segunda-feira, dezembro 22, 2008

NATALidade

(por Manuel Brás)

O Natal desperta, na Europa, sentimentos contraditórios.
A uns enche-os de alegria, quase patética, que é incompreensível para outros.
Tudo isto, apesar dos enormes esforços “institucionais” para regulamentar e confinar a alegria e a convicção ao reduto da intimidade.
A outros aborrece-os - como eu os compreendo - ao ponto de que a única solução para tentar esquecer é refugiar-se em mil e uma coisas.
Há sempre aqueles para quem o nascimento de Alguém é incómodo, senão mesmo uma provocação existencial. A história vem de longe.
Esse aborrecimento existencial de meia Europa é o mesmo que tem determinado, desde há várias décadas, o seu declínio demográfico. A natalidade e a maternidade tornaram-se social e politicamente mal vistas, ao ponto de serem consideradas, por certa mentalidade dominante, verdadeiras doenças a evitar ao máximo. Essa meia Europa, digamos assim, convenceu-se das piores coisas sobre o Natal e a natalidade, que são inseparáveis. O nihilismo com que olha para um é o mesmo com que olha para outro.
Daí que alguns pretendam proibir, de forma mais ou menos habilidosa, mas com a mais boçal intolerância, todas as referências e sinais religiosos na vida pública e social.
A rejeição do Natal leva à rejeição da natalidade. A aceitação do Natal leva à aceitação da natalidade.
Bom Natal a todos!