quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Mulheres em acção

3 Comentários:

Anonymous Anónimo escreveu...

Aos Senhores do Não!
Meus Senhores,
Sobre o tema que escrevem, a Interrupção Voluntária da Gravidez, por ser tão dramático, deveriam optar por uma argumentação, menos demagógica e sensacionalista, ou seja, mais séria!
Portanto o mínimo que vos peço é para que sejamos sérios!
Vamos a factos:
1º- O Aborto clandestino existe, não podem ignorar esse facto!
2º- Segundo dados da Associação para o Planeamento da Família, em 2006, fizeram-se, 23 000 abortos clandestinos em Portugal;
3º-Nos últimos 10 anos, 100 mulheres morreram vitimas de aborto clandestino;
4º- A lei actual é criminalizadora, poderá conduzir a uma pena de prisão de até 3 anos, sujeitando as mulheres que recorre à IVG, à humilhação pública, estigmatizando-as e devassando as suas vidas privadas.
O que se está a referendar é a seguinte questão: Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?. Nem mais nem menos!
Há oito anos estávamos nós a debater esta mesma questão, quando os senhores vieram defender o mesmo não. Um dos argumentos utilizados era afirmar que lei era perfeitamente aceitável para resolver a questão do aborto clandestino.
Ora, oito anos passados verificamos que tal não é verdade. Segundo as estimativas em Portugal realiza-se cerca de 23 000 abortos clandestinos.
Cerca de 23 000 mil mulheres, repito, recorrem ao aborto clandestino, pondo a sua vida em graves perigos físicos e psíquicos.
Logo a lei actual é ineficaz e não dá resposta ao problema do aborto clandestino.
Assim sendo, das duas uma, ou fazemos como os senhores, metemos a cabeça na areia como as avestruzes, compactuando com esta realidade ou temos capacidade mental suficiente para verificar que é necessário mudar a lei.
Em 1995 a Conferência Internacional das Nações Unidas sobre a População e Desenvolvimento deliberou que o aborto clandestino é um grave problema de saúde pública.
Um ano mais tarde, a IV Conferência Internacional da Mulher declara: “o aborto em condições precárias ameaça a vida de um grande número de mulheres, representando um perigo grave para a saúde pública e são, primeiramente, as mulheres mais pobres e mais jovens que maiores riscos correm”.
A União Europeia avançou também com recomendações aos seus estados membros: “O Parlamento incentiva os Estados-Membros e os países candidatos à adesão a pugnarem pela implementação de uma política de saúde e social que permita uma diminuição do recurso ao aborto e deseja que esta prática seja legalizada, segura e acessível a todos”. Os países da União Europeia com legislação mais restrita são Malta, Irlanda, Polónia e Portugal.
Em 2002 o organismo da ONU,CEDAW (Comité das Nações para a Eliminação da Descriminação Contra as Mulheres) lançou um aviso ao governo português: “O Comité está preocupado com as leis de aborto restritivas em vigor em Portugal, em particular porque os abortos clandestinos têm sérios impactos negativos na saúde das mulheres “.
Sendo impossível assegurar a infalibilidade dos meios de contracepção, a possibilidade de interromper uma gravidez em condições de segurança e no quadro da legalidade, em estabelecimentos de saúde devidamente autorizados, é uma exigência de saúde pública.
Para além disso, permite acompanhar e integrar no sistema de planeamento familiar todos aqueles que não tiveram acesso à contracepção e a uma educação sexual informada e responsável, evitando a ocorrência futura de gravidezes indesejadas.
Esta é uma solução que conduziu a um menor número de abortos no caso dos países europeus que por ela optaram.
O facto de defender a despenalização do aborto (é isso que está em causa!) não significa que não seja pela vida.
A interrupção de uma gravidez não é desejável por ninguém, o recurso ao aborto não pode ser encarado como algo simplesmente leviano e fácil.
Em todas as mulheres que recorrem á IVG há um conflito interior enorme, um grave dilema moral. Pensar o contrário é não confiar nas mulheres, é achar que o aborto vai explodir como se banalizasse um novo método contraceptivo.
Não encontram uma única pessoa, que vote SIM (como eu!) que defenda o aborto como método contraceptivo. O que se pretende é dar condições e fazer um acompanhamento ás mulher que em último recurso recorrem á IVG para que tomem essa decisão me consciência.
A liberalização do aborto é o já existe: chama-se vão de escada, uma economia clandestina que desgraça mais do que ajuda.
O que se pretende é acabar com esta liberalização forçada, tornar clinicamente seguro um acto que não deve ser pago com a cadeia, como prevê a actual lei.
Por isso digo SIM a uma lei que respeite as convicções pessoais, éticas, religiosas e filosóficas de cada um.
Digo SIM a uma lei que parta do princípio de as mulheres têm capacidade para decidir em consciência. Haverá sempre mulheres que optarão por levar até ao fim uma gravidez que não planearam; e haverá sempre, também, outras que optarão, em consciência, por não o fazer.
Digo SIM à vida – em toda sua plenitude.
Deixemos de ser hipócritas, preocupemo-nos com os que sofrem nos dias de hoje os reflexos de uma sociedade intolerante, egoísta e hipócrita!

SIM, pela saúde mas mulheres!!!
SIM, por uma maternidade e paternidade conscientes!!!
SIM, pelo planeamento familiar e pela educação sexual!!!
SIM, PELA DESPENALIZAÇÃO DA INTERUPÇÃO VOLUNTÁRIA DA GRAVIDEZ!!!

2/08/2007 10:24:00 da tarde  
Anonymous Anónimo escreveu...

Nunca se combate um problema de clandestinidade, legalizando-o.

Já que foi recolher dados com tanta prontidão, veja no site da APF como classificam as mulheres que abortaram o sítio onde o fizeram e depois venha falar-nos em "vãos de escada"...

Basta-me pensar que há uma mulher que o faz levianamente, "porque sim", para votar não.

Não, pelo o direito à vida dos que não podem defender-se!

Não, pela penalização de quem pressiona as mulheres grávidas a abortarem!

Não, porque o aborto não deve ser tido nunca como uma opção!

No dia 11, Não!

2/09/2007 02:50:00 da tarde  
Blogger Tonito escreveu...

Um belo comentário e bastante produtivo... vou partilhar também o que sinto...

"1º- O Aborto clandestino existe, não podem ignorar esse facto!"
E é por não o ignorar que peço a todos mais... mais vontade para lutar a favor daqueles que nada têm, daqueles que não se conseguem defender, daqueles que nem sempre sabem o que fazem (e o pior... o que não fazem).

"3º-Nos últimos 10 anos, 100 mulheres morreram vitimas de aborto clandestino;"
Como resposta só digo...

"2º- Segundo dados da Associação para o Planeamento da Família, em 2006, fizeram-se, 23 000 abortos clandestinos em Portugal;"
Não serão estes bem mais que as 100 mulheres? Para onde cai a balança? E não quero com isto dizer que os bebés são mais importantes que as mães - todas as vidas têm um valor incalculavel, por isso vos peço... vejam mais uma vez o número... é uma simples legalização a solução? Sobrevivem 100 mulheres... mas quantas crianças deixarão de nascer?

"4º- A lei actual é criminalizadora, poderá conduzir a uma pena de prisão de até 3 anos, sujeitando as mulheres que recorre à IVG, à humilhação pública, estigmatizando-as e devastando as suas vidas privadas."
Não saberiam elas no risco que corriam quando se sujeitaram a essa prática? Se eu conduzir bebedo ou em excesso de velocidade também me arrisco a ser multado, a ter um acidente, a matar alguém... não devo ser punido pelos meus erros?

2/09/2007 04:34:00 da tarde  

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