O aborto e a raiz do problema
Qualquer texto ou artigo de opinião sobre o aborto gera habitualmente no leitor, em função da sua convicção sobre o assunto, uma identificação ou uma rejeição da posição ideológica de quem escreve (...) quer ganhe o “sim” ou o “não” no novo referendo que se avizinha, pouca coisa mudará. Ou seja, o debate ideológico, embora importante, tem que ter uma repercussão prática, criando verdadeiras soluções, caso contrário não irá servir para realmente alterar as coisas (...) Sem pretender criar estereótipos, sabemos que muitas das mulheres que abortam fazem-no por imaturidade, maus tratos, abusos sexuais, solidão, abandono, dificuldades económicas, etc. Em suma, fazem-no por julgarem que não têm outras opções. A verdade é que muitas mulheres que abortam não têm muitas alternativas. Ficam entregues a si próprias, uma vez que a sociedade - salvo honrosas excepções de algumas instituições de solidariedade social - não lhes deu grandes hipóteses de escolha.
O Estado tem uma legislação específica para este assunto (Centros de Apoio à Vida), mas que hipocritamente os governos verdadeiramente nunca fizeram aplicar. Por outro lado, aqueles que procuram lutar contra o aborto “pela positiva”, estão desapoiados e não dispõem de estruturas suficientes para fazer face às reais necessidades desta calamidade. Várias mulheres que abortam ficam assim num beco sem saída, sem possibilidades de opção, sem apoio e, ao contrário daquilo que é dito, ficam privadas da sua liberdade. Ou seja, mesmo que queiram levar por diante a gravidez não lhes é dada essa oportunidade. E, caso estejam numa situação de “vida miserável", ela certamente irá perdurar depois de terem abortado.
Estamos assim diante de um problema complexo, necessitando por essa razão de respostas que envolvam várias entidades e diferentes técnicos: médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, etc. As razões sociais, psíquicas, económicas (...), enfim, de desgraça humana relacionadas com o aborto não se resolvem simplesmente através do Código Penal, nem com exercícios de retórica política, ética, religiosa, etc.
Toma-se, por isso, necessário encontrar soluções. É urgente combater este flagelo no terreno, até porque a resignação é o pior dos males!
(In Expresso, carta do leitor Pedro Afonso, de Lisboa)
O Estado tem uma legislação específica para este assunto (Centros de Apoio à Vida), mas que hipocritamente os governos verdadeiramente nunca fizeram aplicar. Por outro lado, aqueles que procuram lutar contra o aborto “pela positiva”, estão desapoiados e não dispõem de estruturas suficientes para fazer face às reais necessidades desta calamidade. Várias mulheres que abortam ficam assim num beco sem saída, sem possibilidades de opção, sem apoio e, ao contrário daquilo que é dito, ficam privadas da sua liberdade. Ou seja, mesmo que queiram levar por diante a gravidez não lhes é dada essa oportunidade. E, caso estejam numa situação de “vida miserável", ela certamente irá perdurar depois de terem abortado.
Estamos assim diante de um problema complexo, necessitando por essa razão de respostas que envolvam várias entidades e diferentes técnicos: médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, etc. As razões sociais, psíquicas, económicas (...), enfim, de desgraça humana relacionadas com o aborto não se resolvem simplesmente através do Código Penal, nem com exercícios de retórica política, ética, religiosa, etc.
Toma-se, por isso, necessário encontrar soluções. É urgente combater este flagelo no terreno, até porque a resignação é o pior dos males!
(In Expresso, carta do leitor Pedro Afonso, de Lisboa)
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