quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Leitura Que Reforça

Das prateleiras em que encontro o refúgio da dor saquei este escrito com amplo conhecimento de causa que, se salienta demasiado, como suporte, o verdadeiro mas secundário motivo incriminatório do combate à quebra populacional e hipoteca em excesso a realização pessoal aos objectivos comunitários, tem, no entanto, ao longo das suas 133 páginas, a virtude de defender o alargamento penal a todos os que participavam da e na horrenda carnificina, mormente as parteiras, que da lei de então se encontravam excluídas, bem como de realçar a criminalização do horror como traço de crescimento civilizacional específico da nossa cultura.
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«(...) longo terá ainda de ser o caminho prático a percorrer antes de alcançar uma repressão forte das tentativas criminosas que, impulsionadas por doutrinas de propaganda recente, tendem para o extermínio sistemático da vida humana».
«Á medida que a civilização se desenvolve aparecem as leis, o senso moral consolida-se e o infanticídio e o abôrto começam a ser condenados».
«O impudor das mulheres que praticam abôrtos, das mais diversas categorias sociais, casadas ou solteiras, é chocante pela naturalidade, pela tranqilidade da confissão, reveladora de uma estranha baixeza moral.
Mas não devemos ser injustos condenando somente as mulheres. Há um elemento de que se não tem falado suficientemente e cuja cumplicidade moral é importante - o marido. Á gréve da maternidade é preciso juntar a gréve da paternidade»
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Ou seja, de uma penada, três mitos colados à infâmia são postos em causa: o da preponderância abortiva entre as classes desfavorecidas, coisa que contraria, aliás, a minha observação pessoal; a despenalização como sintoma do progresso histórico, com a citação da internacionalização da luta contra o aborto, do Prof. Bossi; e a da exclusiva responsabilização das Mulheres. Quanto a este último caso, parece-me até de ser forçoso ir mais longe, juntando à «cumplicidade» a instigação de que, em tantos casos abjectos, temos notícia.
Para meditar.

2 Comentários:

Anonymous Anónimo escreveu...

Votar NÃO é ser moderno!
Este post prova isso mesmo. A vossa modernidade parou em 1937...

2/09/2007 05:05:00 da manhã  
Blogger Paulo Cunha Porto escreveu...

Ah bom, ficamos a saber que votar "sim" é questão de moda. É bom saber em que param as modas.
A História é recorrente e em 1937 foi preciso reagir contra o flagelo resultante da "modernidade" das liberalizações legislativas dos anos 1920´s.

2/09/2007 08:18:00 da manhã  

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