Decisão - Misericórdias têm de recusar IVG
24 hospitais sem aborto
Os 19 hospitais com serviço de cirurgia (chamados ‘hospitais de agudos’), pertencentes às Misericórdias, vão recusar-se a fazer a interrupção voluntária da gravidez (IVG), mesmo que o ‘sim’ saia vencedor no referendo ao aborto, marcado para o próximo dia 11 de Fevereiro.
Apesar de nem todos terem a especialidade de obstetrícia, a decisão de dizer “um não redondo ao aborto está tomada e é para o futuro”.
Fonte da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) disse ao Correio da Manhã que “as Misericórdias são organismos católicos e que devem obediência ao titular da diocese onde se inserirem”, pelo que os prelados entendem como “lógica” uma postura de recusa à prática do aborto nos seus hospitais.
Aliás, anteontem, o Conselho Permanente da CEP aprovou a criação de uma equipa de teólogos e juristas para fundamentar o funcionamento das Misericórdias e a sua relação com as dioceses.
Apesar de o texto não fazer referência ao aborto e apresentar como fundamento o facto de as Misericórdias possuírem um vasto património e serem, por isso, alvo de muitos interesses, os provedores não têm dúvidas de que, além de aspectos materiais, “a posição episcopal implica também matéria do foro ético”.
Em todo o caso, o mais provável é que os bispos, apesar da confiança que depositam nos provedores, lembrem, nas suas dioceses, quais são as orientações da Igreja nesta matéria.
“Nós não precisamos de nenhuma recomendação formal, porque sabemos bem em que pilares assenta o fundamento das Misericórdias”, disse ao CM Bento Morais, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Vila Verde, proprietária de um dos 19 hospitais em causa. No entanto, o responsável admite que os bispos possam, “formal ou informalmente, lembrar que as Misericórdias têm valores fundamentais de que não se podem desviar um milímetro”.
Dos 51 hospitais propriedade de outras tantas Misericórdias portuguesas, 32 têm apenas serviço de cuidados continuados, mas 19 são ‘unidades de agudos’, ou seja, hospitais com serviço de cirurgia nas mais diversas especialidades.
O Hospital da Prelada, no Porto, o Hospital do Entroncamento, assim como os hospitais de Vila Verde, Riba d’Ave e Marco de Canaveses são alguns exemplos de ‘hospitais de agudos’ pertencentes às respectivas Misericórdias.
“Os médicos cirurgiões que aqui trabalham conhecem bem os nossos princípios e, mais do que isso, concordam com eles, pelo que só farão um aborto quando estiverem perante um caso de vida ou de morte”, disse ao CM Bento Morais.
Estes 19 hospitais juntam-se a outras cinco clínicas e hospitais privados que, segundo o ‘Expresso’, mesmo que o ‘sim’ saia vencedor no referendo, se vão recusar a fazer a IVG: Hospital da CUF, clínicas de Santo António e Todos-os-Santos, em Lisboa, Clínica da Boavista, no Porto, e Clínica de S. Lázaro, em Braga.
UNIÃO DAS MISERICÓRDIAS VOTA PELO 'NÃO'
O assunto ainda não foi discutido desde que o Presidente da República marcou o referendo ao aborto para 11 de Fevereiro do próximo ano, mas é “mais do que certo” que a União das Misericórdias assumirá a posição clara de votar ‘não’ à pergunta a ser colocada aos portugueses. “Ainda não é certo que se realize uma Assembleia Geral para o efeito, já que, aquando do referendo de 1998, foi aprovada por unanimidade e aclamação uma moção a reprovar totalmente o aborto, moção essa que continua inteiramente válida”, disse ao CM Manuel Lemos, recentemente eleito para a presidência da União das Misericórdias Portuguesas, cargo em que veio substituir o carismático padre Vítor Melícias. De resto, a ligação à Igreja Católica impediria posição diferente desta.
ONDE FICAM
As 19 unidades de saúde propriedade das Misericórdias, que devem obediência às respectivas dioceses, estão espalhadas por todo o País, mas concentram-se sobretudo no Norte de Portugal, A opção pelo ‘não’ ao aborto justifica-se pela ligação à Igreja.
- Póvoa do Lanhoso
- Riba D’Ave (Guimarães)
- Vila Verde (Braga)
- Esposende
- Felgueiras
- Fão
- Vila do Conde
- Lousada
- Paços de Ferreira
- Marco de Canaveses
- Resende (Viseu)
- Prelada (Porto)
- Valpaços
- Mealhada
- Leiria
- Entroncamento
- Lisboa
- Évora
- Portimão
Os 19 hospitais com serviço de cirurgia (chamados ‘hospitais de agudos’), pertencentes às Misericórdias, vão recusar-se a fazer a interrupção voluntária da gravidez (IVG), mesmo que o ‘sim’ saia vencedor no referendo ao aborto, marcado para o próximo dia 11 de Fevereiro.
Apesar de nem todos terem a especialidade de obstetrícia, a decisão de dizer “um não redondo ao aborto está tomada e é para o futuro”.
Fonte da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) disse ao Correio da Manhã que “as Misericórdias são organismos católicos e que devem obediência ao titular da diocese onde se inserirem”, pelo que os prelados entendem como “lógica” uma postura de recusa à prática do aborto nos seus hospitais.
Aliás, anteontem, o Conselho Permanente da CEP aprovou a criação de uma equipa de teólogos e juristas para fundamentar o funcionamento das Misericórdias e a sua relação com as dioceses.
Apesar de o texto não fazer referência ao aborto e apresentar como fundamento o facto de as Misericórdias possuírem um vasto património e serem, por isso, alvo de muitos interesses, os provedores não têm dúvidas de que, além de aspectos materiais, “a posição episcopal implica também matéria do foro ético”.
Em todo o caso, o mais provável é que os bispos, apesar da confiança que depositam nos provedores, lembrem, nas suas dioceses, quais são as orientações da Igreja nesta matéria.
“Nós não precisamos de nenhuma recomendação formal, porque sabemos bem em que pilares assenta o fundamento das Misericórdias”, disse ao CM Bento Morais, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Vila Verde, proprietária de um dos 19 hospitais em causa. No entanto, o responsável admite que os bispos possam, “formal ou informalmente, lembrar que as Misericórdias têm valores fundamentais de que não se podem desviar um milímetro”.
Dos 51 hospitais propriedade de outras tantas Misericórdias portuguesas, 32 têm apenas serviço de cuidados continuados, mas 19 são ‘unidades de agudos’, ou seja, hospitais com serviço de cirurgia nas mais diversas especialidades.
O Hospital da Prelada, no Porto, o Hospital do Entroncamento, assim como os hospitais de Vila Verde, Riba d’Ave e Marco de Canaveses são alguns exemplos de ‘hospitais de agudos’ pertencentes às respectivas Misericórdias.
“Os médicos cirurgiões que aqui trabalham conhecem bem os nossos princípios e, mais do que isso, concordam com eles, pelo que só farão um aborto quando estiverem perante um caso de vida ou de morte”, disse ao CM Bento Morais.
Estes 19 hospitais juntam-se a outras cinco clínicas e hospitais privados que, segundo o ‘Expresso’, mesmo que o ‘sim’ saia vencedor no referendo, se vão recusar a fazer a IVG: Hospital da CUF, clínicas de Santo António e Todos-os-Santos, em Lisboa, Clínica da Boavista, no Porto, e Clínica de S. Lázaro, em Braga.
UNIÃO DAS MISERICÓRDIAS VOTA PELO 'NÃO'
O assunto ainda não foi discutido desde que o Presidente da República marcou o referendo ao aborto para 11 de Fevereiro do próximo ano, mas é “mais do que certo” que a União das Misericórdias assumirá a posição clara de votar ‘não’ à pergunta a ser colocada aos portugueses. “Ainda não é certo que se realize uma Assembleia Geral para o efeito, já que, aquando do referendo de 1998, foi aprovada por unanimidade e aclamação uma moção a reprovar totalmente o aborto, moção essa que continua inteiramente válida”, disse ao CM Manuel Lemos, recentemente eleito para a presidência da União das Misericórdias Portuguesas, cargo em que veio substituir o carismático padre Vítor Melícias. De resto, a ligação à Igreja Católica impediria posição diferente desta.
ONDE FICAM
As 19 unidades de saúde propriedade das Misericórdias, que devem obediência às respectivas dioceses, estão espalhadas por todo o País, mas concentram-se sobretudo no Norte de Portugal, A opção pelo ‘não’ ao aborto justifica-se pela ligação à Igreja.
- Póvoa do Lanhoso
- Riba D’Ave (Guimarães)
- Vila Verde (Braga)
- Esposende
- Felgueiras
- Fão
- Vila do Conde
- Lousada
- Paços de Ferreira
- Marco de Canaveses
- Resende (Viseu)
- Prelada (Porto)
- Valpaços
- Mealhada
- Leiria
- Entroncamento
- Lisboa
- Évora
- Portimão
5 Comentários:
Riba d'Ave não é Guimarães....
São as mesmas Misericórdias que recebem milhões provenientes do vício social através dos Jogos Santa Casa, não são?
Sim, joao g, são a misericórdias que também possuem dezenas de lares para idosos, lares para crianças, escolas de artes e ofícios para os jovens, lares para mães e mulheres em risco, escolas, hospitais, centros de análises clínicas e por aí fora...
Não fossem as misericórdias e quem as sustenta e o estado social colapsava. Informe-se antes de "insinuar barbaridades".
Caro(a?) Confratis,
não pus em causa nada do que disse, nem insinuei qualquer barbaridade(!?). Era uma pergunta directa sem qualquer insinuação, que pelos até tem uma resposta positiva!
E o facto de ser um factor importante de apoio do estado social, não confere (ou não deveria confeir) às misericórdias o direito de anunciarem que não vão cumprir uma lei caso esta mude, num simples acto de pressão pré-eleitoral.
JG
Para além disso, cada médico, como pessoa, tem o direito de se negar a fazer qualquer intervenção - como o aborto - que não esteja de acordo com a sua consciência...
Nuno Soares Franco
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