalidade em 1983 foi de apenas 50.822 (contra 71.321 em 1973) e que portanto as mulheres na idade mais fértil (entre os 20 e os 35 anos) eram em 2005, em muito menor número: Tomando isso em consideração facilmente se conclui que a verdadeira percentagem nascimentos/abortos, será, de facto, muito semelhante à de 1973 (27,9%).
O recente referendo sobre o aborto fez-me recordar um velho filme intitulado ‘Com a verdade me enganas’. Vem isto a propósito das afirmações da dra. Edite Estrela (uma das ‘estrelas mediáticas’ do Movimento pelo ‘sim’... ), nos comentários que se seguiram ao conhecimento dos resultados do referendo e que, aliás, tinha sido usado na campanha que o precedeu.
Já um conhecido político inglês, (Benjamin Disraeli 1804-1881), afirmara que as estatísticas podem representar a maior das mentiras. E a realidade é que, uma meia-verdade consegue por vezes ser ainda mais enganadora, nefasta e perversa, do que uma completa mentira.
Afirmou a dra. Edite Estrela, ao querer contestar a minha afirmação (baseada nos números oficiais do Eurostat), que a liberalização do aborto levou sempre ao aumento do seu número... que tal não era verdade!
E deu como exemplo a Dinamarca (já que em relação aos números de Espanha não se quis pronunciar, certamente por saber que não lhe eram favoráveis e por larga margem…, já que, acreditamos, tenha estudado o assunto, antes de se meter a fazer campanha pelo ‘sim’).
Para ver quem, esperemos que inadvertidamente, enganou quem, basta citar que Edite Estrela se referiu ao número de abortos praticados após a lei de aborto a pedido (1973) ser implementada, ‘esquecendo’ que, embora com algumas regras, havia uma lei anterior que já o permitia, e essa, datada de 1959!
Ora, foi após essa lei, que “o aborto aumentou drasticamente”, passando de 3918 em 1960 para 24.868 em 1973 (ou seja, aumentou 635%!). E também parecerá evidente que a proporção de nascimentos/abortos terá sempre que atingir um limite superior, dificilmente ultrapassável. Isto sem falar já, que a introdução da chamada pílula do dia seguinte fará com que muitos dos abortos, praticados sem recurso aos hospitais, fiquem por declarar: e assim o número destes parecerá diminuir! E nem sequer vale a pena referir, de tão óbvio, que até um melhor planeamento familiar e uma melhor contracepção, deveriam, só por si, ter tido o mesmo efeito!
De facto, em 2005 o número de abortos registados foi de 15.103 (‘apenas’ 385% mais do que em 1960!). Mas, se a proporção abortos/nascimentos era de 4,9% em 1960 e em 1973 de 27,9%, não podem restar dúvidas sobre ‘os reais efeitos’ da facilitação do aborto.
Em 2005 a percentagem foi registada como sendo de 19%. Porém, esta aparente diminuição não esclarece que a natalidade em 1983 foi de apenas 50.822 (contra 71.321 em 1973) e que portanto as mulheres na idade mais fértil (entre os 20 e os 35 anos) eram em 2005, em muito menor número: Tomando isso em consideração facilmente se conclui que a verdadeira percentagem nascimentos/abortos, será, de facto, muito semelhante à de 1973 (27,9%).
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