quinta-feira, setembro 10, 2009

Um negócio em expansão: abortos dispararam nos primeiros dias deste mês

Clínica dos Arcos fez nos primeiros quatro dias de Setembro 144 interrupções. Uma média de 36 por dia, muito superior ao resto do ano. Férias e crise levam mulheres a adiar intervenção.
Nos primeiros quatro dias deste mês, foram realizados 144 abortos na Clínica dos Arcos, em Lisboa, quase o dobro da média diária do resto do ano. Nos últimos oito meses fizeram-se naquela clínica uma média de 23 interrupções voluntárias da gravidez (IVG) por dia, enquanto Setembro está já a registar 36.
Para a directora clínica, Yolanda Hernández, a explicação está no período de férias, conjugado com a difícil situação económica dos portugueses. "Com a crise não há dinheiro para tudo. As mulheres optam por ir de férias primeiro", conclui, acrescentando: "Estamos a notar nestes últimos dias um acréscimo acentuado no número de mulheres que nos procuram. E acreditamos que a tendência se mantenha durante o resto do mês."
Duarte Vilar, director da Associação para o Planeamento da Família, também considera que as mulheres tendem a adiar este processo", em épocas difíceis.
A junção de um ano de crise com as férias levou, aliás, a que, pela primeira vez, o número de abortos em Agosto tenha diminuído dois por cento em relação ao ano passado.
De resto, em todos os outros meses de 2009 verificou-se um aumento de IVG. Situação que garante Duarte Vilar está também associada à crise económica. "A possibilidade de mais um filho é uma questão muito delicada, principalmente em épocas com mais desempregados e em famílias com baixo rendimento familiar."

Mais 678 abortos!

A Clínica dos Arcos registou 4183 abortos até final de Agosto, mais 678 do que nos primeiros oito meses de 2008, o que representa um crescimento na ordem dos 16%.
Também no Hospital Amadora--Sintra se tem verificado um aumento significativo de mulheres na consulta de ginecologia para realizarem aborto: 1200 desde Janeiro, numa média de 150 por mês - todas elas encaminhadas para a Clínica dos Arcos, uma vez que 82% dos médicos deste hospital são objectores de consciência. Estes números reflectem um aumento de 20% em relação ao mesmo período do ano passado.
O aumento de abortos é também visível pelo número de mulheres encaminhadas dos hospitais públicos para a Clínica dos Arcos (a única privada com protocolo com o estado), passou de 2398 nos primeiros oito meses de 2008, para 3118 no mesmo período deste ano (mais 720 mulheres). O envio para os Arcos obriga as unidades de saúde públicas a gastar mais. É que um aborto químico na clínica custa 400 euros, enquanto os hospitais públicos recebem 341 euros do Estado para realizarem um aborto pelo mesmo método - menos 59 euros. Se a intervenção for cirúrgica custa na clínica privada 475 euros. Já o Estado paga 444 euros (menos 31 euros). "É evidente que ficamos a perder em enviar as mulheres para o privado", refere fonte do Hospital Amadora-Sintra.
(FONTE)

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