segunda-feira, novembro 13, 2006

A maldição de Thomas Malthus

Em recente artigo, “O célebre relatório Kissinger e a politica internacional maltusiana”, publicado no jornal “O Público”, e a propósito da interrupção voluntária da gravidez, nome pomposo para algo condenável, o Prof. Mário Pinto denuncia que por trás da campanha pró-aborto está uma política que visa o Controle da População Mundial com fins económicos sinistros, em favor especialmente da Economia dos USA. Quando assim é, até mesmo aqueles como nós, que tinham uma posição favorável ao aborto, sobretudo contra a sua prática clandestina, têm que mudar de posição e passar a estar contra.



Durante a Administração do Presidente Nixon, foi encomendado um estudo, o chamado Relatório Kissinger, que correlaciona o aumento demográfico dos países do 3º. Mundo, com o aumento de preços das matérias-primas em resultado da procura de financiamento para atender às necessidades sociais de uma população em crescimento, concluindo que esse postulado prejudica a Economia dos USA. Diga-se que aqueles países eram na época, e continuam a ser, possuidores de vasto património natural, porém portadores de imensa pobreza social. Tal é consequência directa de uma Colonização feita à revelia dos povos autóctones, sobretudo depois da assinatura da Conferência de Berlim, em 1884 - 1885, que retalhou e partilhou África sobretudo pelas potências europeias saídas da Revolução Industrial, e da corrupção que infelizmente grassa nesses territórios, após a descolonização.



Daí para cá, uma vasta campanha de propaganda tem sido desenvolvida a favor do controle da população mundial e nesse contexto a liberação do aborto, entre outras medidas, é apresentada como um imperativo de e para toda a Humanidade, o que é de todo falso. Para tanto, os seus ideólogos servem-se de múltiplas bandeiras, desde logo a do “direito da mulher de dispor do seu ventre”, um sofisma com o qual se pretende justificar um claro homicídio sobre uma vida indefesa, e que gostariam de o ver consignado na Carta dos Direitos Humanos, como um direito inalienável da pessoa humana, como é o Direito à Vida. Procuram inclusive, através da ONU, impor aos países membros as suas recomendações, nomeadamente que sejam condenados por violar a magna carta quando não levem a cabo legislação que permita a total liberalização da interrupção voluntária da gravidez. O nosso referendo, insistentemente exigido por certa esquerda, mais não é do que o acertar do passo com tal agenda, que evidentemente nada tem com o país real que somos. Actualmente o crescimento da população portuguesa está estagnado e a sua longevidade aumenta. Há pois uma tendência para a diminuição da população em idade activa.



Por trás dessa campanha escondem-se ONGs apoiadas financeiramente por Fundações como a Rockfeller, a Ford e a MacArtur, algumas ligadas à indústria farmacêutica, o que demonstra que a preocupação não é para com a mulher, vítima das circunstâncias sociais, mas para com o negócio altamente lucrativo que o aborto liberalizado, inclusive até aos nove meses, proporcionaria às corporações do negócio da saúde. Uma das mais engajadas organizações pelos “Direitos Reprodutivos”, uma expressão eufemística para esconder o crime que o aborto voluntário representa, está a Internacional Planned Parenthood Federation do Hemisfério Ocidental, cuja filial nos USA é proprietária de uma rede de 850 Clínicas de aborto.



Não é apenas a liberalização do aborto que representa uma espécie de maldição contra-natura do nosso século. Thomas Malthus, economista inglês que se distinguiu na sua época, Século XIX, por um pensamento pessimista face ao Futuro da Humanidade, muito por influência das crises sociais e a fome, resultantes da Revolução Industrial, inspirador da doutrina do controle da população por razões económicas, advogava baixos salários como forma de impedir pelo consumo a escassez de bens para a classe dominante e condenava as politicas sociais do Estado de protecção aos trabalhadores e aos pobres. Ora são estes desideratos que orientam hoje a politica social neoliberal dos governos ocidentais, feita em nome de um pseudo desenvolvimento económico. Nesta perspectiva, a legalização do aborto, para além do que é aceitável em razão de violação sexual e de malformações, é uma fuga para frente que demonstra a incapacidade do sistema de gerar suficientes e necessárias condições sociais que evitem que uma mulher ponha cobro ao projecto de Vida que porta no seu ventre.



Artur Rosa Teixeira



(Assistente Operacional de C. Civil)

FONTE