quarta-feira, fevereiro 07, 2007

ELUCIDÁRIO SOBRE O ABORTO

Aproxima-se a data da realização do referendo sobre o Aborto. Por isso, resolvi propor-me a elaborar um elucidário pessoal, no qual pretendo expor algumas ideias pessoais sobre esta temática, desmistificando também alguns falsos argumentos a favor da penalização da Vida.


1. Como tal, há que começar pelo princípio, ou seja, pela noção básica de vida humana.

Por vezes, é usado na campanha a favor do aborto, o desconhecimento do real início da Vida. O que é totalmente falso, pois os actuais conhecimentos do desenvolvimento ontogenético e embrionário permitem afirmar que a vida animal começa no momento da fecundação, vulgarmente chamado de concepção.

Em poucas palavras, o Homem é um ser sexuado, ou seja, com diferenciação de género (masculino e feminino), tornando portanto possível a reprodução sexuada. Por sua vez, essa reprodução sexuada, só é bem sucedida quando ocorre a união das células sexuais masculinas e femininas, vulgarmente conhecidas por espermatozóide e óvulo. União da qual resulta o ovo ou zigoto. E segundo o estudo do desenvolvimento animal, é no zigoto que tudo se inicia, pois ele contém todo o material genético necessário ao desenvolvimento do novo indivíduo, ou seja, a partir deste momento mais nada lhe é acrescentado, o indivíduo autonomamente e sem mais interferências externas (excepto a alimentação via materna) iniciará o seu ciclo biológico.

O desenvolvimento animal é um processo contínuo que engloba três fases: embrionária, juvenil e adulta. O estado de zigoto – primeira etapa da Vida – por ser extremamente rápido, não chega a ser considerado fase, pois pouco tempo após a sua formação, ocorrem inúmeras divisões celulares, que o elevarão ao “estatuto” de embrião. Na fase de embrião, persistem as divisões celulares, que levarão ao movimento de territórios celulares já diferenciados, formando assim os diversos tecidos, órgãos e sistemas de órgãos. Na génese da espécie humana, o embrião é um “esboço” do indivíduo desde o estado zigoto até ao 2º mês (8ª semana). A partir desse momento o indivíduo, já com as mesmas características de um ser humano nascido, passa a denominar-se feto.

Algumas características do ser humano feto com 2 meses e meio (10 semanas):

- Mede 6 cm (cabe na palma da mão);
- Pesa 14 gramas;
- Tem olhos, nariz e dedos;
- Todos os órgãos vitais estão formados;
- O coração bate e é possível registar os seus batimentos.
- O cérebro está completo e a criança pode sentir dor.

Como ficou demonstrado por esta breve explicação, a ciência hoje em dia dá-nos a garantia que após a fecundação existe vida humana. Por isso, quando se fala de aborto, fala-se de duas vidas e não de uma. Contudo, ainda assim é habitual ouvir-se brutais argumentos do “Sim”, negando séculos de evolução e conhecimento, como por exemplo, que a Vida está simplesmente relacionada com a existência de cérebro. Argumento duplamente mentiroso, pois às 10 semanas já existe cérebro e mesmo que isso fosse verdade, então uma árvore não seria considerado Vida, pois não apresenta cérebro. Uma árvore seria então, segundo essa lógica, um objecto inútil para a natureza.

Por outro lado, nos últimos dias tem-se assistido a uma nova táctica do “Sim”, que apercebendo-se que o ser em questão vive, reconsideraram, e passaram a afirmar que «é vida, mas que não pode ser considerado uma pessoa, pois não tem consciência».

Quanto a isto digo que sim é um ser vivo e que também é uma pessoa, pois pessoa é toda a criatura ou individualidade pertencente à espécie humana. E ao que consta, esse ser foi fruto de uma relação humana, portanto também ele é humano.
Se tem consciência ou não? Bem, isso é uma questão puramente filosófica, que serve apenas para afastar as atenções daquilo que realmente interessa neste referendo. Mas mesmo que não tenha consciência, continua a não ser legítimo matá-lo. Fazendo uma comparação, também um cão não tem consciência, pois funciona através de reflexos condicionados. Pergunto então se por isso, é legitimo matá-lo?


2. Porém, a Vida que muitos questionam, encontra-se na verdade consagrada enquanto direito básico e inalienável.

Passo a citar o Artigo 3° da Declaração Universal dos Direitos Humanos:
«Todo indivíduo tem direito à Vida, à Liberdade e à Segurança Pessoal.»

Assim, ficou confirmado que o Aborto desrespeita na totalidade as leis fundamentais do Homem, sendo por isso um grave atentado à dignidade da pessoa humana, tanto na dimensão da Vida como nas dimensões da Liberdade e da Segurança Individual.

Mas, também a Constituição da República Portuguesa de 1976, a mesma constituição que foi aprovada pelos actuais “mandatários do Sim”, consagra a Vida como uma mais alta aspiração do país.
Passo a citar na íntegra o Artigo 24.º:

«1. A vida humana é inviolável.»
«2. Em caso algum haverá pena de morte.»


Fica também demonstrado que se o aborto for liberalizado, estamos perante uma lei anticonstitucional, pois viola o artigo 24.º da Constituição Portuguesa. Ou seja, para a lei do aborto a pedido ser verdadeiramente legal, é preciso primeiro mudar a Constituição.

Ainda assim, é vulgar ouvir alguns sofistas afirmar que o aborto restringe a liberdade da mulher. O que é mentira, pois liberdade é a faculdade de uma pessoa poder dispor de si. Por isso, jamais a vontade de um indivíduo não se pode sobrepor à liberdade de outro. Ou seja, a liberdade de uma pessoa acaba onde começa a da outra. Portanto, liberdade não é sinónimo de libertinagem, liberdade exige responsabilidade.
No caso do aborto, a única liberdade restringida é a da criança não nascida, à qual não é facultada a opção de viver ou morrer.


3. Dada a concepção de Vida e a sua consagração enquanto Direito inviolável, debrucemo-nos agora sobre a pergunta que irá ser posta em referendo:


«Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?»

A pergunta a ser referendada, é na realidade um embuste.
Pois, por um lado, foi aprovada pela maioria parlamentar do “Sim” e uma maioria, além de ser efémera, representa-se a ela mesma e nada mais. Ou seja, o “Não” não teve qualquer interferência na sua elaboração e aprovação, dando por isso à pergunta, uma certa tendência no sentido do “Sim”.

Por outro lado, os termos «despenalizar» e «interrupção» são palavras-chave permeáveis a uma falsa questão. Pois «despenalizar», significa, no sentido literal, «retirar a pena», e a Lei do Aborto (Lei n.º 6/84 de 11 de Maio) sofre um regime de excepção:

- Até às 16 semanas (4 meses) caso a gravidez resulte de uma violação;
- Até às 24 semanas (6 meses) caso o nascituro sofra de doença ou malformação grave;
- Até às 12 semanas (3 meses) caso a gravidez ponha em risco a integridade física e psíquica da mãe.

Ou seja, na verdade o que está em causa é a liberalização total do aborto até às 10 semanas, visto já se encontrar despenalizado, em alguns casos, até às 24 semanas e em estabelecimento legal de saúde.

Porém, também o termo «interromper» foi ardilosamente usado, pois «interromper» significa, «parar por algum tempo», e ao que me consta o aborto é para sempre, desconhecendo por isso quaisquer casos em que a mãe tenha voltado a ficar grávida do mesmo filho ou já para não falar de uma eventual ressurreição do bebé.

Chamo também a atenção para o termo «por opção da mulher». Como homem, considero que esta opção discrimina, numa primeira instância, sexualmente os homens. Pois uma gravidez diz respeito tanto ao pai como à mãe. Um filho tem dois progenitores, e estar a eliminar a importância do pai, relegando única e exclusivamente esse papel para mãe, é estar mais uma vez a condenar as mulheres a um segundo plano. Um plano subserviente perante o homem, que se encontra desresponsabilizado de qualquer culpa perante a lei. Ou seja, em segunda instância, a verdadeira discriminação é em detrimento da mulher que é abandonada por uma lei injusta de um Estado isento de compromissos.
Pergunto, por isso, se existe algum homem que gostaria que a sua parceira abortasse, sem lhe dar a mínima satisfação de tal acto?
Ou se alguma mulher gostaria de carregar o peso da gravidez e da decisão de abortar sozinha?

Outra vigarice da pergunta, relaciona-se com a questão temporal, pois utilizar «semanas», para definir o tempo de gestação é uma forma de branquear a realidade temporal, pois o comum dos portugueses olha para a palavra «semanas» como uma escala temporal insignificante, sem pensar por isso que 10 semanas são na verdade 2 meses e meio, ou seja, uma gravidez já algo avançada.

Em relação à proposta da “despenalização”, pergunto porquê 10 semanas? E porque não 20 ou 30 semanas? Até às 10 semanas é legal e após as 10 semanas já é crime? A que conclusões chegaram para definir essa escala temporal? Serão 10 semanas a fronteira moral entre a legalidade e a ilegalidade? Qual é a diferença entre um feto de 10 semanas e um de 10 semanas e 1 dia? Será o de 10 semanas e 1 dia humano e outro não?
Aceitam-se respostas conclusivas.



4. Uma situação sintomática de despotismo relaciona-se com o abuso de funções.

Todos sabemos que o Primeiro-ministro, o Ministro da Saúde, outros membros do Governo e até magistrados com funções de Estado, já fizeram por várias vezes campanha pelo “Sim”. Mas, se virmos o Artigo 206.º da Lei Orgânica do Regime do Referendo, constatamos que se um cidadão investido de poder público – funcionário, agente, ministro ou pessoa colectiva do Estado – se sirvam abusivamente das funções ou do cargo para induzir eleitores a votar ou a deixar de votar em determinado sentido são punidos com pena de prisão até dois anos ou com pena de multa até 240 dias.

O problema surge, pois como sabemos se estamos perante o cidadão independente ou perante a pessoa investida de poder público? Também Cavaco Silva poderia ter despido a pele de Presidente da República e entrado na campanha assumindo-se como cidadão. Não o fez, pois teve consciência que é impossível dissociar a pessoa do cargo. Uma atitude de louvar. Pois, na minha opinião apenas o Presidente da República foi honesto, ao deixar a sociedade civil intervir por ela própria, sem tirar dividendos dessa situação. Mas, infelizmente, nem todos são honestos.


5. Contudo, o abuso de funções por parte dos órgãos de soberania e a orientação tendenciosa da pergunta, não são tudo.

Na realidade, o acórdão n.º 617/2006 do Tribunal Constitucional, o mesmo acórdão que legitimou a constitucionalidade do referendo, apenas torna públicos os projectos chumbados do PCP, BE e Verdes deixando assim de fora o projecto do PS, que curiosamente foi o projecto aprovado e que curiosamente pertence ao partido do Governo.

Ou seja, possivelmente, estamos perante o maior acto ilícito deste pouco lícito referendo, visto que, o projecto aprovado não foi nem legitimado nem publicado pelo Tribunal Constitucional a Novembro de 2006.
Mas como poderia o Tribunal Constitucional, aprovar um projecto anticonstitucional, pois viola o artigo 24º da Constituição Portuguesa?
Como diz o povo, o projecto passou “pela porta do cavalo”.

Todavia, problema de maior relaciona-se com a enorme patranha lançada pelo partido do Governo, visto que o “obscuro” projecto, além de não ter sido apresentado aos cidadãos portugueses, é na verdade de Abril de 2005 e propõe alterações no Código Penal de modo a permitir – por razões de natureza económica e social – o aborto livre até às 16 semanas. Ou seja, não estamos perante uma possível liberalização até às 10 semanas, mas sim até às 16 semanas (4 meses).
Assim se compreende o porquê da relutância do Governo em aceitar o pacote de medidas anti-corrupção do deputado João Cravinho.
O exemplo vem de cima!



6. Um facto muitas vezes esquecido é o de que o aborto não é um acto médico.

Pois um acto médico é todo aquele que está sob o Juramento de Hipócrates.
Para melhor compreensão, passo a citar tal juramento:

«Eu juro, por Apolo, médico, por Esculápio, Higia e Panaceia, e tomo por testemunhas todos os deuses e todas as deusas, cumprir, segundo meu poder e minha razão, a promessa que se segue:

- Estimar, tanto quanto a meus pais, aquele que me ensinou esta arte;
- Fazer vida comum e, se necessário for, com ele partilhar meus bens;
- Ter seus filhos por meus próprios irmãos;
- Ensinar-lhes esta arte, se eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem remuneração e nem compromisso escrito; fazer participar dos preceitos, das lições e de todo o resto do ensino, meus filhos, os de meu mestre e os discípulos inscritos segundo os regulamentos da profissão, porém, só a estes.
- Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém.
- A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza a perda.
- Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma substância abortiva.
- Conservarei imaculada minha vida e minha arte.
- Não praticarei a talha, mesmo sobre um calculoso confirmado; deixarei essa operação aos práticos que disso cuidam.
- Em toda a casa, aí entrarei para o bem dos doentes, mantendo-me longe de todo o dano voluntário e de toda a sedução sobretudo longe dos prazeres do amor, com as mulheres ou com os homens livres ou escravizados.
- Àquilo que no exercício ou fora do exercício da profissão e no convívio da sociedade, eu tiver visto ou ouvido, que não seja preciso divulgar, eu conservarei inteiramente secreto.

Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida e da minha profissão, honrado para sempre entre os homens; se eu dele me afastar ou infringir, o contrário aconteça.»

Assim, constata-se que o aborto não é um acto médico, e promovê-lo como tal é distorcer o fundamento da medicinaa defesa de toda a vida humana.
Por isso, nem a gravidez é doença, nem o aborto é uma questão de saúde pública. O aborto é o acto de retirar uma vida, o que significa portanto o incumprimento do Juramento de Hipócrates. E médico que não cumpra esse juramento, não pode ser tratado como um profissional, mas sim como um mercenário, que exerce “medicina” com a finalidade de tirar partido desta.



7. É também usual entre os penalizadores da Vida, afirmar que o “Não” ao Aborto é apenas um dogma “anti-progressista” católico.

Ora bem, o aborto é na verdade um assunto que diz respeito a toda a sociedade, inclusivamente aos grupos religiosos. Pois, também eles têm o direito à liberdade de opinião.
Mas, verdade seja dita, não foram só os católicos a manifestar-se contra o aborto, também protestantes, muçulmanos, hindus e budistas deram preferência à Vida. E negar o direito à opinião é afirmar a censura.

Além disso, também alguns libertinos ficaram escandalizados perante as declarações do Papa, em que comparou o Aborto ao Terrorismo. Mas, em primeiro lugar e como já referi, o Papa como representante do maior grupo religioso do mundo, tem o direito a manifestar a sua opinião. O que é na realidade escandaloso, é evitar a todo custo que também a Igreja entre na campanha do referendo, pois o objectivo do referendo é precisamente chamar todos os grupos sociais a intervir. O que me leva a concluir que existe um boicote na tentativa de marginalizar o maior grupo social português (católicos).

Depois, e voltando à comparação do Papa, ocorre-me perguntar aos liberalizadores se o Papa tivesse comparado a Fome, na sua dimensão trágica, ao Terrorismo, se também teriam reagido com tamanha indignação? Não me parece.

E já que falo na Igreja Católica, aproveito para expressar o meu espanto perante a fraca qualidade de algum jornalismo mercenário, que tenta conotar a campanha oficial do “Não” com pequenos actos isolados de alguns vigários nas suas paróquias. Refiro-me em especial aos panfletos elaborados por alguns padres e pelas oratórias feitas durante as suas homilias. Ora bem, o “Não” possui uma plataforma oficial de campanha, a “Não Obrigada”, portanto esses actos isolados não passam disso mesmo. E vejo-os, despreocupadamente, apenas como um protesto pessoal de cidadãos, independentes e livres. Protesto que felizmente está consagrado enquanto Direito, na Constituição da República Portuguesa.



8. Existe também a ideia generalizada que o aborto é uma medida de combate à pobreza e exclusão social e também um útil método contraceptivo para as famílias carenciadas.

Ora, um método contraceptivo, é um processo de evitar ter filhos, ou seja, evitar a gravidez. Por isso, o aborto não é um modo de evitar ter filhos, o aborto é um modo de “eliminar” o filho, que já existe de facto.

Em relação à «chaga social» de Sócrates, bem, na minha opinião esta só se combate, dando e não roubando vidas. Pois, afirmar que o aborto é um meio de combate à pobreza, é o mesmo que dizer que a única forma de erradicar a pobreza é matar os pobres. Como disse metaforicamente o professor Lejeune (cientista francês que identificou o Síndrome de Down): «Não se pode lutar contra a doença, suprimindo-se o doente».

Na verdade, o aborto nada tem haver com a pobreza e de forma alguma pode ser justificação para ela. O aborto é apenas uma forma, de tapar o sol com a peneira. Pois, as famílias pobres continuarão a ser pobres, só que desta feita menos numerosas, o que será realmente satisfatório para o Estado, pois representa uma ajuda na eliminação do défice financeiro, visto evitar dar tantos benefícios e comparticipações aos que mais necessitam. Todavia, cria-se um enorme défice humano e social, ou seja, abre-se um buraco para tapar outro.

Contudo, segundo um estudo divulgado pela Associação para o Planeamento Familiar, apenas 14% das mulheres que aborta clandestinamente, alega motivos económicos. Este estudo revelou também que a ignorância continua a sair vencedora, pois 46.1% das mulheres que aborta, alega desconhecer anticoncepcionais.

Então o que falha? O mesmo de sempre. O Estado português, continua a fugir às suas obrigações, que são propiciar os direitos, liberdades e garantias aos cidadãos. Se não para que servem os impostos, que não para dar aos contribuintes as condições mínimas exigidas? Condições mínimas, que neste caso, passam pela implementação de medidas positivas, como o apoio e incentivo à natalidade, a protecção da maternidade, maior acompanhamento e planeamento familiar, facilidade de adopção, maior informação da sociedade civil, uma formação e educação sexual responsáveis e gratuitidade de contraceptivos. E como cidadão contribuinte, choca-me que a única solução que o Estado português apresenta às mulheres desapoiadas seja o aborto.

Passo também a referir alguns dados comparativos:
[fontes Correio da Manhã e PortugalDiário]

Em Espanha, país onde o aborto é livre, cerca de 92.000 mulheres abortaram em 2005 – mais 8% do que em 2004 – sendo 97% deles, feitos em clínicas privadas. Cada mulher paga entre 360 a 400 euros. O volume de negócio das clínicas, declarado ao estado espanhol no final do ano de 2005, foi de 36 milhões de euros. As projecções apontam para 100.000 abortos em 2006. Em Espanha o aborto só é permitido em caso de malformação do feto, risco de saúde para a mãe, ou caso de gravidez resultante de violação.

Estes factos permitem concluir que existe um negócio em torno do aborto. Um negócio duplamente sujo, visto tratar-se de um crime sobre outro crime. Um crime que não vem beneficiar as famílias mais carenciadas, mas sim uma certa classe de “carniceiros” inscritos na Ordem dos Médicos, que apenas se irão servir do desespero alheio, montando assim lucrativos “abortadouros”. E curiosamente, mesmo ainda sem a vitória do “Sim”, já várias clínicas privadas contactaram a Direcção-Geral de Saúde para procederem a abortos legais em Portugal. Nessas mesmas clínicas, os preços praticados podem ir desde 450 a 1000 euros, várias vezes mais caro do que em Espanha. Estamos portanto, perante um “boom” de proliferação de clínicas privadas e consequentemente um aumento exponencial do número de abortos a preços estrondosos.
Com isto se compreende a enorme pressão de certos grupos interessados na liberalização do aborto, entre eles o próprio Governo, cujo lema é «Jobs for the boys».

Considero, também importante lembrar que escolher o “Sim” significa escolher o facilitismo e a irresponsabilidade sexual, pois tornar o aborto a pedido legal, significa deixar de lado qualquer método contraceptivo.
Pois, para quê nos preocuparmos com anticoncepcionais, se existe aborto livre?
Mais uma vez o Estado “mole”, não cumpre o seu papel, deixando a sociedade desprotegida sem acompanhamento. Por isso, acredito que se o aborto a pedido for legalizado, o aumento de doenças sexualmente transmissíveis como a SIDA, serão uma consequência directa dessa “despenalização”.



9. É normalmente usada, pelos apoiantes mais reaccionários do “Sim”, a justificação de que a mulher é dona do seu corpo, tendo por isso o chamado «Direito de Abortar».

Ora bem, que a mulher seja dona do seu corpo, isso ninguém nega, contudo o filho que ela carrega no ventre não é propriedade dela, nem tão pouco faz parte do seu corpo. Um feto é o filho da mulher e não a própria mulher. Por isso, um feto jamais pode ser comparado a um rim ou a um fígado. O feto é um ser humano em franco desenvolvimento, com coração, cérebro e identidade própria, que em condições normais, nascerá e prosseguirá a sua fase maturação – que só se completa na idade adulta. Por isso, ninguém, nem mesmo a mãe, têm o direito ou a liberdade, de destruir essa identidade. A mulher apenas o direito de decidir se concebe ou não um filho. E não o direito de rejeitar a sua existência.

Fazendo uma comparação com as aves, verifico que a lógica de «na minha barriga mando eu» cai por terra, pois nas aves o desenvolvimento embrionário dá-se no exterior – vulgarmente conhecido por ovo – ao contrário dos mamíferos, em que a génese embrionária se desenvolve no interior do corpo materno. Ou seja, nas aves essa questão já não se põe, visto que o feto desenvolve-se no exterior do corpo materno. Então pergunto qual o sentido dessa “lógica possessiva”?

Além disso, essa teoria é também perigosamente semelhante à escravatura, em que uma pessoa era tratada como uma “coisa humana”, propriedade de outro ser humano, sendo até desprovido de alma – tal como no feto, segundo os esclavagistas do “Sim”. Realmente as semelhanças são chocantes. Todavia, a única diferença reside no facto que o escravo tinha, por vezes hipótese de fuga, o que não acontece no bebé, que se encontra subjugado à vontade de uma pessoa à qual chamaria de mãe, e à mercê de uma lei de um Estado isento de responsabilidades, que permite o homicídio até aos 2 meses e meio (10 semanas).



10. Um argumento comum na campanha pelo “Sim” é o de afirmar que «sempre se fez e sempre se fará, portanto à que torná-lo legitimo». Ou pior ainda como disse a procuradora geral adjunta, Maria José Morgado, «A lei perdeu a força, mantê-la no Código Penal, além de uma hipocrisia, é uma porta aberta a excessos totalitários».

Em relação a isto surge-me a comparação com o fenómeno dos assaltos, pois sempre se fizeram e sempre se farão, será então correcto torná-los legítimos? Obviamente que não. Pois, um roubo é um roubo, independentemente da frequência com que ele ocorre. Por isso, de forma alguma é hipocrisia por parte dos assaltados, não concordarem que o roubo é um acto legítimo, porque na verdade não o é, nem nunca o será.

A declaração da procuradora geral adjunta falhou também noutro aspecto, quando referiu que punir o aborto é uma porta aberta a totalitarismos. Pois bem o significado de totalitarismo é literalmente, a essência ou ideologia da totalidade, ou seja, uma ideologia de massas que se pretende que chegue a toda a sociedade. O que me leva a pensar que a declaração da Dra. Maria José Morgado é um enorme contra-senso, pois é precisamente tornando o aborto a pedido legal, que ele será de livre acesso a toda a sociedade. O aborto liberalizado é um acto legitimado, portanto aberto a toda a sociedade e consequentemente a «excessos totalitários».



11. Outro argumento falacioso do “Sim”, é afirmar que a liberalização do aborto «terminará com a prisão de mulheres que tenham cometido aborto». Afirmação falsa por diversas razões.

Em primeiro lugar, não se trata da prisão de mulheres, mas sim, possivelmente, de médicos, enfermeiros, parteiras ou outras pessoas que tenham perpetrado esse bárbaro crime, sejam elas mulheres ou homens, não interessa o género. Contudo e ao contrário do que o “Sim” afirma, não existe nenhuma “mãe” presa por prática de aborto, esse argumento trata-se de uma mentira, daquelas que ditas várias vezes tornam-se verdade absoluta.

Por outro lado, se o aborto for liberalizado até às 10 semanas, às 10 semanas e 1 dia será crime perante a lei. Por isso pergunto, qual a legitimidade moral de um tribunal julgar uma pessoa que tenha cometido aborto às 10 semanas e 1 dia, se às 10 semanas esse mesmo acto não é crime? Na minha opinião, é essa questão moral que evita qualquer condenação. Mas, na verdade, o acto é o mesmo, só a questão temporal é que é diferente. Por isso se é crime às 10 semanas e 1 dia, necessariamente também às 10 semanas será crime. E considerar que um certo grupo é legítimo de ser julgado, enquanto outro, também ele criminoso, se encontra acima da Lei, é o mesmo que permear uma Oligarquia (governo corrupto de alguns).

Nesta questão judicial, o meu “Não” considera que deve ser feita justiça. E justiça, significa dar a cada um aquilo que merece. Ou seja, se há alguém a ser preso são apenas as pessoas que vivem à custa do aborto e que o exerçam de forma continuada. Refiro-me a certos “médicos” e a outros homicidas que tenham cometido o crime de aborto. Em relação às mães, considero que elas merecem é apoio, pois julgo que a maioria das mulheres não faça um aborto por prazer, mas por diversas questões de ordem social, económica e educacional. Por isso, o mal do aborto é um mal estrutural e desnecessário, que podia ser evitado, caso o Estado português cumpri-se o seu dever, apoiando a maternidade e dando maior protecção às famílias. Pois como podemos ter uma sociedade justa se a família – a sua célula fundamental – se encontra desprotegida e desapoiada?

Chamo também a atenção para a hipocrisia do “Sim” que manifesta horror para com a suposta «prisão das mulheres», mas que não fica horrorizado pelo facto de que se um cidadão comum destruir um ninho de cegonhas ou matar um lobo, poder vir a cumprir uma pena de prisão até 3 anos, prevista pelo Código Penal.



12. Aproveito também a oportunidade para fazer um ponto da situação na campanha do referendo.

Começámos por assistir a uma campanha agressiva e radical por parte do “Sim”, em que as palavras de ordem eram: «não existe vida», «na minha barriga mando eu» e «a mulher tem o direito de abortar por opção». Contudo, deu-se uma viragem propositada nesse discurso fundamentalista, visto não estar a colher os frutos pretendidos. Assim o discurso do “Sim” amoleceu, de tal forma que actualmente afirmam: «somos contra o aborto, apenas não queremos mulheres presas». Bem esta é das maiores artimanhas na campanha pró aborto, pois como se pode ser contra o aborto se, se responde “Sim” a uma pergunta que visa à legitimidade do mesmo? E como podem afirmar que não querem mais mulheres presas, se a “despenalização” é só até às 10 semanas? Na minha opinião, esse argumento falacioso cria o efeito contrário, dando pontos percentuais ao “Não”, que se souber rebater convenientemente essa falácia, não terá dificuldades em ganhar o debate.

Em relação ao “Não”, verificamos que semana após semana, tem vindo a subir nas intenções de voto. Considero que esta subida se deve à boa campanha de esclarecimento, mostrando aos portugueses que quando se fala de aborto, fala-se de duas vidas e não de uma. Assim, a primeira fase da campanha do “Não”, foi ultrapassada com um enorme sucesso. A segunda fase é a fase determinante, e que na minha opinião devia consistir em mostrar que se o “Sim” ganhar, as injustiças persistirão e serão até ampliadas, pois o aborto passará a ser a pedido sem que qualquer justificação, o aborto clandestino também continuará a existir, e as “mães” que abortam também continuarão a ser criminosas.
Na minha opinião, o “Não” tem argumentos mais fortes e se os souber articular de forma inteligente por certo vencerá o referendo.



13. Posto isto, termino este elucidário pessoal sobre o referendo, citando, na minha opinião, um dos maiores humanistas da História, o Papa João Paulo II:

«É totalmente falsa e ilusória a comum defesa, que aliás justamente se faz, dos direitos humanos – como por exemplo o direito à saúde, à casa, ao trabalho, à família e à cultura, – se não se defende com a máxima energia o direito à vida, como primeiro e frontal direito, condição de todos os outros direitos da pessoa.

(…)

Quando a lei, votada segundo as chamadas regras democráticas, permite o aborto, o ideal democrático, que só é tal verdadeiramente quando reconhece e tutela a dignidade de toda a pessoa humana, é atraiçoado nas suas próprias bases: Como é possível falar ainda de dignidade de toda a pessoa humana, quando se permite matar a mais débil e a mais inocente? Em nome de qual justiça se realiza a mais injusta das discriminações entre as pessoas, declarando algumas dignas de ser defendidas, enquanto a outras esta dignidade é negada? Deste modo e para descrédito das suas regras, a democracia caminha pela estrada de um substancial totalitarismo. O Estado deixa de ser a "casa comum", onde todos podem viver segundo princípios de substancial igualdade, e transforma-se num Estado tirano, que presume poder dispor da vida dos mais débeis e indefesos, como a criança ainda não nascida, em nome de uma utilidade pública que, na realidade, não é senão o interesse de alguns.»

[Por Demokrata]

12 Comentários:

Anonymous Anónimo escreveu...

Apoio, tal qual Frei Bento Domingues, a vontade plena pelo uso da consciência liberta.

E a consciência não é colectiva...

E essa mesma consciência é o bem maior, supremo, que realmente concretiza a pessoa, para lá do ser humano, da forma de vida e de outros imaginários entes sobrenaturais.

Quando alguma tipificação sócio-ideológica tenta restringir o pleno usofruto da consciência individual sobre a própria pessoa (e numa grávida, como constata o teólogo e filósofo Anselmo Borges, só existe uma pessoa: a mãe...) a interface do indefínivel totalitarismo kafkiano emerge até à concreticidade.

E a concreticidade aqui emergente é óbvia: aqueles que pretendem impôr a TODOS (e não somente a eles próprios!) um «modo de usar» da consciência.

A isso, NUNCA.

Ao referendo do dia 11 SIM.

2/07/2007 10:34:00 da manhã  
Blogger David Sanguinetti escreveu...

Caro enigma,

Desculpe se a pergunta é muito directa, mas o meu amigo é anarca?

Melhores Cumprimentos,
David Sanguinetti

2/07/2007 12:07:00 da tarde  
Blogger David Sanguinetti escreveu...

Caro demokrata,

Gostei imenso do seu texto. Para o melhorar um pouco mais, penso que seria bom colocar alguns negritos.

Aproveito para dar o link para um trabalho feito com um propósito semelhante:

http://blogdefrente.blogspot.com

Continuação de um Bom Trabalho!
David Sanguinetti

2/07/2007 12:25:00 da tarde  
Anonymous Anónimo escreveu...

Inquietações:

Se a vida é eterna, se somos eternos e engendrados amorosamente em Deus desde toda a eternidade, porquê esta obsessão que os humanos têm apenas com a vida terrena (aquela que começa na concepção e termina na morte)?

Porque não aprofundamos mesmo a questão e, uma vez que existimos desde toda a eternidade, isto é, antes da concepção e para além da morte, não pomos a hipótese de talvez, sim talvez, nem sempre seja bom nascer em determinadas circuntâncias?

E se a entidade que já somos antes, estiver sujeita a este condicionalismo fisiológico da concepção, independentemente da sua vontade?

Se já é uma Vida , porque o condenamos sempre a uma existência terrena seja ela favorável ou não?
E se essa vida/alma tiver outras oportunidades de se vestir com um outro corpo humano, em outro momento de concepção impregnado de amor, (sim, porque acredito que esta é apenas uma vestimenta para a minha alma)?


Sendo assim, pode ou não pode ser um acto de amor, interromper uma gravidez? E pelo contrário, prossegui-la um erro grosseiro e egoísta, uma irresponsabilidade?

E já agora, este apego desmedido à vida e o apego que impomos a todas as mães para terem os filhos quer ela queira quer não, não será apenas um vício?

Um vício que se manifesta em tantas coisas, (por exemplo em ter filhos para cuidarem de nós na velhice e em todos os os actos de egoísmo tantas vezes disfarçados de abnegação), mas que se manifesta principalmente nesta absoluta doentia relação com a morte que as sociedades cultivam.

Acredito que Deus é Amor. E sinceramente acho que na infinitude Dele e da Vida, não dará assim tanta importância a esta ideia tão limitada da concepção que fazemos da vida apenas terrena.
"Deus dá a Vida, só Deus a pode tirar" Exactamente : tirar a vida, podemos dizer que nos tira a vida (terrena) a todos, não obstante, não deixa de nos amar ! Muito pelo contrário (acho eu)É o nosso assassino amoroso por excelência! Se a vida terrena fosse assim tão intocável, Ele, que é de uma Sabedoria e Amor infinitos... tirá-la-ia logo a todos, sem excepção?

Tenho pensado mesmo muito sobre o que Cristo faria neste referendo. Por todas estas razões, custa-me a crer que ele impusesse uma continuação de gravidez a qualquer mulher que o não desejasse profundamente.

Mas isto sou eu... talvez errada, como todos podemos estar errados e só um dia no seio de Deus teremos a resposta. Sendo assim, porquê impor as nossas ideias a todos os outros nossos irmãos, enfiarmo-nos nas suas consciências e fazermos de Deus?

2/07/2007 03:10:00 da tarde  
Blogger David Sanguinetti escreveu...

Este comentário foi removido pelo autor.

2/07/2007 04:01:00 da tarde  
Blogger David Sanguinetti escreveu...

Humm... Isso é discurso a la presbítero Mário da Lixa.

Deve-se dar a importância que tem...

2/07/2007 04:04:00 da tarde  
Anonymous Anónimo escreveu...

Eu fico aterrado com algumas opiniões que vejo expressas por pessoas que até demonstram ter algum conhecimento, devido a formação ou a simples meditação. Respeito as opiniões de frei Bento Domingues mas não posso concordar com o que por ele vi escrito sobre o referendo. Parece-me uma posição de "contentar a dois senhores" e isso é precisamente o que Cristo alertou para que se não fizesse!

E, quanto ao autor do comentário subordinado ao título "inquietações", com tantas referências ao amor de Deus, não resisto a dizer o seguinte.

1º. Deus não se contradiz a Si próprio;
2º. Deus deu ao Homem a liberdade de O amar ou não, consubstanciada na possibilidade de praticar o Bem ou o Mal; se o Homem não tivesse sido criado com essa possibilidade era mero autómato;
3º. A vontade de Deus está expressa nos Seus Dez Mandamentos, como crêem os cristãos - TODOS - e os Judeus;
4º. Idêntica doutrina consta do Alcorão;
5º. Em todas essas religiões se crê que o início da existência ocorre com a concepção; desde toda a eternidade só existe Deus;
6º. De Deus não pode vir mal algum porque Ele é o Sumo Bem; nenhum mal vem de Deus.

Daí que não entenda a confusão que expressa. A ideia que deixa de Deus não é nem pode ser a do Deus em que acredito - o da Bíblia, dos cristãos (católicos ou não, dos judeus, dos muçulmanos). O que vi descrito parece-me fazer uma confusão com a ideia de Deus presente na filosofia oriental, do induísmo ou do budismo... Aí, sim acreditam na reencarnação!
Mas partir daí para defender que com o aborto até se pode fazer um favor à criança que iria nascer... NÃO!!!
Matar é sempre mal. Se Cristo fosse votar não tenha dúvidas de que defenderia a VIDA e votaria NÃO! DEUS não se contradiz a Si Próprio...

2/07/2007 08:27:00 da tarde  
Anonymous Anónimo escreveu...

Texto extrêmamente útil, claro, informativo e muitíssimo bem escrito. Abordou (quase) todos os aspectos primordiais do debate em questão, menos dois, que, na minha modesta opinião, deveríam ser trazidos quanto antes à discussão. Antes do dia 11 e depois dele. Que são:
- E quantos crimes são praticados quando uma grávida está à espera de gémeos, trigémeos, quadrigémeos e até 5, 6, 7, 8 gémeos - casos como o aquela mãe espanhola que há cerca de 8 ou 9 anos deu à luz 6 ou 7 gémeos, ou como a outra norte-americana que foi mãe de 8 bebés, há 9 ou 10 anos, havendo milhares de casos destes - sem que disso tenha ainda conhecimento, ou mesmo que o tenha, decide abortar? Nestes casos de múltiplos gémeos e eles acontecem cada vez mais no mundo, quantos crimes são cometidos com uma simples ida ao hospital para abortar legalmente? Serão certamente cometidos tantos homicídios quantos os fetos em gestação. Nunca se falou nestes múltiplos crimes e que parece serem de somenos importância na pré-campanha ou na campanha do referendo, ou pelo menos de que eu tenha tomado conhecimento, até mesmo nos Blogs, os quais, aliás, têm sido incansáveis em fornecer informação útil.

- E os pais, jovens ou menos jovens, que originaram as gravidezes e de quem quase ninguém fala - como refere e bem no seu texto, mas que pouco desenvolveu - e que têm a sua (enormíssima) quota parte de responsabilidade, tanta ou mais do que a grávida que aborta por ser normalmente muito jovem, por vezes ainda uma criança, sendo a culpabilidade dos rapazes muito superior nestas gravidezes precoces, mas por ELES totalmente ignoradas e/ou rejeitadas, o que origina a que rapariga grávida, por temôr, vergonha, rejeição do bebé pela família, troça dos amigos e colegas e/ou abandono do namorado, encare o aborto como a única alternativa possível à sua situação, queira ou não praticá-lo e na maioria das vezes não quer. Eles, os futuros pais, porém, ficam tão horrorizados com a 'boa nova' que não se predispôem de modo algum a assumir as suas responsabilidades e deixam as raparigas (que eles engravidaram por ignorância, desleixo e/ou egoísmo) 'às aranhas', com o ónus tremendo de terem que resolver completamente SÓZINHAS - elas próprias nem sabendo como a gravidez aconteceu ou sequer o que ela significa - o gravíssimo problema que têm entre mãos. E a pergunta que se põe é: porque não são estes rapazes, em princípio mais culpados do que as raparigas pelo sucedido, chamados a assumir as suas responsabilidades como futuros pais e, se fosse caso disso, punidos criminalmente pelo acto cruel e desumano que voluntáriamente 'obrigaram/obrigam' as raparigas a praticar (sim, obrigam, porque se elas fossem apoiadas na sua precoce gravidez pelos namorados, não abortaríam, como elas próprias referem quando interrogadas)? Para conceber um filho não serão precisos um homem e uma mulher, os espermatozóides de um e os óvulos da outra? Então porque é que só a rapariga sofre as consequências de uma gravidez inesperada, que nem sabe como aconteceu, quando o rapaz é tão ou mais culpado do que ela e aqui só estamos a falar de raparigas muito jovens e crianças, não de adultas que, em princípio, sabem o que fazem.
E já se pensou quantos milhares de jovens, muitas delas pouco mais do que crianças, são levadas a praticar um aborto (dois, três, ou mais) porque de uma relação sexual fortuita, ou não, resultou uma gravidez indesejada sobretudo pelo rapaz, mas é sempre ele que primeiramente dela se desresponsabiliza, esquecendo ou fazendo por esquecer, que o acto sexual que a originou foi praticado "a dois", fugindo da rapariga, mudando de cidade, ausentando-se do país ou desaparecendo da sua vista para sempre, mas se não fôr este o caso, isto é, se eles não negarem o acto praticado, então começam por duvidar dele, ou aconselham de imediato a rapariga (ela própria assustada e cheia de incertezas) a abortar... caso contrário ameaçam com o término da relação; outros rapazolas, os mais desempoeirados e espertalhaços, juram às raparigas amor eterno... mas aconselham-nas a abortar o filho que transportam no ventre porque - justificam-se - não têm idade nem maturidade suficientes, nem condições materiais para assumir o excessivo encargo de educar uma criança, a qual não teve culpa alguma de ter sido gerada, como igualmente pouca ou nenhuma terá tido a jovem que se encontra a braços com um problema tremendo, completamente SÓZINHA e que TERÁ DE O RESOLVER e tudo porque foi na 'conversa fiada' do namorado, colega, amigo, o que seja, que, com falinhas meigas a isso a 'convenceu' e a que ela, por ignorância, inexperiência, pouca idade, pena - elas acentuam sempre este sentimento, terem 'pena deles' - necessidade de carinho e talvez amor, cedeu?!?
Quantos casos destes há no mundo, em que os futuros pais desaparecem e nunca são procurados por quem de direito e portanto não punidos pelo abandono da mãe, que entretanto o foi ou não, dependendo da decisão tomada - qualquer que esta tenha sido é sempre grave e responsabiliza também o pai - mas da qual ele completamente se descartou? Milhões certamente.

Quando estas jovens levam as gravidezes a seu termo a contragosto dos namorados, a maioria delas ainda crianças, sobretudo nos Estados Unidos, mas também já vai sendo norma e moda na Europa e no resto do mundo, ou são aconselhadas (pressionadas) a dar os filhos para adopção ou, se não forem adoptados, vão parar a múltiplas 'foster homes' (porque fogem dumas e logo que encontradas, são entregues a outras) onde são, ou fìsicamente mal tratadas, ou física e sexualmente abusadas, ou são entregues a instituições do Estado, semelhantes a algumas que nós bem conhecemos por cá, das quais fogem vezes sem conta para acabarem na rua ou nas redes pedófilas e noutras. Redes que aliás as procuram àvidamente em todo o mundo (recolher ou raptar orfãos e crianças humildes e pobres - mas não só estas - são o seu desporto favorito) e por trás das quais estão organizações secretas mundiais que promovem campanhas fortíssimas a nível global, onde se inclui, entre outros ensinamentos, a desmotivação do fumo de tabaco com o intuito dos jovens divergirem para a droga, de incentivo à promiscuidade, às relações sexuais precoces (que provoquem o maior número possível de gravidezes com os consequentes abortos, ou, quando as gravidezes resultam em nascimentos, o 'aconselhamento' às jovens mães para que abandonam os filhos nas maternidades após o nascimento e cujo destino da maioria é o descrito acima) e quanto mais cedo melhor e todos os meios utilizados não são demais para atingir os fins pretendidos, como programas de televisão degradantes, filmes escabrosos, revistas de todo o género e nada recomendáveis porque não adaptadas às suas idades mas propositadamente a elas destinadas, de fácil distribuição e acesso, mas e sobretudo a Escola, aqui é onde eles se fixam com mais perseverança e 'pundonor', através de programas mundiais dirigidos aos orientadores escolares, disfarçadamente didácticos e inovadores, a internet neles incluída, claro (onde na própria escola qualquer criança tem acesso livre a canais pornográficos e/ou pedófilos, como aos mundialistas convém, já que em CASA os pais estão cada vez mais atentos e com dispositivos simples de os evitar), para que a 'educação' das crianças e a 'sexual' em particular - e estamos a falar de crianças de facto e não de adolescentes - se equipare à dos outros países super desenvolvidos e ultra liberais, sobretudo aos E.U..., para que sejam atingidos e ràpidamente obtidos, os resultados por eles (os orientadores mundiais das juventudes dos países) preconizados.

E quantos abortos se evitaríam ou quantas crianças supostamente 'orfãs' de pai e mãe, mas que o não são efectivamente porque os têm, com futuros sombrios, quando não negros e muitas vezes trágicos, se salvaríam, se os rapazes-pais destas crianças fossem encontrados e obrigados a assumir as suas responsabilidades? Se os governos dos países a isso se empenhassem a fundo, muitas, evidentemente, mas eles não estão, nem querem estar. Deixo a pergunta mas sei que ela não obterá resposta. A política dos países, de todos os países, está propositadamente projectada, organizada, orientada e os respectivos governos subjugados pelos mundialistas e por consequência jamais a obteremos.

Tenho contactado grupos de raparigas muito jovens, outras menos jovens, por motivos de trabalho. Algumas ainda estudantes, todas elas felizmente muito bem informadas sobre estes assuntos, mas que frequentemente me põem as questões colocadas acima. Em conversas informais, mas aprofundadas, onde debatemos problemas vários como este agora do aborto, garantiram-me que algumas amigas delas, outras simplesmente raparigas conhecidas, a maioria delas muito jovens, TODAS as que lhes confessaram terem praticado um aborto, ou mais do que um, afirmaram categòricamente terem-no feito pressionadas pelos colegas, namorados ou simples amigos com quem tinham mantido relações sexuais, com alguns deles sómente uma ou duas vezes e mais por insistência deles do que verdadeiramente enamoradas. E em todas estas relações amorosas que haviam originado gravidezes precoces e subsequentes abortos, as raparigas garantiram que se tivessem tido um mínimo d'apoio, compreensão e aceitação da sua gravidez por parte dos rapazes com quem tinham mantido relações sexuais, NÃO teríam abortado porque queriam ter os filhos. De quem é efectivamente a culpa dos milhões de abortos em Portugal e no mundo? Porque a questão da desculpabilização dos rapazes (e também de muitos homens/adultos) não acontece só por cá, passa-se o mesmo em todos os países do mundo. E passa-se porque os rapazes de cá e de todo o mundo, SABEM d'antemão que NUNCA serão responsabilizados pelos actos graves praticados, ou pelos milhões de crimes a que esses actos directamente conduziram e conduzirão.
Por outro lado esta não-política de desculpabilização dos 'pais' desde sempre, agora é prosseguida por outras razões muito mais importantes e praticada de forma muito mais sofisticada, mas igualmente briosa e empenhadamente pelos governos mundiais e cada vez com mais ênfase, porque a ela agora estão subjacentes, mas disfarçadas, outras motivações muito mais graves e obscuras para além, é claro, da destruíção da família tradicional porque quantos menos 'pais' houver, isto é, o núcleo familiar tradicional, pai e mãe dos mesmos filhos, menos família, tida como tal, existe ou existirá (com toda a casta de horrores que se passam dentro dessas casas de famílias monoparentais jovens, onde bebés-enteados são abusados pelos padrastros drogados que ficam a tomar conta deles enquanto as mães vão trabalhar, etc. e outros horrores tão ou piores do que estes, mas tudo isto foi sàbiamente delineado por quem o concebeu e mandou pôr em prática), porque, como se sabe, esta, a família inibe ou trava, ou dificulta recrutamentos para o fabuloso negócio das redes de prostiuição, droga, pedofilia e tráfico de orgãos humanos, inclusivé os dos bebés e fetos, claro, mas a par das destruíções citadas, está na mira dos donos do mundo - eles não deixam pontas soltas - a destruíção das populações excedentárias por todos os meios ao seu alcance e, por conseguinte, quanto menos crianças nascerem a nível mundial e mais abortos houver tanto melhor, deste modo suprem as várias 'necessidades' das redes em todos os aspectos, mas também reduzem a população mundial por metade, o seu sonho máximo, mesmo que se extingam povos inteiros no processo, isso para eles é de somenos e não perdem sequer um segundo a pensar nessas minúcias.
Será que esta desgraça que se abateu sobre os fetos a nível global e que, em boa verdade já vem detrás, mas que, hoje por hoje, extravasou os limites do inacreditável e já assume foros de catástrofe mundial, acontece porque o mundo ainda é governado por homens - como sempre o foi, aliás e daí o motivo pelo qual, talvez, os rapazes nunca tenham sido chamados a assumir as suas responsabilidades perante as gravidezes por eles provocadas; mas antes as motivações e orientações mundiais eram bem outras e muito diferenciadas das de hoje - mas que espécie de homens são estes, agora? Estes parecem ser e sê-lo-ão certamente, seres diabólicos, porque e diferentemente dos de há muitos anos, a pouco e pouco estão a destruír a Humanidade e propositadamente e começaram com uma fúria incontrolável pela matança dos inocentes e indefesos, aos milhões. Seguir-se-lhes-ão todos os que se puderem defender, novos ou velhos, porém não o conseguirão, antes disso também serão abatidos aos milhões.

Parabéns pelo seu texto.

Maria

2/08/2007 05:49:00 da tarde  
Anonymous Anónimo escreveu...

Obrigado Maria pelo seu apoio, mas infelizmente não me posso lembrar de todos os aspectos a ter em conta neste referendo. Por isso, se me permite, publicarei no blog estes outros aspectos, para os quais a Maria chama a atenção.

Cumprimentos.

2/08/2007 06:23:00 da tarde  
Blogger Unknown escreveu...

só uma perguntinha...
e essa manipulação de dados?
como é que com 2 meses e meio (dez semanas) na sua opinião o feto tem as características citadas :
- Mede 6 cm (cabe na palma da mão);
- Pesa 14 gramas;
- Tem olhos, nariz e dedos;
- Todos os órgãos vitais estão formados;
- O coração bate e é possível registar os seus batimentos.
- O cérebro está completo e a criança pode sentir dor.


PESQUISEI E ENCONTREI
"semana 16: O feto tem agora cerca de 9-14 cm de comprimento. A criança pestaneja, agarra e move a sua boca. O cabelo cresce na cabeça e o pêlo no corpo."

10 pra 16 semanas é uma diferença bem grande não?
Não vou nem declarar mais nada...
;)

fonte:
http://vida.aaldeia.net/desenvolvimentoembrionario.htm

9/06/2007 04:14:00 da tarde  
Blogger Vítor Ramalho escreveu...

Com dez ou com vinte semanas aborto é será sempre um crime.

9/07/2007 03:43:00 da tarde  
Anonymous Anónimo escreveu...

Concordo inteiramente com todas as palavras, art.121 do cp, homicídio, não especifica idade, cor, credo, tamanho, procedência ou qualquer outro tipo de observação que possa colaborar com esta crueldade, não quer ter não faça, se fez e engravidou assuma, não quer criar entrege a adoção muitos pais, gostariam de estar no lugar. ABORTO NÃO.........NUNCA.....JAMAIS.....

10/05/2007 08:09:00 da tarde  

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