quarta-feira, janeiro 31, 2007

VOTO «NÃO»

(do blogue REXISTIR):

No referendo do aborto, vou votar «NÃO».
Em primeiro lugar (e sobretudo), porque detesto esta nossa maneira de ser que, incapaz de assumir, enfrentar e resolver os problemas, se desculpa sistematicamente com a lei. A lei espanhola não é igual à actual lei portuguesa? Então por que razão os defensores do «SIM» estão sempre a dar a Espanha como exemplo? Se a lei é a mesma (o que é crime em Portugal é crime em Espanha e vice-versa), forçoso será concluir que o que se tem de mudar não é a lei, mas as pessoas. Consequentemente, o referendo devia propor não a mudança da lei, mas a substituição dos portugueses pelos espanhóis.
Em segundo lugar, porque considero mais grave, em termos de conduta, uma mulher fazer um aborto, sem qualquer justificação, do que um jovem andar de scooter sem carta, um espectador chamar «filho da mãe» ao árbitro ou um automobilista matar uma lebre na estrada. E se, em Portugal, tudo isto é crime (somos, aliás, um país de criminosos porque qualquer um de nós já cometeu algum destes crimes, mesmo que não tenha sido apanhado e julgado por eles), não compreendo como «fazer um aborto, apenas porque me apetece», pode deixar de o ser. E tem alguma lógica a mulher poder abortar livremente até às dez semanas e ser julgada e condenada se o fizer às dez semanas e um dia? Ou seja, para os defensores do «Sim», a vida começa às dez semanas e um dia… Milagre!
Em terceiro lugar, porque considero escandaloso que este Governo queira transformar o aborto no único método anticonceptivo comparticipado pelo Estado. O Estado não tem dinheiro para os doentes, para os métodos anticonceptivos, para o apoio à maternidade, mas para pagar os abortos já vai ter… Não tem dinheiro para apoiar as pequenas e médias empresas, mas para financiar as clínicas de abortos já vai ter…. É uma vergonha!