A riqueza do 'Não'
Lendo um pouco por todo o lado análises várias ao debate ontem mantido na RTP, ocorre-me registar que, como provavelmente acontece em qualquer referendo, uma das maiores riquezas do ‘não’ reside na diversidade de posições individuais que o constituem e legitimam. Como é evidente, nem todas são credoras da minha concordância apesar de me merecerem idêntico respeito. Sejamos claros: há quem assuma a defesa da Vida por motivações religiosas (não é o meu caso, saiba-se) ou tão apenas éticas e/ou filosóficas; há quem esteja de acordo com a actual lei e quem desde sempre a tenha combatido e se mantenha pouco propenso a mudar de ideias. Direi, por exemplo, de minha justiça: das três excepções que a actual lei consagra, apenas uma me parece perfeitamente sustentável – concretamente quando está em causa o risco de vida da mãe. Excluída essa, as duas restantes não me seduzem por aí além.
Aqui chegado, importa dizer que cada um encontra na sua posição individual a construção de uma tese que considera ser coerente e defensável sem entrar em contradições. Pois que assim se mantenham as coisas é o que francamente desejo. Não pretendo, de modo algum, que os restantes cidadãos que se opõem à liberalização total do aborto a pedido pensem como eu, mas parece-me sensato que me seja concedido o direito a não ter que argumentar contra a minha consciência. E é nesse quadro que digo claramente que, a meu ver, a ideia peregrina de suspender julgamentos ou de mostrar hesitações quando toca a sustentar o cumprimento da lei em nome de uma qualquer tolerância abstracta cujo fundamento lógico não consigo lobrigar, se me afigura puro delírio.
Recordo que na campanha de 1998 já existiam diversos caminhos para chegar ao ‘não’. Creio inclusivamente que quem tenha acompanhado de perto essa campanha se apercebeu facilmente de diferentes visões do problema existentes entre os vários movimentos e plataformas pró-Vida, sem que daí tenha vindo mal ao mundo, antes pelo contrário. Lembro-me mesmo que, seguindo parte da noite eleitoral no "quartel-general" de uma das organizações que então estavam no terreno – e que graças a Deus se mantém no seu posto – era visível essa diferença de motivações e alguma desconfiança em relação às reais motivações, por exemplo, da participação dos partidos políticos na campanha. Tudo isso me pareceu, como parece, natural.
O que já não seria natural era pretender que, face a novo referendo e por qualquer razão que a razão desconhece, os dados se tivessem alterado a tal ponto que todos tivessem que secundar o mesmo argumentário, mesmo quando esse se mostre, aos olhos de alguns, como insustentável por mais do que cinco minutos de discussão.
Tal como há oito anos, a diferença e a liberdade de ter distintos pontos de partida para chegar à mesma conclusão são muito possivelmente o grande trunfo do ‘não’. Não o desperdicemos.
Aqui chegado, importa dizer que cada um encontra na sua posição individual a construção de uma tese que considera ser coerente e defensável sem entrar em contradições. Pois que assim se mantenham as coisas é o que francamente desejo. Não pretendo, de modo algum, que os restantes cidadãos que se opõem à liberalização total do aborto a pedido pensem como eu, mas parece-me sensato que me seja concedido o direito a não ter que argumentar contra a minha consciência. E é nesse quadro que digo claramente que, a meu ver, a ideia peregrina de suspender julgamentos ou de mostrar hesitações quando toca a sustentar o cumprimento da lei em nome de uma qualquer tolerância abstracta cujo fundamento lógico não consigo lobrigar, se me afigura puro delírio.
Recordo que na campanha de 1998 já existiam diversos caminhos para chegar ao ‘não’. Creio inclusivamente que quem tenha acompanhado de perto essa campanha se apercebeu facilmente de diferentes visões do problema existentes entre os vários movimentos e plataformas pró-Vida, sem que daí tenha vindo mal ao mundo, antes pelo contrário. Lembro-me mesmo que, seguindo parte da noite eleitoral no "quartel-general" de uma das organizações que então estavam no terreno – e que graças a Deus se mantém no seu posto – era visível essa diferença de motivações e alguma desconfiança em relação às reais motivações, por exemplo, da participação dos partidos políticos na campanha. Tudo isso me pareceu, como parece, natural.
O que já não seria natural era pretender que, face a novo referendo e por qualquer razão que a razão desconhece, os dados se tivessem alterado a tal ponto que todos tivessem que secundar o mesmo argumentário, mesmo quando esse se mostre, aos olhos de alguns, como insustentável por mais do que cinco minutos de discussão.
Tal como há oito anos, a diferença e a liberdade de ter distintos pontos de partida para chegar à mesma conclusão são muito possivelmente o grande trunfo do ‘não’. Não o desperdicemos.
4 Comentários:
A riqueza do não ou a pobreza da participação a zero de comentários (quase) neste blogue.
A pobreza de ter anónimos que não têm coragem de dar a cara por aquilo que defendem...
as opiniões não precisam de ter cara para serem verdadeiras, razoáveis e certas, sr. agostinho.
vocês da extrema-direita é que têm sempre o eterno prblema de serem uns estigmatizados.
"A pobreza de ter anónimos que não têm coragem de dar a cara por aquilo que defendem..."
Quem me diz a mim que a tristeza de fronha que aqui publicas e mesmo a tua? e que esse e mesmo o teu nome? e que tu es mesmo aquilo que professas?
Quando e que o teu meio neuronio percebe que na blogosfera e tudo anonimo?
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