sexta-feira, junho 25, 2010

Portugal e o futuro

por João César das Neves

Acaba de ser divulgado o último relatório da Fundação Richard Zwentzerg, instituto internacional dedicado aos estudos lusitanos. Como sempre, o texto só é acessível através do DN e não deve ser procurado por outros meios. Desta vez, o tema é o grau de sustentabilidade do desenvolvimento português. Seguem-se extractos relevantes do texto.
"Uma questão inicial que alguns espíritos mesquinhos colocam é a de saber como pode analisar-se o grau de sustentabilidade do desenvolvimento de um país que não está em desenvolvimento. A maioria dos analistas não liga a este pormenor, mas em nome do rigor devemos então dizer que o relatório considera a sustentabilidade do desenvolvimento que Portugal teria se estivesse em desenvolvimento.
"Uma outra questão prévia tem a ver com o facto de, dado o número de óbitos ser maior que o de nascimentos, o país não só não está em desenvolvimento como se encontra em vias de extinção. Durante uns anos, isto foi disfarçado pela forte imigração, mas ultimamente o fenómeno inverteu-se, e não só a atracção de estrangeiros se esfumou como começou uma intensa e acelerada emigração. Dado a taxa de fertilidade ser a mais baixa da Europa Ocidental e das mais baixa do mundo, um dos nossos especialistas afirmou mesmo que, em vez de um relatório de sustentabilidade, o que Portugal precisa é de uma comissão liquidatária.
"Isto seria suficiente para criar enorme preocupação, ou até depressão e pânico na maior parte dos países civilizados. O mais curioso é que a sociedade portuguesa se mantém alheia a estas questões decisivas, que não preocupam minimamente os indígenas. Estes encontram-se envolvidos em enormes debates acerca de comboios, escutas, futebol e homossexuais. Pode dizer-se que o melhor factor de sustentabilidade em Portugal é a inconsciência.
"Passando à análise concretas das políticas de sustentabilidade, os nossos peritos constataram com surpresa e prazer a profusão, profundidade e qualidade dessas intervenções em Portugal. O país tem regulamentos, portarias, decretos e requisitos que condicionam, promovem e orientam todas as dimensões de sustentabilidade que constam dos nossos manuais do tema, e até algumas em que nem tínhamos pensado. Além disso, cada um desses articulados dispõe de um pequeno exército de fiscais que inspecciona, espiolha, julga e pune os cidadãos, com vigor e exuberância. Pode não haver desenvolvimento, mas há uma imposição esmagadora das regras de sustentabilidade.
"Claro que, no meio de tanta actividade, não pode pedir-se coerência entre essas medidas. É verdade que as exigências de equilíbrio ambiental chocam com os direitos dos trabalhadores, a defesa do consumidor impede a emancipação da mulher e a biodiversidade, a eficiência energética perturba a promoção da produtividade e da justiça social, o desenvolvimento da cultura e a defesa do património bloqueiam o combate à obesidade, tabagismo, desertificação e absentismo. Com tantas restrições e exigências, é fácil de ver que a única hipótese que a sustentabilidade permite é o desenvolvimento nulo. E tem sido precisamente no sentido desse vácuo que a política nacional se tem orientado nos últimos anos.
"Os sinais de contradição são miríade. Portugal é campeão de energias renováveis mas os custos, mesmos disfarçados, mostram porque é que mais ninguém quer tê-las. Multa-se o corte de sobreiros, mas subsidiam-se os abortos. Dificultam-se os despedimentos e facilita-se o divórcio. Perseguem--se fumadores e excesso de velocidade, mas promove-se pornografia e promiscuidade. Profissionais, com formação que custou milhões e ainda mais 20 anos de vida útil, reformam-se no pleno das capacidades. Os portugueses têm muito cuidado com o que metem nos pulmões e no estômago, mas não ligam ao que metem no cérebro.
"Este relatório dá nota máxima a Portugal em todos os requisitos de sustentabilidade. Não pode exigir-se mais de um país que até dá lições a outros mais ricos. Seguindo este caminho, Portugal não tem futuro. Mas, enquanto existir, é exemplo para o mundo."

sexta-feira, junho 18, 2010

Portugal sem portugueses

"Senti-me verdadeiramente alarmado com a notícia de que serão encerradas, em Setembro, as primeiras 500 escolas (de um total de 2.500) com menos de 20 alunos. Estando Portugal a braços com a desertificação do interior e uma baixa natalidade, trata-se de uma medida que, na realidade, vai empurrar ainda mais para os grandes centros urbanos os poucos cidadãos nacionais ainda em idade ‘fértil’, uma vez que será o único garante de que os seus filhos terão direito a uma educação condigna. Pior, pode ser que os poucos casais em idade fértil que tenham, até agora, optado por permanecer no Portugal profundo optem pura e simplesmente por não ter filhos!
Não estando já contente com a quase inexistência de apoios à natalidade, o nosso governo, subsidiando o aborto e fechando escolas, creches e maternidades acaba por incentivar a sua população a não se reproduzir!
Mas não se trata somente de deixar desamparada a juventude, afastando-a das escolas, despromovendo a natalidade, às jovens que quiserem abortar o Estado paga – mas às que quiserem ter os filhos, o Estado abandona-as à sua sorte com as despesas de tal opção bem como aos casais em idade fértil que queiram permanecer no interior do país, não: encerrando de igual modo centros de saúde no interior – note-se o vergonhoso caso de Valença em que os locais, em desespero de causa, ondearam um milhar de bandeiras espanholas em protesto pelo encerramento do centro de saúde local, começando a frequentar as instalações médicas do outro lado da fronteira, em Espanha – acabam por obrigar também a população sénior a deslocar-se para os grandes centros populacionais, para as capitais de distrito, ou a morrerem sós e esquecidos nas aldeias do interior!
Em reacção a esta última medida, no seu blogue pessoal, o cientista político Adelino Maltez reagiu com a seguinte afirmação: “A fronteira com Espanha recuou para Setúbal”.
Se é certo que todos os países europeus se deparam com uma crise de natalidade, também é certo que os vários governos da União estão a criar incentivos à natalidade. Portugal aparenta ser um caso único no que diz respeito ao desejo, masoquista, dos seus governantes em deixar de existir…
Aqui, contudo, tenho que realçar um ponto, a meu ver muito relevante dum ponto de vista identitário: os Açores lideram na taxa de natalidade portuguesa! O mesmo sucede na Madeira!
Não sei se inspirado pelos aparentes bons resultados dos governos de Carlos César e de Alberto João Jardim – pelo menos nas políticas da natalidade e da segurança pública, se indignados pelo abandono a que “os cubanos de Lisboa” estão a relegar o interior do país, surgiu esta semana um curioso Partido do Norte, partido assumidamente regionalista – embora tal seja proibido pela Constituição da República Portuguesa. À sua frente encontra-se, surpreendentemente, Pedro Baptista… ex-deputado do PS!
Nos Açores renovou-se também, muito recentemente, o veterano Partido Democrático do Atlântico. O Partido Popular Monárquico, actualmente liderado a nível nacional por Paulo Estêvão, deputado do PPM na Assembleia Regional, tem vindo também a defender uma série de iniciativas nitidamente regionalistas.
Tudo isto denota que paira no ar um certo instinto de sobrevivência. Quanto mais ruinosa for a gestão do governo central, maior será a proliferação de novos movimentos, partidos e inclinações regionalistas, tanto à direita como à esquerda, quer autónomas quer em correntes internas dentro dos partidos já existentes.
E se é certo que a nível estatístico ou meramente de descontos para a Segurança Social e pagamento de impostos se pode compensar a ausência de portugueses, açorianos e madeirenses “de gema” por intermédio da importação de mão-de-obra imigrante devidamente legalizada, num nível mais realista estaríamos a abdicar da nossa identidade, uma vez que findo o Império são raros os imigrantes lusófonos entre nós que se consideram portugueses, embora me aqueça o coração sempre que encontro alguma regra a esta excepção."

Flávio Gonçalves (publicado no diário Incentivo, da cidade da Horta)

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domingo, junho 13, 2010

Avortement : et si les Afro-américains étaient plus lucides que les Européens ?

Le 3 mars dernier, le Comité protestant évangélique pour la dignité humaine rendait public un rapport sur « L’avortement en Europe en 2010 » présenté au Parlement Européen par l’Institut de politique familiale. Les lecteurs de ce dossier y découvraient des chiffres de nature à glacer d’effroi.
Ainsi, 20.635.919 enfants ont été tués dans le ventre de leur mère au cours des quinze dernières années dans l’Union européenne des vingt-sept. Cela équivaut à la somme des populations roumaines et hollandaises, ou à la somme des populations des neuf pays suivants : Danemark, Irlande, Slovénie, Estonie, Lituanie, Lettonie, Malte, Luxembourg et Chypre. En 2008, dernière année pour laquelle on dispose de la totalité des statistiques, plus d’un million deux cent mille avortements (1.207.646) ont été enregistrés dans l’Union européenne et ce chiffre monte à près de deux millions neuf cent mille (2.863.649) si on prend en compte les pays d’Europe non membres de l’UE.
Si les mouvements pro-vie se désolent de ces chiffres, ils axent cependant la totalité de leurs campagnes médiatiques sur des thèmes liés aux choix philosophiques ou religieux de leurs animateurs. Peu nombreux, et peu écoutés, sont ceux qui, en Europe, osent déclarer que l’avortement n’est pas que le meurtre d’un enfant à naître mais qu’il est aussi un ethnocide, une forme d’épuration ethnique du peuple européen. Il est vrai que pour tenir de tels propos, il faudrait avoir le courage de braver le politiquement correct, un courage que n’ont que très rarement les amis BCBG de Christine Boutin.
Aux États-Unis, des hommes politiques connus et reconnus, n’ont pas de telles pudeurs et certains vont jusqu’à parler de « génocide de leur race ». Le fait que ces élus soient, très majoritairement, des Afro-américains leur permet sans doute de bénéficier d’un préjugé favorable et de ne pas être dénoncés comme d’ignobles racistes. Pourtant, leurs déclarations sont tout sauf modérées. Très récemment Trent Franks, représentant républicain de l’Arizona au Congrès, n’a pas hésité à dénoncer devant les médias le nombre très élevé d’avortements au sein de la communauté noire des USA en déclarant que « la situation des Afro-Américains est pire aujourd’hui qu’elle ne l’était au temps de l’esclavage (…) car la moitié des enfants noirs sont avortés. Les politiques favorables à l’avortement d’aujourd’hui dévastent une partie beaucoup plus importante de la communauté afro-américaine que ne l’ont fait les politiques liées à l’esclavage ». En Géorgie, c’est Catherine Davis, dirigeante de l’organisation pro-life Georgia Right to Life, qui lui a fait écho en mettant en avant le fait que dans cet État « sur les 35 000 femmes qui se sont fait avorter en 2008, 21 000 étaient noires ». Pour faire bonne mesure elle a ajouté : « Mon peuple se meurt, et personne ne s’en soucie » et financé une campagne d’affichage mural où sur des panneaux géant figurait le visage d’un enfant noir accompagnée de la phrase « Les enfants noirs sont une espèce menacée ».
Et ce n’est pas tout, en 2009, un documentaire intitulé « Le génocide noir dans l’Amérique du 21e siècle » (Black Genocide in 21st Century America) a fait un tabac sur les chaînes télévisées afro-américaines. Dénonçant dans la légalisation de l’avortement une manœuvre « pour détruire l’Amérique noire », ce film donne notamment la parole à Alveda King, la nièce du pasteur Martin Luther King. Elle qui a subi deux IVG, y dénonce « le racisme de l’avortement » et la propagande des associations favorables à l’IVG toutes « de gauche » et progressistes en déclarant : « Elles ne servent ni les pauvres, ni les Noirs, en prenant leur argent pour liquider leurs enfants ».
L’Europe, soumise à la même pression du lobby pro-avortement que la communauté noire américaine, est entrée dans un hiver démographique sans précédent. De nombreux pays, dont la France, n’assurent déjà plus le remplacement des générations et si leur population continue de croître ce n’est que du fait de l’immigration et de la natalité d’origine étrangère qui ne les renforce pas mais désagrège leur identité de l’intérieur. Or, et ceci joue pour la France comme pour l’Europe, on sait que la puissance géopolitique repose sur la puissance démographique . Quels que soient les atouts dont dispose un peuple, rien ne peut, au final, totalement compenser le nombre. L’histoire est formelle sur ce point : il n’est pas de nation en déclin démographique prolongé qui soit restée longtemps un acteur majeur de la scène historique.
Submergés par l’immigration des pays du Tiers monde, regardant leurs berceaux vides, les Européens feraient bien, avant qu’il ne soit trop tard, de s’inspirer de l’exemple des Afro-Américains et de dénoncer le « génocide de leur race » et d’agir enfin, de manière politique, pour que les enfants européens ne soient plus une espèce menacée.

(article de Lionel Placet)

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quinta-feira, junho 10, 2010

Portugueses estão a desaparecer

Portugal desceu abaixo dos cem mil nascimentos, o que acontece pela primeira vez. E morrem muitos mais.
Portugal registou menos de cem mil nascimentos em 2009, o que acontece pela primeira vez desde que há estatísticas, 1900. E aumenta o número de mortes. Isto significa que a população portuguesa pode desaparecer? "Há esse risco se não se inverter a tendência. E a taxa de natalidade vai baixar, ainda, mais em 2010 e 2011", diz o sociólogo Leston Bandeira.
As Estimativas da População de 2009, ontem divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), não surpreenderam Leston Bandeira, que há muito previa uma descida significativa da natalidade, dada a crise económica que se vive actualmente no País. "A taxa da natalidade é um indicador económico, em especial em países com pouca protecção social, como é o caso de Portugal. Há um certo declínio social, cuja consequência é o declínio demográfico", justifica.
O saldo natural da população portuguesa é negativo desde 2007 e a pequena diferença positiva registada em 2008 é considerada "acidental". "São variáveis puramente acidentais e culturais e só a médio prazo se podem tirar conclusões. Pela primeira vez, houve um saldo negativo em 2007, agravou-se em 2009 e será, igualmente, negativo em 2010 e em 2011", alerta o perito em demografia. Isto apesar do forte contributo dos imigrantes para a taxa de natalidade. E o saldo da população só é positivo porque entraram mais estrangeiros do que os portugueses que saíram o ano passado.
A diminuição de nascimentos foi mais abrupta em 2009 do que em anos anteriores, menos 5% relativamente a 2008. E o Índice de Fecundidade (crianças nascidas por mulheres em idade fértil) baixou de 1,37 para 1,32. Números ponderados, significa que a taxa de reprodução é de 0,644, quando o mínimo exigido para a substituição de gerações é de 1.
As gerações actuais são cada vez mais pequenas e têm cada vez menos filhos. "É um efeito em cadeia. A situação não se inverte com a criação de subsídios ou o aumento do número de dias da licença de maternidade, mas com medidas para a conciliação da vida familiar e profissional, menos desemprego, uma maior estabilidade laboral e o incentivo à participação dos homens. E o que acontece, actualmente, é que os jovens não têm emprego e as mulheres são despedidas por estarem grávidas", critica Leston Bandeira, professor do Instituto Superior das Ciências do Trabalho e da Empresa e coordenador do estudo do envelhecimento da população portuguesa desde 1950 (Instituto do Envelhecimento).
Portugal é um dos 27 países da UE mais envelhecido, já que se assiste a um duplo envelhecimento: nascem menos crianças e aumenta a esperança de vida à nascença. Existem 118 idosos por cada 100 jovens e os activos passaram de 67,1% da população (2008) para 66,9% (2009). A descida significativa do número de nascimentos poderá levar a que a UE reveja as projecções demográficas para o País, segundo o sociólogo. As projecções do Eurostat até 2035 indicam um crescimento moderado, o que se deve à imigração.

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