Um momento de esperança
Não sei se é só impressão minha, ou o blog tem estado parado nos últimos dias.
Não sei porque, mas eu começo a andar farto de tudo isto. Não suporto já estar a debater este tema junto dos meus colegas, muito menos na internet.
No entanto, hoje num intervalo entre aulas, lá tive que levar com algumas raparigas a debater a questão. Como sou o animal politico da turma, eu mesmo encostado a um canto, com medo de me meter, lá fui confrontado com uma situação. Uma rapariga minha amiga de infância, que ainda em Dezembro me tinha dito que ia votar sim, confrontou-me com a reacção de uma nossa amiga quando ela soube que ia votar não. Lá tentei acalmá-la, bastante contente com a escolha dela, e a pouco e pouco fui-me apercebendo que não éramos os únicos que iremos votar não. A pouco e pouco, durante o mês de Janeiro, vários colegas meus, sobretudo rapazes me confidenciaram que da indiferença ou do voto Sim, passariam a votar Não. Agora o que me surpreendeu foi a opinião de algumas raparigas. Até uma que eu sempre achei ser fanática do bloco, tal a quantidade de THC que consome, me disse que iria votar Não. Admito que fiquei bastante surpreendido. Quase todas elas se mostravam favoráveis à despenalização do aborto para a mulher, mas depois de verem o último Prós e Contras de certeza que ficaram a saber que a despenalização concreta só existirá se o Não ganhar. Já perceberam que a vitória do Sim conduzirá a uma liberalização.
Isto tudo depois de eu ter passado uma folha pela turma, para recolher assinaturas para o movimento cívico sedeado em Aveiro, e apenas 1 (um) colega meu ter assinado, em Dezembro.
O mais importante da conversa foi o fim: Todas concordaram que o Não iria ganhar, com uma certeza que me ultrapassava, embora eu tenha demonstrado alguma confiança.
Quanto à vitória, não adianto nada. Quanto à Chama, está bem viva! Quanto à Esperança, nunca perecerá!
Não sei porque, mas eu começo a andar farto de tudo isto. Não suporto já estar a debater este tema junto dos meus colegas, muito menos na internet.
No entanto, hoje num intervalo entre aulas, lá tive que levar com algumas raparigas a debater a questão. Como sou o animal politico da turma, eu mesmo encostado a um canto, com medo de me meter, lá fui confrontado com uma situação. Uma rapariga minha amiga de infância, que ainda em Dezembro me tinha dito que ia votar sim, confrontou-me com a reacção de uma nossa amiga quando ela soube que ia votar não. Lá tentei acalmá-la, bastante contente com a escolha dela, e a pouco e pouco fui-me apercebendo que não éramos os únicos que iremos votar não. A pouco e pouco, durante o mês de Janeiro, vários colegas meus, sobretudo rapazes me confidenciaram que da indiferença ou do voto Sim, passariam a votar Não. Agora o que me surpreendeu foi a opinião de algumas raparigas. Até uma que eu sempre achei ser fanática do bloco, tal a quantidade de THC que consome, me disse que iria votar Não. Admito que fiquei bastante surpreendido. Quase todas elas se mostravam favoráveis à despenalização do aborto para a mulher, mas depois de verem o último Prós e Contras de certeza que ficaram a saber que a despenalização concreta só existirá se o Não ganhar. Já perceberam que a vitória do Sim conduzirá a uma liberalização.
Isto tudo depois de eu ter passado uma folha pela turma, para recolher assinaturas para o movimento cívico sedeado em Aveiro, e apenas 1 (um) colega meu ter assinado, em Dezembro.
O mais importante da conversa foi o fim: Todas concordaram que o Não iria ganhar, com uma certeza que me ultrapassava, embora eu tenha demonstrado alguma confiança.
Quanto à vitória, não adianto nada. Quanto à Chama, está bem viva! Quanto à Esperança, nunca perecerá!
6 Comentários:
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Bravo!
Melhores Cumprimentos,
David Sanguinetti
Resposta a Frei Bento Domingues O.P.
P. António Vaz Pinto, SI
Importante, para todos, é informar e formar a consciência para que cada um possa decidir e agir em conformidade com a recta razão que é a norma ética. E é aqui que nos devemos situar: o que é conforme à razão, às exigências de natureza humana individual e colectiva?
Ao regressar ao Porto, domingo à noite, debrucei-me sobre a crónica de Frei Bento Domingues, O.P., "Por opção da mulher", como tantas vezes faço e tantas vezes com tanto gosto e proveito... Infelizmente, desta vez, brotou em mim a desilusão, a discordância e a necessidade imperiosa de lhe responder, no contexto de polémica instalada no país, mas muito para lá dela...
Limitado pelo tempo e pelo espaço, irei cingir-me a três tópicos referidos na sua crónica, que considero os mais importantes:
1. Consciência e norma ética.
Pode ser útil referir Aristóteles, S. Tomás de Aquino ou J. Ratzinger, o actual Papa, para relembrar que a suprema instância de decisão ética para o cristão, acima da própria suprema autoridade eclesiástica, o Concílio ou o Papa, é a consciência individual. É doutrina mais que tradicional.
Mas é bom ter presente que este princípio não vale apenas para a questão do aborto; se alguém se afirmar, cristão e simultaneamente, em consciência, defensor da escravatura, da pedofilia ou do racismo, que lhe dirá Frei Bento? Que lhe pode opor? Fica entregue a si próprio e a Deus...
Importante, para todos, é informar e formar a consciência para que cada um possa decidir e agir em conformidade com a recta razão que é a norma ética. E é aqui que nos devemos situar: o que é conforme à razão, às exigências de natureza humana individual e colectiva?
2. A problemática jurídica e penal e os limites da tolerância.
Numa sociedade laica e plural como é a nossa - e estou muito contente que assim seja -, os cristãos ou a Igreja não devem nem podem impor a sua "visão" aos outros membros da sociedade. Mas, tal como os membros de outras confissões, agnósticos e ateus, têm todo o direito e até o dever de propor valores e princípios, na busca de um denominador comum que permita a convivência, nunca totalmente pacífica, em sociedade...
É precisamente disso que se trata: o ordenamento jurídico de uma dada sociedade, incluindo o ordenamento penal, tem pressupostos e valores donde brotam as diversas normas. Por exemplo, em Portugal, é proibido o roubo, o homicídio, o racismo, a difamação, etc. Quer isto dizer que a sociedade portuguesa, através dos seus legítimos representantes, legisladores, assume como valores e pressupostos a propriedade, a vida humana, a igualdade racial, o bom nome, etc., consagrando-os como "bens jurídicos", a preservar e defender.
Essa é que é a questão que se coloca a todos nós, no próximo referendo: independentemente da nossa religião (ou ausência dela) em que modelo de sociedade queremos viver? Que valor consideramos maior? A vida humana, raiz de toda a dignidade e de todos os direitos, "inviolável", como diz a nossa própria Constituição (Artº 24, n. 1), ou consideramos que outros valores, vg. saúde, segurança, não humilhação, valem mais do que a própria vida?
Dir-se-á: mas ninguém é obrigado a abortar; proibir o aborto é impor aos outros as nossas convicções: proibir a escravatura, o racismo e a pedofilia também é impor as nossas convicções àqueles que pensam doutra maneira... ou será que essas proibições devem desaparecer do Código Penal?
Em cada momento, cada sociedade faz escolhas de carácter ético e, embora possa e deva, nas nossas sociedades pluralistas, deixar largas margens de liberdade e não se intrometer na vida e moral privada de cada um, tem de assegurar as normas jurídicas mínimas de convivência social. Quando a liberdade de um colide com a vida e a liberdade de outro, a sociedade pode e deve fazer escolhas e estabelecer limites. E estas escolhas são feitas sabendo-se de antemão que haverá quem não concorde, que haverá sempre maioria e minoria....
O pluralismo não pode ser ilimitado e a própria tolerância levada ao extremo autodestrói-se...
3. "Por opção da mulher"
Ao contrário da actual lei - com a qual não concordo, evidentemente (mas que tem o mérito de manter o princípio do respeito pela vida humana e da ilicitude do aborto, apenas abrindo excepções por razões ponderosas) - o que é proposto na pergunta agora colocada a referendo, embora se refira apenas a "despenalização do aborto", corresponde a uma realidade totalmente diferente: desde que praticado em estabelecimento de saúde autorizado e até às dez semanas, a prática do aborto, de facto e de direito, fica totalmente liberalizada e até financiada, dependendo apenas da vontade da mulher. Até às dez semanas, é o total arbítrio...
Será isto justo, saudável, estará de acordo com os fundamentos do modelo de sociedade, defensora dos direitos humanos e da dignidade da vida humana, que demorou tantos séculos a construir?
Se é certo que a mulher, na sociedade e na Igreja, foi e continua a ser injustamente discriminada, não parece sensato nem justo que se introduza agora uma discriminação positiva, em favor das mulheres, no campo jurídico e penal... O ser humano - homem e mulher - é capaz do pior e do melhor - sem distinção de sexo...
Apesar de saber bem o rol de sofrimento da mulher que muitas vezes acompanha a prática do aborto, as pressões, sociais, familiares e afectivas a que está sujeita (muitas vezes do próprio homem que contribuiu para a concepção do feto), entregar à mulher, em total arbítrio, a decisão de vida ou de morte de um ser humano não é justo nem democrático. E diria exactamente o mesmo, é evidente, se o homem fosse o decisor...
O combate ao aborto (que todos reconhecem como mal, incluindo os defensores do sim) não passa pela sua liberalização, mas pelo combate às suas raízes... Pais, escola, família, comunicação social, sociedade em geral, a Igreja e o Estado... todos temos culpas e todos temos muito a fazer... O apoio afectivo, psicológico, social e financeiro às mulheres - efectivo - é indispensável e urgente.
Não sei qual será o resultado do referendo próximo. Mas sei que a luta pela vida continua e que o que tem futuro na história da humanidade não é o que destrói, mas o que fomenta a promoção integral da vida humana: o homem todo e todos os homens, sem excepção. Isso é que é ser universal, isto é, "católico"...
Caro Frei Bento, espero encontrá-lo na próxima curva da nossa história, do mesmo lado, o lado da defesa dos direitos humanos, sem sim, nem mas...
in, "publico" dia 7.2.2007
Parabéns a mais um que conseguiu levar a água ao seu moinho! Se todos "angariarmos" um voto para o Não (roubando do Sim) há que continuar a acreditar!
Vejam...
http://www.azores.gov.pt/GaCS/Noticias/2007/Fevereiro/Presidente+do+Governo+vota+SIM+e+apela+=E0+participa=E7=E3o+no+referendo+de+domingo.htm
Isto não é crime?
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