segunda-feira, outubro 23, 2006

Quanto vai custar?

Na já aqui mencionada entrevista que o Bastonário da Ordem dos Médicos hoje concede ao Público e à Rádio Renascença, uma passagem existe que me chama a atenção, nomeadamente quando refere a jornalista: "O ministro da Saúde acusa os médicos de não cumprirem a actual lei da IVG. E para que os abortos ao abrigo da lei possam ser feitos, admite recorrer a clínicas privadas, como a clínica Los Arcos que vai abrir em Portugal..."
A dado momento da resposta, lê-se como segue: "(...) É lamentável que num país onde a meio do ano já não há pílulas para distribuir nos centros de saúde, onde o preservativo se paga ao preço de mercado (...) se esteja a pensar fazer convenções para praticar abortos em clínicas privadas. Isto quando para fazer operações a cataratas não há convenções, quando para operar doentes com varizes não há convenções. Se não fosse grave era de um ridículo atroz."
Ora, aqui chegados convido quem nos lê a pensar por uns minutos sobre uma das vertentes deste macabro negócio do aborto: a do negócio privado. Na verdade, não deixará de ser curioso verificar que no mesmo dia em que a Assembleia da República aprovava um novo referendo sobre a liberalização do aborto a pedido, a responsável de uma das principais clínicas espanholas que se dedicam ao métier (e que, julgo, busca o lucro, não sendo nisso diferente de qualquer outra empresa), se desdobrava em entrevistas afirmando já ter espaço físico em Lisboa para assim internacionalizar o negócio dotando-o de maior eficácia.
Creio ser já hoje claro para todos que, em caso de vitória da liberalização do aborto, quem mais ganhará com tal opção são as muitas clínicas privadas estrangeiras que por cá terão oportunidade de se instalar, tirando assim partido da vontade abortista da actual maioria parlamentar e beneficiando, para mais (e sobretudo), de convenções a estabelecer com o Ministério da Saúde cujo custo nos será evidentemente endossado a cada ano que passe, por via orçamental.
Haverá lugar a que tenhamos alguma esperança de ver o senhor Ministro falar claramente sobre isto aos contribuintes portugueses antes do referendo? De preferência com as continhas todas bem explicadas…?