A vida
“A civilização dos valores do Mundo de hoje fez-se paulatinamente, com pequenos avanços e alguns recuos, numa firme senda de dignificação do homem. Através de muitas etapas, como a abolição da escravatura, a extinção da pena de morte ou a humanização das penas, fomos construindo um Mundo de princípios, em que a pessoa humana se apresenta, cada vez mais intensamente, no cume da Ordem Jurídica.” Sousa Franco
Por isso, a vida nem se deveria referendar: a vida respeita-se e protege-se. A vida não depende do Direito: está antes deste que só existe para a servir.
A política, enquanto gestão dos assuntos correntes do Estado e garantia de vantagem constante sobre os adversários junto do eleitor-consumidor, não tem legitimidade para pôr em causa um princípio que lhe é muito anterior e lhe serve de fundamento. Nem uma maioria referendária para contrariar o valor da vida que o Direito garante.
Aliás, nem tudo o que o Estado quer é direito.
Embora respeitando aqueles que julgam com sinceridade que outras soluções são melhores, temos, pois, que defender a vida com veemência. O respeito pelos adversários significa respeitar os homens, não os erros.
A punição do aborto constitui uma lei simbólica. Ou se defende a vida desde o primeiro momento, ou se entra em processos pouco rigorosos, tendenciosos e sem qualquer defesa técnica, médica ou científica.
Não podemos compactuar com a doença das sociedades democráticas contemporâneas: a indiferença ética, em que tudo é permitido e subordinado ao pensamento materialista dominante.
Natal, festa da Vida. Para os cristãos e para todos os crentes, a Vida é um Dom que só Deus pode dar e também só Deus pode tirar.
“A vida é felicidade, mereça-a. A vida é a vida, defenda-a.” Madre Teresa de Calcutá
Paulo Gusmão, deputado independente na Assembleia Regional dos Açores
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