domingo, janeiro 03, 2010

Plataforma quer esclarecimentos e defende referendo sobre casamentos gay

A Plataforma Cidadania e Casamento quer esclarecimentos sobre "as implicações reais" para a sociedade portuguesa do casamento entre pessoas do mesmo sexo e defende um referendo sobre a matéria, afirmou hoje António Pinheiro Torres, representante do movimento.
Para a plataforma, o casamento entre pessoas do mesmo sexo não é "de maneira nenhuma" uma liberdade adquirida em democracia
"O que eu gostava de ver debatido no referendo é quais são as implicações reais na história, na cultura e nas relações sociais do país desta possibilidade de se consagrar o casamento entre pessoas do mesmo sexo", declarou à Lusa o director da campanha pelo referendo sobre o casamento homossexual.
Um segundo ponto apontado por António Torres prende-se com a clarificação "da ligação entre este tema do casamento e o tema da adopção e que são temas indissolúveis" no entender da plataforma, composta por 140 mandatários.
"Ou seja, que se percebesse e que todas as pessoas fossem chamadas a pronunciar-se sobre esta questão", acrescentou o representante da plataforma, que esta tarde reuniu vários elementos na sua sede, em Lisboa, naquele que foi o segundo dia de contagem das assinaturas que irão constar da petição a ser entregue a Jaime Gama, no próximo dia 5 de Janeiro.
No entender de António Torres,o casamento entre pessoas do mesmo sexo não é "de maneira nenhuma" uma liberdade adquirida em democracia.
"Pelo contrário. (...) É claramente daqueles temas que foram residuais na campanha eleitoral (...).Foi uma questão que passou completamente ao lado, que apareceu nos jornais apenas com algumas referências de que seria um ponto do programa do PS", declarou.
Uma das mandatárias da campanha, Isilda Pegado, defende que "não é democrático que seja apenas a Assembleia da República a pronunciar-se sobre o assunto" e adianta que a contagem ultrapassa já as 75 mil assinaturas necessárias para referendar "esta matéria estruturante da sociedade".
Conhecida pela actuação em defesa do referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez, Isilda Pegado considerou que "esta questão não pode ser vista como uma questão menor, isto é, o casamento é fonte de relações de família, o casamento é estruturante da sociedade onde nos encontramos e essa estrutura é uma estrutura que, no futuro, terá vantagens ou desvantagens".
A mandatária defendeu ainda tratar-se de uma questão "que tem efeitos económicos e custos sociais" e apontou as consequências do casamento entre pessoas do mesmo sexo.
"São as consequências da desestruturação, da falta de solidariedade geracional que uma solução destas implica, dos problemas que, em termos de justiça e apoios sociais, e de educação, virão a surgir e que merecem ser pensados", referiu.
"Não gosto do arrumar da questão já no princípio do ano civil, antes da discussão do Orçamento de Estado para 2010.(...) temos que levar isto a sério. A estruturação da sociedade tem que ser o ponto determinante da governação, essa é a nossa questão", concluiu.
(Público)