sexta-feira, dezembro 29, 2006

O regime da tirania

Se uma efémera maioria assim o ditar, terás finalmente o desejado poder absoluto sobre o teu corpo! No segredo de uma nova clandestinidade e durante dez semanas, nem mais nem menos, ninguém ousará interferir com essa vontade soberana, podes dar à luz ou matar, para os outros será indiferente, a decisão cabe-te.
No primeiro momento, a glória de uma conquista encherá de esplendor a tua fronte, a terra há-de parecer pequena para tamanho poder, será porém bem curto o teu êxtase.
Porquê?!
Não se decreta a morte impunemente. Ninguém se atreve sozinho, sem dividir essa decisão com outrem, nem que seja com o remorso do pecado ou com o álibi do crime!
Mas assim, no isolamento obrigatório de uma só consciência, esse poder já não é absoluto, passou a ser tirânico e como tal sofrerá as consequências que o futuro reserva aos tiranos.
A sombra dos que não nasceram e a vigília dos sobreviventes eternamente gratos, tudo isso há-de pesar como chumbo nos teus ombros frágeis, e traçará um destino. Sempre pronto a realizar-se, à mínima falha, ao menor sinal de fraqueza.
“Quem com ferro mata, com ferro morre”, ditado antigo.
Um presente envenenado para quem não o pediu!

1 Comentários:

Blogger takitali escreveu...

Mais um postal clarividente e brilhante.
Como seu leitor habitual e com a devida vénia, transcrevo parte de um comentário de sua autoria no - Interregno
.
... « porque a questão das questões centra-se num falso e frágil 'endeusamento' da mulher e nas suas consequências, que antevejo trágicas, não apenas para a mulher que entretanto deixará de ser Mãe, passando à condição de reprodutora tirânica! Qualidade ou condição que ela nunca pediu, nem quer.
Porque o plano maquiavélico é outro, a mulher aqui é apenas instrumento. »

Parabéns e um abraço.

12/30/2006 11:16:00 da tarde  

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