quarta-feira, maio 14, 2014

A ESCRAVIDÃO E O ABORTO

O texto, que segue, é muito curto. Compu-lo em resposta a uma notícia publicada no 'FB', vinda de Espanha.


A relação entre escravidão e aborto limita-se ao facto de terem uma mesma estrema: a que separa o bem do mal. Não aceito outra semelhança fora desta.

Levado por aquele comentário, passei para outra página onde vinham os cinco pontos afins entre escravidão e aborto. Não estão mal apresentados e provavelmente mais haverá para quem procure com capacidade de análise. Eu não perco tempo a fazê-lo, porque me basta o que posso juntar àqueles pontos e que aqui vão:
  1. O escravo, se tiver sorte, pode fugir ao amo. E o feto?
  2. O escravo, se é valente, pode reagir ao amo. E o feto?
  3. Ao escravo, tira-se-lhe a dignidade de pessoa humana. Ao feto, tira-se-lhe a vida, suporte daquela dignidade!
  4. A triste condição do escravo impressiona o vulgacho, sempre mais sensível ao que se vê: sai na comunicação social, é de bom tom falar nisso. O feto jaz envolto em silêncio, é o grande olvidado!
  5. As cartas paulinas, conhecedoras de uma realidade sociológica insuperável na época,  recomendam ao servo que respeite o seu senhor, e a este que trate bem o escravo (1). Como é possível exortar o feto a ser dócil a quem o mata, ou pedir ao assassino que seja afectuoso com a sua vítima? Nunca a Igreja contemporizou com o crime do aborto, porque no dia em que o fizesse, já não seria Igreja!

A coincidência de que sejam cinco os pontos que enuncio, esta coincidência, repito, resulta por mera casualidade. Não tem outro propósito, até porque se trata de um tema sobre o qual, ou fixamos o seu fundamento imutável, ou entramos num sem-fim de razões.
   
Na minha opinião, pois, o aborto é muito mais pecaminoso do que a escravidão.
 
Adaptando a luminosa máxima do requeté, que nos anime a esperança de que cada feto abortado, diante de Deus, não será um santo anónimo!
 

 Joaquim Maria Cymbron
 
__________________________
    1. Ef. 6, 5 e ss.; Col. 3, 22; Tit. 2, 9; 1 Ped. 2, 18 e s.
 
JMC

7 Comentários:

Blogger VERITATIS escreveu...

A comparação parte do princípio que a escravatura é necessariamente má e pecaminosa, o que não é verdade segundo a Moral Católica. Justifico:

1) A Igreja nunca condenou a escravatura enquanto tal. A Igreja apenas condenou alguns abusos ocorridos durante a escravatura, nomeadamente no século XIX, século do Liberalismo.

2) Na Sagrada Escritura encontramos alguns exemplo de sã escravatura, como é o caso de Agar, escrava de Abraão.

3) Nossa Senhora não pecou quando disse: "Eis a escrava do Senhor".

Quero também realçar que não faz sentido defender a escravatura fora do contexto católico. Ou seja, não faz sentido defender hoje a escravatura, visto que vivemos numa realidade anti-católica.

5/15/2014 05:40:00 da tarde  
Blogger anónimo escreveu...

Pois... eu concordo com o que disse o Reaccionário.

Embora exista um documento Papal que condene a escravatura, tal documento é isolado e parece ir contra as bulas anteriores que incentivaram o comércio dos escravos africanos (o chamado "resgate dos escravos") etc etc ...

Será que o documento Papal em causa está contra o que ordináriamente a Igreja sempre disse!? Não, porque o conceito de "escravatura" no séc. XIX estava deturpado e associado a maus tratos. A escravatura tinha-se convertido numa vergonha e, por outro lado, não se justificava já com verdadeiro benefício a clássica escravatura usada pelos cristãos como forma de integrar as várias gerações de escravos.

Hoje seria difícil de entender o conceito de integração de colónias africanas não católicas numa sociedade hierarquizada e de costumes definidos. A outra dificuldade é o de entendermos hoje o conceito de propriedade e direito a ela! Etc...

5/15/2014 06:54:00 da tarde  
Blogger Joaquim M.ª Cymbron escreveu...

O que a gente aprende com quem sabe. Nada mau!

Graças ao Reaccionário, fiquei a saber que a Sagrada Escritura nos oferece um exemplo de sã escravatura. Pena foi que não tivesse invocado a união de Abraão e Sara, irmãos consanguíneos, para justificar o incesto (Gn. 10 e ss.).

Registei também, com muito prazer, a resposta de Maria Santíssima à Anunciação do Anjo. Doravante, vou ter dificuldade em não conseguir olhar a relação criatura --- Divindade no mesmo plano da que se estabelece entre duas criaturas. Deus me ajude!

Porque será que não falou do divórcio, o qual chegou a ser consentido por Moisés (Mt. 6; ib. 19, 3 e ss.). Lamento a omissão!

5/16/2014 04:19:00 da tarde  
Blogger anónimo escreveu...

Senhor Joaquim Cymbron,

1 - O seu segundo "argumento" é anulado pelo princípio que usou no primeiro e terceiro. Demonstração:

Diz: "Registei também, com muito prazer, a resposta de Maria Santíssima à Anunciação do Anjo. Doravante, vou ter dificuldade em não conseguir olhar a relação criatura --- Divindade no mesmo plano da que se estabelece entre duas criaturas. Deus me ajude!"

Tomando a posição irónica de mostrar que haverá na Sagrada Escritura coisas que não se apliquem, digamos assim, este seu parágrafo anula-se então com os outros dois parágrafos, que fazem da Sagrada Escritura a base argumentativa.

Portanto... decida-se, ou explique-se, sff.


2 - Aqui tem um documento a este respeito, e se não for suficiente, bastará avisar-me:

http://ascendensblog.blogspot.pt/2012/11/contra-mitificada-escravatura-da-seita.html

ao fundo do artigo há onde clicar para continuar. Poderá assim ler a obra toda.


Cumprimentos.

5/16/2014 05:41:00 da tarde  
Blogger Joaquim M.ª Cymbron escreveu...

Só respondo ao 4.º comentário porque o público leitor deste espaço digital me merece respeito. De resto, como poderia ser de outro modo, quando não sei com quem me debato.

"Ascendens Ascendens" tanto pode ser uma pessoa singular como um grupo. Tendo eu sido tratado por 'senhor', manda a civilidade que retribuísse o cumprimento. Mas, repito, não sei a identidade de quem se me dirige. E, em temas desta natureza, não falo a quem usa pseudónimos.

É pena que "Ascendens Ascendens" não extraísse a ilação que impunha o meu comentário anterior: nele é visível que só replico ao comentário de "Reaccionário". Para quem quiser entender, isso tem um significado forçoso.

Se é verdade que desconheço a identidade de "Ascendens Ascendens", o estilo usado no seu comentário é-me familiar. Os seus cultores deixam transparecer o gostinho por uma dialéctica pobre, confusa e em que se comprazem em polemizar com eles próprios. Aos que escolhem para opositores, formulam processos de intenções que só existem na perturbada mente deles, gozando assim uma sensação de vitória na ilusão que os conforta de terem atingido cumes sublimes. E parece que nem dão conta dos raciocínios que desenvolvem, numa argumentação formal que é de fazer chorar as pedras da calçada. Talvez por ignorarem o que são as regras do pensamento. E quanto ao seu valor substancial, ainda menos é para ser levado a sério porque àquele que discute consigo mesmo, todos os resultados são permitidos.

Pode "Ascendens Ascendens" acumular os comentários que nenhuma resposta minha receberá. No entanto, uma vez que a sua eloquente mudez lógica me esmagou, se alguém entendeu o que ele terá pretendido e quiser ter a caridade de mo explicar, será com o maior gosto que tentarei corrigir o que estiver errado.

5/17/2014 02:34:00 da manhã  
Blogger anónimo escreveu...

Caro senhor,

1 - Identidade: As contas "Pai Natal", "Manuel Almeida", "Ascendens", " Joaquim M.ª Cymbron", quanto à forma como publicamente se apresentam, não garantem nem representam minimamente a identidade dos seus usuários (socialmente são todas anónimas por mais humanizadas que se façam, com nomes de pessoas e fotografias).

2 - Situação "ad hominem": o erro lógico "ad hominem" tenta fazer crer que o valor do argumento apresentado dependerá das características de quem o apresentar. Entre católicos o "ad homenim" é tolerado por ignorância o descuido, mas está fora do pensamento católico, não é moral. Nós, católicos, somos sobre tudo, os defensores da Verdade; sabemos que tanto é justo o acto de justiça do pastor como o acto de justiça do Rei!

O senhor, seja lá quem esteja a usar essa conta, se é católico, não pode subjugar a argumentação às identidades. Mas, neste caso, nem isso fez, porque limitou-se a usar a desculpa da "identidade" para NÃO dar repostas!

Assim ficamos ...



5/17/2014 04:05:00 da tarde  
Blogger Joaquim M.ª Cymbron escreveu...

Aos que frequentam este espaço, na qualidade de contribuidores, --- e é o meu caso, porque para isso fui convidado e associado ---e àqueles que aqui vêm de boa fé, porque têm a porta aberta por vontade dos administradores deste blogue, deixo a hiperligação para um texto que poderá explicar a razão pela qual existem pessoas como o subido teólogo e filósofo que, por aqui, vem derramando os tesouros abundantes da sua imensa sabedoria.

Podeis crer que ele forma nas hostes contra as quais ali são dirigidas as minhas palavras.

Julgai por vós mesmos! Eu não voltarei a gastar cera com ruim defunto.

http://legitimismo.blogspot.pt/2014/06/fidelidade-e-esperanca_6.html

6/06/2014 04:33:00 da tarde  

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