Louvor à Vida!
Um artigo de João Titta Maurício:
Apesar das dificuldades com que, a todos e todos os dias, Tempo e Natureza nos testam, ninguém pode negar que haja provado o prazer e a Felicidade. Porque, não obstante a presença recorrente da infelicidade, da dor ou da provação na História da Humanidade e de cada homem, também sabemos que a desistência e o conformismo não são o modo mais adequado de viver. Nem sequer o mais confortável. E muito menos o mais desejável.
Pois há sempre um momento em que percebemos que “tudo valeu a pena”. Até na dor e até no sofrimento. Até no risco e até na Esperança... pois se é verdade que a Felicidade tem um preço, uma perda, um sacrifício, também é certo que a vida carece desse travo amargo a sal, que nos permita temperar a existência, sentindo o prazer de viver, vencer e ser Feliz. E é nesse instante de alegria, por mais pequeno que seja, que descobrimos a certeza da ordem perfeita do mundo.
Porém, nem sempre a essa ordem perfeita corresponde uma Felicidade perfeita e permanente. Pois não! Mas isso não é consequência de outra vontade que não a do Homem. Pois a infelicidade resulta do uso indevido, egoísta, cego, estúpido do Livre Arbítrio, É a consequência necessária de um exercício da Liberdade ao serviço de uma vontade que baralha conveniência com verdade, que confunde desejo com necessidade.
O Estado, enquanto expressão de uma vontade humana de organizar a Sociedade de forma a melhor proporcionar ao ser humano a Felicidade verdadeira, não pode abdicar de assumir uma concepção ética de defesa do ser humano e da sua integral dignidade. A simples reivindicação de uma posição de neutralidade perante os atentados contra a pessoa humana será já uma renúncia do Estado a ser Estado. Em boa verdade, a neutralidade do Estado em termos éticos nunca se revela neutra pelos respectivos efeitos concretos que proporciona: a neutralidade na tutela da Vida humana e na garantia da dignidade da Pessoa mostra-se sempre política e axiologicamente comprometida com a concepção desvalorizadora dessas mesmas tutelas e garantia. Uma postura de neutralidade ética por parte do Estado, revelando a concepção de um Estado sem valores (expressão de uma efectiva absolutização da Liberdade aliada à "desideologização" do Estado - que, por essa via, perde qualquer critério de conformação social), conduziria a uma sociedade em que tudo é permitido, na qual se destruiria o Homem e a própria razão de ser do Estado: sem a preocupação de defender a vida humana e a inalienável dignidade do Homem, o Estado converter-se-à numa mera instância de «solução de tarefas técnicas».
Em tais casos, um modelo tradicional de Estado totalitário poderá mesmo ser substituído por um «totalitarismo sem Estado» (Paulo Otero): a omissão e o Estado na garantia da tutela da vida humana e na garantia da dignidade de cada ser humano poderá mostrar-se tão atentatória da pessoa humana quanto um modelo de Estado empenhado por acção na destruição do indivíduo. O totalitarismo surgirá aqui por via da inércia do Estado na defesa da pessoa humana.
Através de uma subtil e quase insentida coacção manipuladora, disfarçada de "caminho indispensável para o Progresso", tem-se vendido uma versão recauchutada do velhíssimo (e bastas vezes desmentido) "determinismo histórico", o qual impõe uma «autocoisificação do Homem» (Jürgen Habermas), talvez inconsciente, mas apresentada como a única e necessária acção racional.
É essa a realidade presente da civilização ocidental, na versão apodrecida a que os abortistas nos querem fazer aderir: uma «sociedade totalitária de base racional» (Herbert Marcuse), tanto mais traiçoeira quanto a manutenção da dominação se esconde pela utilização mediática e massiva de argumentos decorrentes de imperativos técnicos, científicos e estatísticos – os únicos que por eles são admissíveis e perante os quais deve tudo o mais ceder! Mas é também um «condicionamento da Liberdade» consequência da vontade de alguns nos conduzirem à «redefinição dos comportamentos humanos» (Paulo Otero) procurando impor soluções legislativas que, proporcionando a subversão da tradicional distinção entre pessoa e coisa, se tornam instrumentos de negação da humanidade do Homem. O representante, o legislador, o decisor não age livremente, pois que a sua decisão é já condicionada pela "revelação" apresentada pelo corpo tecnocrático da Nação: decidir em sentido diverso, ainda que fundamentadamente, é tratado pela "inteligentzia tecnocrática progressista" ao nível de moderna "heresia", a qual só pode ser debelado através da sempre reparadora "fogueira" da censura da "political correctness"!
Este é um cenário da "Democracia sem valores", onde, em nome de uma modernidade desumanizante, se pretendem impor soluções legislativas que favorecem "rédea solta" aos impulsos, à tentativa de relativização do humano e ao domínio absoluto sobre a Natureza e o Homem.
Resta, pois, resistir!
Aos cidadãos do presente, pelo Presente, pede-se que saibam que há assuntos que não podem ser usadas como instrumentos de táctica. E aos cidadãos do presente, pelo Futuro, exige-se que – com acrescido sentido de responsabilidade – assumam como suas as tarefas de impor e exigir elevados padrões e limites éticos à acção do Estado.
Neste momento em que se pretende vender o aborto como um sinal de modernidade, mas principalmente porque estou de luto pela morte da minha avó – e uma avó é duas vezes mãe –, mais do que condenar os pretensos “modernos”, prefiro louvar os que ousam continuar a tradição do amor das mães, do carinho das mães, da dedicação sem limites das mães. Deixo, assim, um poema de Lopes Morgado, aqui dedicado a todas as mulheres. A todas! Às que podem e às que não podem ser mães… às que querem ser mães e às que ainda não descobriram o carácter ilimitado do Amor de serão capazes enquanto mães… e às que já são mães.
Mesmo que a noite esteja escura,
Ou por isso,
Quero acender a minha estrela.
Mesmo que o mar esteja morto,
Ou por isso,
Quero enfunar a minha vela.
Mesmo que a vida esteja nua,
Ou por isso,
Quero vestir-lhe o meu poema.
Só porque tu existes,
Vale a pena!
Apesar das dificuldades com que, a todos e todos os dias, Tempo e Natureza nos testam, ninguém pode negar que haja provado o prazer e a Felicidade. Porque, não obstante a presença recorrente da infelicidade, da dor ou da provação na História da Humanidade e de cada homem, também sabemos que a desistência e o conformismo não são o modo mais adequado de viver. Nem sequer o mais confortável. E muito menos o mais desejável.
Pois há sempre um momento em que percebemos que “tudo valeu a pena”. Até na dor e até no sofrimento. Até no risco e até na Esperança... pois se é verdade que a Felicidade tem um preço, uma perda, um sacrifício, também é certo que a vida carece desse travo amargo a sal, que nos permita temperar a existência, sentindo o prazer de viver, vencer e ser Feliz. E é nesse instante de alegria, por mais pequeno que seja, que descobrimos a certeza da ordem perfeita do mundo.
Porém, nem sempre a essa ordem perfeita corresponde uma Felicidade perfeita e permanente. Pois não! Mas isso não é consequência de outra vontade que não a do Homem. Pois a infelicidade resulta do uso indevido, egoísta, cego, estúpido do Livre Arbítrio, É a consequência necessária de um exercício da Liberdade ao serviço de uma vontade que baralha conveniência com verdade, que confunde desejo com necessidade.
O Estado, enquanto expressão de uma vontade humana de organizar a Sociedade de forma a melhor proporcionar ao ser humano a Felicidade verdadeira, não pode abdicar de assumir uma concepção ética de defesa do ser humano e da sua integral dignidade. A simples reivindicação de uma posição de neutralidade perante os atentados contra a pessoa humana será já uma renúncia do Estado a ser Estado. Em boa verdade, a neutralidade do Estado em termos éticos nunca se revela neutra pelos respectivos efeitos concretos que proporciona: a neutralidade na tutela da Vida humana e na garantia da dignidade da Pessoa mostra-se sempre política e axiologicamente comprometida com a concepção desvalorizadora dessas mesmas tutelas e garantia. Uma postura de neutralidade ética por parte do Estado, revelando a concepção de um Estado sem valores (expressão de uma efectiva absolutização da Liberdade aliada à "desideologização" do Estado - que, por essa via, perde qualquer critério de conformação social), conduziria a uma sociedade em que tudo é permitido, na qual se destruiria o Homem e a própria razão de ser do Estado: sem a preocupação de defender a vida humana e a inalienável dignidade do Homem, o Estado converter-se-à numa mera instância de «solução de tarefas técnicas».
Em tais casos, um modelo tradicional de Estado totalitário poderá mesmo ser substituído por um «totalitarismo sem Estado» (Paulo Otero): a omissão e o Estado na garantia da tutela da vida humana e na garantia da dignidade de cada ser humano poderá mostrar-se tão atentatória da pessoa humana quanto um modelo de Estado empenhado por acção na destruição do indivíduo. O totalitarismo surgirá aqui por via da inércia do Estado na defesa da pessoa humana.
Através de uma subtil e quase insentida coacção manipuladora, disfarçada de "caminho indispensável para o Progresso", tem-se vendido uma versão recauchutada do velhíssimo (e bastas vezes desmentido) "determinismo histórico", o qual impõe uma «autocoisificação do Homem» (Jürgen Habermas), talvez inconsciente, mas apresentada como a única e necessária acção racional.
É essa a realidade presente da civilização ocidental, na versão apodrecida a que os abortistas nos querem fazer aderir: uma «sociedade totalitária de base racional» (Herbert Marcuse), tanto mais traiçoeira quanto a manutenção da dominação se esconde pela utilização mediática e massiva de argumentos decorrentes de imperativos técnicos, científicos e estatísticos – os únicos que por eles são admissíveis e perante os quais deve tudo o mais ceder! Mas é também um «condicionamento da Liberdade» consequência da vontade de alguns nos conduzirem à «redefinição dos comportamentos humanos» (Paulo Otero) procurando impor soluções legislativas que, proporcionando a subversão da tradicional distinção entre pessoa e coisa, se tornam instrumentos de negação da humanidade do Homem. O representante, o legislador, o decisor não age livremente, pois que a sua decisão é já condicionada pela "revelação" apresentada pelo corpo tecnocrático da Nação: decidir em sentido diverso, ainda que fundamentadamente, é tratado pela "inteligentzia tecnocrática progressista" ao nível de moderna "heresia", a qual só pode ser debelado através da sempre reparadora "fogueira" da censura da "political correctness"!
Este é um cenário da "Democracia sem valores", onde, em nome de uma modernidade desumanizante, se pretendem impor soluções legislativas que favorecem "rédea solta" aos impulsos, à tentativa de relativização do humano e ao domínio absoluto sobre a Natureza e o Homem.
Resta, pois, resistir!
Aos cidadãos do presente, pelo Presente, pede-se que saibam que há assuntos que não podem ser usadas como instrumentos de táctica. E aos cidadãos do presente, pelo Futuro, exige-se que – com acrescido sentido de responsabilidade – assumam como suas as tarefas de impor e exigir elevados padrões e limites éticos à acção do Estado.
Neste momento em que se pretende vender o aborto como um sinal de modernidade, mas principalmente porque estou de luto pela morte da minha avó – e uma avó é duas vezes mãe –, mais do que condenar os pretensos “modernos”, prefiro louvar os que ousam continuar a tradição do amor das mães, do carinho das mães, da dedicação sem limites das mães. Deixo, assim, um poema de Lopes Morgado, aqui dedicado a todas as mulheres. A todas! Às que podem e às que não podem ser mães… às que querem ser mães e às que ainda não descobriram o carácter ilimitado do Amor de serão capazes enquanto mães… e às que já são mães.
Mesmo que a noite esteja escura,
Ou por isso,
Quero acender a minha estrela.
Mesmo que o mar esteja morto,
Ou por isso,
Quero enfunar a minha vela.
Mesmo que a vida esteja nua,
Ou por isso,
Quero vestir-lhe o meu poema.
Só porque tu existes,
Vale a pena!
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