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(A opinião de Fernando Madrinha, in Expresso)
Uma das dúvidas que se colocam na questão do aborto é saber se, ganhando o “sim”, acabará o debate, já que, se o “não” vencer de novo, é certo e sabido que ele não terminará. Pelo menos enquanto os militantes pró-aborto não levarem a sua avante.
Mas, se virmos bem, não há um único argumento novo em relação ao referendo de 1998, nem mudou nada de substancial que justifique este segundo referendo. A não ser a tal insistência política da esquerda e o chamado espírito do tempo, que em lugar da responsabilidade individual promove a irresponsabilidade, que em vez da exigência oferece a facilidade, que em detrimento dos valores e dos princípios se rende à desculpabilização e ao hedonismo como regras de vida.
Aliás, se alguns argumentos novos surgiram desde o último referendo, eles foram dados pela indústria farmacêutica e são todos a favor do “não”. A ponto de quase se poder dizer que hoje só engravida quem quer. Em cada ano que passa, mais as pessoas, homens e mulheres jovens em particular, têm ao seu dispor a informação e os meios necessários para poderem evitar uma gravidez indesejada. E certamente que muitas menos existiriam se o Estado e os agentes políticos por ele responsáveis, a começar pelos que mais se indignam com o aborto clandestino e as suas consequências, se aplicassem com mais afinco na formação para a maternidade e a paternidade.
Por muito compreensíveis que sejam as circunstâncias e as razões de uma mulher que toma a decisão de abortar, esse acto é sempre penalizador, em primeiro lugar e acima de tudo para si própria, e sempre condenável à luz do primeiro dos direitos humanos que é o direito à vida. Todos sabemos isso muito bem, quer sejamos defensores do “sim” ou do “não”. Daí a contradição da direita, que considera o aborto um crime mas não quer que o Estado sancione as mulheres que o praticam. Daí a contradição da esquerda, que, ao mesmo tempo que defende a despenalização, insiste que o aborto continua a ser crime - mas sem castigo até às dez semanas, isto é, na primeira e decisiva fase da formação de uma vida.
Estas contradições são a expressão de uma má consciência que existe em ambos os campos. E que só não perturba os fanáticos de um lado e do outro.
Daqui até ao referendo ainda falta muito debate e vale a pena dizer que, até agora, ele tem sido mais civilizado do que em certos momentos da campanha anterior. Mas uma coisa é ouvir Edite Estrela a expor as suas opiniões com serenidade e respeito pelas opiniões dos outros; e coisa muito diferente é ver Francisco Louçã arvorado em dono da verdade e a atacar de forma insultuosa, no tom e no verbo, todos os que não concordam consigo, como a televisão no-lo mostrou no passado fim-de-semana. São ambos a favor do “sim”. Mas não é certo que o líder do Bloco seja um bom “parceiro” do PS na campanha a favor do “sim”. Pelo contrário, há ajudas - ainda que não procuradas - que só prejudicam.
Uma das dúvidas que se colocam na questão do aborto é saber se, ganhando o “sim”, acabará o debate, já que, se o “não” vencer de novo, é certo e sabido que ele não terminará. Pelo menos enquanto os militantes pró-aborto não levarem a sua avante.
Mas, se virmos bem, não há um único argumento novo em relação ao referendo de 1998, nem mudou nada de substancial que justifique este segundo referendo. A não ser a tal insistência política da esquerda e o chamado espírito do tempo, que em lugar da responsabilidade individual promove a irresponsabilidade, que em vez da exigência oferece a facilidade, que em detrimento dos valores e dos princípios se rende à desculpabilização e ao hedonismo como regras de vida.
Aliás, se alguns argumentos novos surgiram desde o último referendo, eles foram dados pela indústria farmacêutica e são todos a favor do “não”. A ponto de quase se poder dizer que hoje só engravida quem quer. Em cada ano que passa, mais as pessoas, homens e mulheres jovens em particular, têm ao seu dispor a informação e os meios necessários para poderem evitar uma gravidez indesejada. E certamente que muitas menos existiriam se o Estado e os agentes políticos por ele responsáveis, a começar pelos que mais se indignam com o aborto clandestino e as suas consequências, se aplicassem com mais afinco na formação para a maternidade e a paternidade.
Por muito compreensíveis que sejam as circunstâncias e as razões de uma mulher que toma a decisão de abortar, esse acto é sempre penalizador, em primeiro lugar e acima de tudo para si própria, e sempre condenável à luz do primeiro dos direitos humanos que é o direito à vida. Todos sabemos isso muito bem, quer sejamos defensores do “sim” ou do “não”. Daí a contradição da direita, que considera o aborto um crime mas não quer que o Estado sancione as mulheres que o praticam. Daí a contradição da esquerda, que, ao mesmo tempo que defende a despenalização, insiste que o aborto continua a ser crime - mas sem castigo até às dez semanas, isto é, na primeira e decisiva fase da formação de uma vida.
Estas contradições são a expressão de uma má consciência que existe em ambos os campos. E que só não perturba os fanáticos de um lado e do outro.
Daqui até ao referendo ainda falta muito debate e vale a pena dizer que, até agora, ele tem sido mais civilizado do que em certos momentos da campanha anterior. Mas uma coisa é ouvir Edite Estrela a expor as suas opiniões com serenidade e respeito pelas opiniões dos outros; e coisa muito diferente é ver Francisco Louçã arvorado em dono da verdade e a atacar de forma insultuosa, no tom e no verbo, todos os que não concordam consigo, como a televisão no-lo mostrou no passado fim-de-semana. São ambos a favor do “sim”. Mas não é certo que o líder do Bloco seja um bom “parceiro” do PS na campanha a favor do “sim”. Pelo contrário, há ajudas - ainda que não procuradas - que só prejudicam.
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